O pessoal da média gerência odeia seus empregos, mas a IA pode ajudar

Os gerentes intermediários estão esgotados. É por isso que as empresas precisam reformular essa função

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Hillary Hoffower 4 minutos de leitura

Ocupar o papel de mediador entre a liderança sênior e os supervisores da linha de frente sempre foi um pouco complicado, mas essa função atingiu um ponto crítico na década de 2020.

As médias gerências lideraram os funcionários durante a pandemia, passaram pela Grande Demissão e implementaram as políticas de retorno ao escritório da diretoria para funcionários insatisfeitos. 

Não é de se admirar que os gerentes estejam cada vez mais esgotados. Além disso tudo, eles se tornaram os principais alvos do corte de pessoal – 30% dos trabalhadores demitidos nos EUA são gerentes de nível médio. Por isso, a maioria está menos satisfeita no trabalho e quase ninguém mais quer esse cargo. 

Em que situação eles vão ficar?

O DECLÍNIO DO GERENTE MÉDIO

Conforme as empresas procuram se tornar mais eficientes, elas avaliam se seus gerentes estão agregando algum valor, diz Bryan Hancock, sócio da McKinsey & Co. Isso está colocando a média gerência sob um risco maior de perder o emprego. E, nesse processo, a proporção entre gerentes e executores está mudando.

Os gerentes vão liderar equipes que serão uma combinação de atividade humana e atividade automatizada pela tecnologia.

"Você não precisa de um gerente para três pessoas, precisa de mais pessoas fazendo o trabalho propriamente dito", ressalta Nolan Church, CEO da FairComp, que tem mais de uma década de experiência em recrutamento para empresas como Google e DoorDash.

A amplitude de controle está mudando, com os gerentes supervisionando equipes maiores – especialmente quando eles assumem o trabalho dos colegas demitidos. "Vai haver uma expectativa de que você não pode apenas gerenciar. Você vai precisar ser como um técnico de uma equipe de jogadores".

POR QUE AS MÉDIAS GERÊNCIAS ESTÃO ESGOTADAS

Isso está colocando os gerentes intermediários sob extrema pressão para assumir mais responsabilidades e ter um desempenho melhor. Em vez de simplesmente eliminar uma categoria, as empresas precisam repensar o que os gerentes devem fazer e quem deve ocupar essas funções.

as empresas procuram se tornar mais eficientes e isso coloca a média gerência sob um risco maior de perder o emprego.

Isso ocorre porque muitos dos gerentes intermediários não estão preparados para o sucesso, explica Hancock. A pesquisa da McKinsey descobriu que eles gastam metade do seu tempo em trabalho administrativo e de colaboração individual, em vez de apenas administrar.

O pessoal da média gerência relatou os níveis mais altos de ansiedade e o pior equilíbrio entre vida pessoal e profissional em uma pesquisa da Future Fortum de 2022. As coisas não melhoraram quando a empresa de software Capterra publicou uma pesquisa em fevereiro, constatando que três em cada quatro gerentes de nível médio se sentem sobrecarregados, estressados e esgotados. 

COMO A IA PODE AJUDAR

É por isso que reformular a função da média gerência é tão importante. Isso envolve pensar em planos de carreira individuais, nos quais as pessoas possam crescer em termos de remuneração e responsabilidade, diz Hancock. 

Dessa forma, os profissionais conseguem subir na carreira, deixando as funções de gerenciamento intermediário para aqueles com as habilidades adequadas. Mas as empresas também precisam simplificar e agilizar as tarefas de administração.

Hancock acredita que a IA generativa pode ajudar nisso, "liberando os gerentes para passar mais tempo treinando e liderando, sendo alguém que realmente ajuda a aprender, orientar e gerenciar pessoas ao longo de suas carreiras. Ser, enfim, a pessoa que faz conexões em todas as partes da organização." 

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"Os gerentes vão liderar equipes que serão uma combinação de atividade humana e atividade aumentada ou automatizada pela tecnologia", acredita o executivo.

Isso significa que eles vão precisar entender as limitações da tecnologia e como aproveitá-la junto com os elementos humanos da equipe para treinar a próxima geração de líderes em um mundo habilitado para a tecnologia.

Imagine um advogado associado de nível médio que normalmente gerencia os resumos jurídicos dos advogados juniores. A IA generativa pode produzir um primeiro rascunho, permitindo que o associado treine o advogado júnior em habilidades de pensamento crítico, em vez de redigir. Isso também deixaria o associado com tempo para cuidar de mais casos.

Hancock acredita que a tecnologia vai ajudar as médias gerências a evoluírem para o papel que sempre deveriam ter tido, ou seja, uma liderança inspiradora para as pessoas, que se conecta com a forma como a empresa agrega valor aos outros. "O gerente do futuro será um líder humano, e não um administrador", afirma.


SOBRE A AUTORA

Hillary Hoffower é jornalista e editora. saiba mais