“Cicatritetura”: a onda agora é construir edifícios com “cicatrizes” na fachada

Em arranha-céus ao redor do mundo, cortes na fachada são a nova tendência arquitetônica

Crédito: Foster and Partners

Nate Berg 2 minutos de leitura

Com cortes dramáticos na fachada, um novo tipo de detalhe arquitetônico está remodelando a parte externa dos arranha-céus em todo o mundo. Fendas atravessam novos edifícios com uma espécie de intenção cirúrgica.

Entre eles, está o The Axiom, um prédio de escritórios de 49 andares recentemente concluído em Xangai, projetado pelo escritório de arquitetura Buro OS.

De um lado, parece ser uma torre retangular convencional até cerca da metade, onde a fachada recua abruptamente para criar uma breve reentrância de dois andares. O espaço criado se torna um grande “terraço panorâmico” que envolve o edifício. Uma segunda torre, ainda em construção, terá um recuo semelhante.

Em Nova York, o The Spiral é outro novo arranha-céu com espaços abertos esculpidos em suas bordas verticais.

Crédito: Laurian Ghinitoiu/ Bjarke Ingels Group

Projetado pelo Bjarke Ingels Group, o prédio de escritórios de 66 andares tem, como o nome sugere, uma espiral de recuos generosos ao redor, criando uma série de terraços ao ar livre, um por andar, todos com vistas panorâmicas e acesso a ar fresco e luz natural.

Bastante raros nos edifícios de Nova York, os terraços são ainda mais escassos em prédios de escritórios, que são conhecidos por suas janelas hermeticamente fechadas e má iluminação interna.

Um projeto anunciado recentemente em Hollywood, apelidado de The Star, multiplica esse conceito de espiral, com recortes circundando uma torre cilíndrica como uma cascata de flores.

Crédito: Foster and Partners

Projetado pelo escritório de arquitetura Foster and Partners, o edifício de US$ 1 bilhão contará com pátios externos com paisagismo exuberante, quatro por andar, que decoram a fachada de vidro. Quando concluído, será como uma torre envolvida por redemoinhos de pétalas coloridas.

Talvez o exemplo mais interessante deste tipo de tendência arquitetônica em arranha-céus seja o One River North, uma torre residencial de 16 andares em Denver, no Colorado, projetada pelo MAD Architects e com inauguração prevista para este ano.

Um corte em forma de “Y” na fachada de vidro parece ter sido feito por um cirurgião, revelando um interior que se assemelha aos ossos. Este espaço cria terraços ondulados ao ar livre para as unidades mais luxuosas do edifício (os aluguéis das maiores coberturas podem chegar a mais de US$ 10 mil).

Crédito: One River North

Três outros terraços podem ser utilizados por todos os moradores, assim como uma piscina e um deck no topo, que parece ser uma extensão horizontal do “corte de bisturi” na fachada. Cada espaço tem formato e tamanho únicos e os terraços recortados são um dos muitos atrativos.

Algumas dessas “cicatrizes” nesses prédios podem ser mais destacadas do que outras, mas todas elas exploram um interesse crescente em integrar espaços ao ar livre ao ambiente denso de um edifício alto.

No contexto residencial, servem como varandas interessantes. Nos prédios de escritórios, oferecem uma oportunidade para aqueles que desejam trabalhar em diferentes ambientes e espaços ao longo do dia.

Remover um pedaço da fachada para criar um espaço ao ar livre acolhedor pode parecer uma tendência arquitetônica radical.Mas esses projetos podem ser um sinal de que os arranha-céus deixarão de ser as torres monótonas de vidro que compõem os horizontes urbanos de hoje.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais