Com paredes mais finas, novas garrafas da Coca Cola usam menos plástico

A empresa ainda está usando muito plástico, mas redesenhar sua garrafa é um bom começo

Crédito: Coca-Cola

Elissaveta M. Brandon 3 minutos de leitura

A Coca-Cola Company está lançando três novos modelos de garrafas para suas bebidas Coca-Cola, Sprite, Fanta e Minute Maid. Embora cada uma dessas garrafas seja ligeiramente diferente, elas têm um denominador comum: todas são agora 2,5 gramas mais leves do que costumavam ser.

Há cerca de 10 anos, uma garrafa plástica de Coca-Cola pesava 27 gramas. Em 2023, ela passou a pesar 21 gramas. Agora, pesa 18,5 gramas – a mais leve de todos os tempos. A mudança na embalagem está em sintonia com a meta da empresa de reduzir a quantidade de plástico PET virgem que utiliza e, ao mesmo tempo, aumentar a quantidade de PET reciclado. 

A Coca-Cola ainda tem um longo caminho a percorrer. Em 2022, a empresa utilizou apenas 17% de PET reciclado em suas garrafas na América do Norte e tem como meta para este ano passar para algo entre 20% e 22%. Até 2030, o objetivo é chegar a 50% de conteúdo reciclado. A maior parte da produção da empresa ainda requer plástico virgem. 

Mas menos peso significa menos plástico, o que significa menos petróleo. E, embora meros 2,5 gramas por garrafa pareçam insignificantes por si só, o impacto aumenta muito quando lembramos que a Coca-Cola é a maior fabricante e distribuidora de bebidas do mundo.

Novas garrafas com novo design dos rótulos (Crédito: Coca-Cola)

A empresa estima que as novas garrafas, que (por enquanto) estão sendo lançadas apenas no mercado norte-americano, vão ajudar a empresa a reduzir a quantidade de CO2 que produz por ano em 81 mil toneladas. Isso equivale a tirar cerca de 17 mil carros das ruas. 

Estima-se que a transição para garrafas mais leves vai reduzir o uso de plástico novo em uma quantidade equivalente a 800 milhões de garrafas em 2025, em comparação com 2024.

O CAMINHO PARA UMA GARRAFA MAIS LEVE

A Coca-Cola vem trabalhando para tornar suas garrafas mais leves há quase uma década, cortando meio grama aqui, meio grama ali. O problema é que, quanto mais leve e mais fina a garrafa, mais rapidamente sua preciosa carbonatação escapa pelas paredes do recipiente. Como resultado, ao girar a tampa, pode ser que você ouça um suspiro chocho, em vez daquele chiado forte do gás. 

A bebida não vai perder o gás no instante em que a garrafa for feita com plástico mais fino. Isso acontece com o tempo. Alejandro Santamaria, diretor de desenvolvimento e inovação de embalagens globais da companhia, explica que cada garrafa tem um prazo de validade. Quanto mais tempo ela permanece fechada na prateleira, mais sem gás ela fica.

Isso significa que toda vez que a equipe reduz o peso da garrafa, está reduzindo seu prazo de validade e deixando os engarrafadores em polvorosa para passar por todas as etapas do processo de produção com tempo suficiente para que o refrigerante preserve sua carbonatação. 

Crédito: Coca-Cola

Nos anos anteriores, quando a equipe reduzia um grama da garrafa, reduzia o prazo de validade do refrigerante em cerca de uma semana. Agora, eles conseguiram cortar 2,5 gramas sem reduzir a vida útil do produto.

Para entender como eles conseguiram isso, é importante compreender o processo de produção de uma garrafa PET. Primeiro, uma máquina injeta resina derretida em um tubo de ensaio chamado de pré-forma.

Essa pré-forma acabará se transformando em uma garrafa, mas, nesse estágio, ela se parece com os tubos de ensaio oblongos que você pode encontrar em um laboratório. 

Essas pré-formas são enviadas aos engarrafadores, onde são colocadas em uma máquina que as aquece e depois as sopra, como balões, em moldes predefinidos. Por fim, eles se solidificam no formato desejado da garrafa.

cada garrafa tem um prazo de validade. Quanto mais tempo ela permanece fechada na prateleira, mais sem gás ela fica.

No passado, toda vez que a empresa tornava a garrafa mais leve, ela simplesmente reduzia a espessura da pré-forma. Dessa vez, a equipe alterou a forma real e a proporção da pré-forma.

Usando modelagem por computador, eles criaram dezenas de pré-formas digitais e simularam vários testes. Com base nas descobertas, construíram um protótipo de pré-forma usado para testes, para garantir que nem o sabor nem a carbonatação ficassem comprometidos

A empresa começou a lançar as novas garrafas em março e espera que o processo seja concluído até o final do ano. Santamaria diz que a equipe atingiu um novo patamar em termos de peso. Teoricamente, é possível fabricar uma garrafa mais leve e mais fina, mas isso exigiria a compressão da cadeia de suprimentos a um ponto que, atualmente, é inalcançável.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais