Este tecido ultrafino consegue reduzir a temperatura do corpo em até 9ºC

Novo tecido foi projetado para combater o efeito das ilhas de calor em centros urbanos, refletindo tanto o calor do sol quanto o de ruas e prédios

Crédito: Tohamina/ Freepik

Kristin Toussaint 2 minutos de leitura

Quando uma onda de calor atinge uma cidade, as calçadas, ruas e prédios acabam tornando o ar ainda mais quente. Devido ao efeito de ilha de calor, essas estruturas absorvem e depois emitem de volta o calor do Sol, aumentando ainda mais as temperaturas.

Para se refrescar, as pessoas precisam se proteger da radiação solar e também do calor refletido do asfalto e do concreto. Um novo tecido, feito de plástico e nanofios de prata, faz exatamente isso e pode reduzir a temperatura do corpo em até 9º C.

Com o aumento das temperaturas do planeta, esse novo tecido pode proporcionar um alívio significativo. Ele utiliza um processo chamado resfriamento radiante, que descreve como os objetos esfriam ao irradiar energia térmica para seus arredores.

Tecidos de resfriamento radiante já existem, mas a maioria apenas reflete o calor do Sol. Eles “funcionam muito bem se você estiver em campo aberto, mas não na cidade”, diz Po-Chun Hsu, professor de engenharia molecular da Universidade de Chicago, cuja equipe publicou recentemente um artigo sobre o novo tecido na revista “Science”. 

O que esses outros tecidos não fazem é refletir o calor ambiente vindo da rua ou de um prédio próximo. O calor que vem diretamente dos raios solares e o calor emitido de uma rua que recebe luz direta do Sol não são iguais; o comprimento das ondas é diferente. Isso significa que o material precisa ter duas “propriedades ópticas” para refletir ambos.

Crédito: John Zich/ Universidade de Chicago

Para conseguir isso, os pesquisadores criaram um tecido de três camadas. A superior é feita de polimetilpenteno (PMP), um tipo de plástico muito usado em embalagens. Os pesquisadores tiveram que descobrir como transformá-lo em fibra.

A segunda camada é uma folha de nanofios de prata, que atua como um espelho para refletir a radiação infravermelha. Juntas, elas bloqueiam tanto a radiação solar quanto a radiação ambiente refletida das superfícies.

A terceira pode ser qualquer tecido convencional, como lã ou algodão. Embora haja várias camadas, a maior espessura vem do tecido convencional. A camada superior tem cerca de um centésimo de um fio de cabelo humano.

Em testes ao ar livre no estado do Arizona, nos EUA, o tecido permaneceu 2,3º C mais frio do que aqueles usados para esportes ao ar livre e 8,9º C mais frio do que a seda comum – um tecido respirável frequentemente usado em vestidos e camisas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o estresse térmico é a principal causa de mortes relacionadas ao clima.

Além de roupas, os pesquisadores dizem que ele pode ser usado em prédios, carros ou até mesmo para armazenamento e transporte de alimentos, para reduzir a necessidade de refrigeração, que tem um impacto climático significativo.

A equipe de Hsu está colaborando com outros pesquisadores para estudar como o novo tecido pode trazer benefícios à saúde para aqueles que se encontram em condições de calor extremo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o estresse térmico é a principal causa de mortes relacionadas ao clima. Altas temperaturas podem agravar problemas como doenças cardiovasculares e diabetes. Com ondas de calor cada vez mais frequentes e severas, o número de pessoas expostas e os potenciais riscos aumentam.

Os pesquisadores sabem que o novo tecido pode reduzir a temperatura do corpo, mas como isso se traduz em benefícios reais para a saúde pública? “Esta é a questão mais importante para avançarmos”, diz Hsu.


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais