Fãs de K-pop pelo mundo abraçam ativismo contra mudanças climáticas

O Kpop4Planet, um grupo ambiental fundado por fãs de K-pop, conseguiu que a Hyundai cancelasse um acordo de compra de alumínio com a Indonésia

Crédito: Soojung Do/ Kpop4Planet via AP

Victoria Milko 3 minutos de leitura

Fãs de bandas de K-pop ao redor do mundo estão cada vez mais usando sua vasta comunidade online para promover o ativismo climático e ambiental, protestando contra acordos comerciais e incentivando os artistas a falar sobre questões relacionadas ao clima.

Outros grupos de ativistas começaram a se unir ao Kpop4Planet, um grupo ambiental criado em 2021 por Nurul Sarifah e Dayeon Lee. Após o grupo pressionar a fabricante sul-coreana de automóveis Hyundai Motor, a empresa cancelou um acordo de compra de alumínio com a Indonésia.

A capacidade de organizar rapidamente um grupo grande e dedicado fez dos fãs de K-pop uma força online cada vez mais influente. Eles já participaram de vários protestos e promovem causas como o movimento Black Lives Matter.

“Percebi que os fãs de K-pop poderiam ser vistos como uma grande força”, diz Sarifah. “Acreditamos que podemos aproveitar todo esse poder para ajudar a combater as mudanças climáticas.”

Crédito: Kpop4Planet

Em 2021, a Korea Beyond Coal – uma coalizão de grupos civis que pede à Coreia do Sul que pare de usar energia proveniente da queima de carvão mineral – se juntou ao Kpop4Planet para conscientizar as pessoas sobre os planos para a construção de uma usina movida a carvão.

A usina está localizada perto da praia de Maengbang, que serviu de cenário para uma sessão de fotos para a capa de um single do BTS, o que tornou o local um destino popular entre os fãs da banda. Uma petição conjunta criada pelo Kpop4Planet e pelo Korea Beyond Coal reuniu milhares de assinaturas.

“O Kpop4Planet tem experiência em mobilizar e conectar pessoas e compartilhar informações usando as redes sociais... o que é muito útil quando se trata de campanhas climáticas”, afirma Euijin Kim, diretor de comunicação da Solutions for Our Climate, que faz parte do Korea Beyond Coal.

Embora a usina ainda esteja em construção, os dois grupos conseguiram conscientizar o público sobre os problemas ambientais causados pelo uso de carvão, de acordo com Lee.

O ativismo e a filantropia dos fãs de cultura pop coreana começaram na década de 1960. Agora, os fãs de K-pop organizam regularmente milhares de pessoas em plataformas de mídia social para comprar presentes para seus ídolos ou promover outras causas.

A petição do Kpop4Planet contra a Hyundai criticava um acordo da empresa para a compra de alumínio de projetos vinculados à energia proveniente da queima de carvão mineral na Indonésia.

O memorando de entendimento assinado em 2022 com uma subsidiária de uma das maiores mineradoras de carvão do país, a Adaro Energy Indonesia, permitia que a Hyundai comprasse alumínio de baixo carbono de um parque industrial que as autoridades indonésias classificam como “verde”.

A capacidade de organizar rapidamente um grupo grande e dedicado fez dos fãs de K-pop uma força cada vez mais influente.

No entanto, a fundição usada para produzir o alumínio será inicialmente alimentada por usinas de carvão recém-construídas. Energia hidrelétrica e solar devem alimentar o parque industrial posteriormente.

Dada a colaboração do BTS com a Hyundai, o Kpop4Planet viu uma oportunidade de usar sua influência. Em março de 2023, fizeram uma petição pedindo à montadora que se retirasse do projeto até que eliminasse o carvão e divulgasse detalhes sobre a energia usada para fazer o alumínio.

A petição reuniu mais de 10 mil assinaturas em dois meses, e o Kpop4Planet enviou o pedido à sede da empresa. Em março, a Hyundai divulgou que havia encerrado seu acordo com a Adaro.

“Esta é uma vitória de milhares de pessoas, amigos que tomaram medidas e mostram que realmente se preocupam com a crise climática e com as comunidades locais”, destaca Sarifah.

Com a colaboração de Juwon Park, de Seul.


SOBRE A AUTORA

Victoria Milko é repórter da Associates Press e cobre as áreas de meio ambiente e direitos humanos. saiba mais