Este aquário no México parece que foi engolido pelo mar

O aquário de concreto desfaz os limites entre o oceano, a terra e as construções humanas

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

Nate Berg 3 minutos de leitura

Se o nível do oceano subir e tomar conta do novo Centro de Pesquisa do Mar de Cortez, na cidade mexicana de Mazatlán, seu verdadeiro propósito terá sido alcançado. O prédio é um audacioso e visualmente deslumbrante bunker de concreto que abriga um aquário único.

Localizado na costa oeste, do outro lado da ponta sul da península da Baixa Califórnia, ele foi projetado pelo escritório de arquitetura Tatiana Bilbao Estudio, com sede na Cidade do México.

A forma do edifício surgiu de um interessante experimento. Os designers o imaginaram como se ele fosse encontrado pela primeira vez no ano de 2289, após mais de um século submerso. As pessoas que o encontrassem nesse cenário hipotético não teriam uma ideia clara de qual seria sua função.

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

O prédio foi concebido como algo que tivesse sido absorvido pela natureza – sua forma sendo ditada mais pelos elementos naturais do que pelos arquitetos.

“Pensamos em um edifício onde a natureza tomaria conta do lugar”, conta Alba Cortés, diretora do projeto do Tatiana Bilbao Estudio. “Um prédio vivo.”

O aquário tem uma forma geométrica acentuada, com paredes lineares que se cruzam e emolduram grandes formas circulares, como em um jogo da velha. No interior, enormes tanques cheios de vida marinha são cercados pela escuridão, enquanto outros menores ficam abertos ao ar livre e aos elementos naturais.

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

Paredes se erguem acima do espaço. O concreto inacabado que compõe a vasta maioria do prédio parece ao mesmo tempo antigo e novo, lembrando vagamente pirâmides antigas.

O edifício de três níveis e 16,7 mil metros quadrados possui vários tanques gigantes para criaturas do fundo do mar e um tanque tubular que se eleva verticalmente por todo o espaço. Alguns ficam em céu aberto – o prédio é cortado por inúmeras claraboias e portais.

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

O design faz com que grande parte do espaço interno seja direta ou indiretamente exposta, permitindo que o clima úmido penetre e a vegetação cresça.

Os designers visitaram vários aquários ao redor do mundo para ver como funcionam esses edifícios únicos, incluindo alguns famosos em Chicago, Lisboa e Monterey.

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

O Centro aproxima os visitantes da vida marinha, mas também os incentiva a ver os humanos como não tão separados da natureza, seja no fundo do mar ou nos ecossistemas presentes até mesmo nas cidades mais densas.

O edifício é uma tentativa de reintegrar os humanos ao mundo natural. Enxergar o prédio como algo que foi engolido pelo mar e depois descoberto é uma analogia adequada para esse objetivo. “Ele nos mostra uma forma de coexistir neste mundo, já que a nossa existência está se tornando insustentável para o planeta”, destaca Cortés.

Crédito: Tatiana Bilbao Estudio

Desde que o projeto foi concluído, no final do ano passado, plantas já preencheram muitas de suas fendas e se espalharam pelos portais. Os arquitetos esperam que essa vegetação continue a crescer, desfazendo os limites entre construções humanas e natureza. À medida que o nível do mar aumenta, o limite entre terra e água também pode desaparecer.

“A natureza continuará a ‘invadir’ os espaços a tal ponto que, talvez, acabe como imaginamos desde o início: o mar o tomará completamente e, algum tempo depois, ele será redescoberto”, afirma Cortés.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais