5 perguntas para Beatriz Mello e Catarina Burguete, do Web Summit
Menos de 20% das startups de inovação brasileiras têm mulheres em seus quadros de liderança. Quando o assunto é tecnologia, a participação feminina é igualmente menor do que 20%. O Web Summit quer mudar essa realidade.
Conversamos com Beatriz Mello e Catarina Burguete, co-líderes do programa de embaixadoras Women in Tech Brasil, do Web Summit. Beatriz é diretora global de parcerias e Catarina atua no suporte a comunidades.
Em 2024, o evento de tecnologia teve 47,5% de participação feminina - e 45% das startups apresentadas no Summit do Rio de Janeiro eram lideradas por mulheres. Para 2025, a projeção é aumentar ainda mais essa participação.
Beatriz é a primeira contratada no Brasil para liderar os negócios globalmente e expandir a presença da marca na América Latina. Já Catarina responde pela gestão de comunidades globais.
Nesta entrevista, elas falam sobre o que esperar para o evento no Brasil em 2025, sobre os temas que prometem dominar as discussões e como o país está se posicionando no ecossistema global de inovação.
FC Brasil – Em 2025, o Web Summit Rio chegará à terceira edição. O que podemos esperar do evento no ano que vem?
Beatriz Mello – Estamos super animados para voltar ao Rio de Janeiro em abril de 2025, onde receberemos mais de 30 mil pessoas, no maior evento internacional de tecnologia do país, com a participação de mais de mil startups.
O próximo evento, que acontece de novo no Riocentro, vai dar continuidade ao sucesso dos últimos dois anos e contará com palestrantes de marcas renomadas mundialmente, como OpenAI, Nvidia, TikTok e GitHub. Essas empresas virão para estabelecer conexões com milhares de startups do mundo todo e explorar oportunidades de negócios.
Pela primeira vez, o Web Summit Rio vai apresentar o programa de embaixadoras Women in Tech, no qual mulheres da área de tecnologia, que já participaram de edições anteriores, vão compartilhar suas histórias e experiências, destacando o valor do programa e o senso de comunidade que ele cria.
Os ingressos do Women in Tech para o Web Summit Rio 2025 esgotaram em tempo recorde, impulsionado pela iniciativa das nossas embaixadoras.
FC Brasil – De onde veio a ideia da criação do grupo de embaixadoras? Quem são as embaixadoras no Brasil?
Catarina Burguete – Milhares de mulheres participam do programa Women in Tech desde 2015, em eventos do Web Summit pelo mundo.
Para aprofundar o engajamento com essa comunidade e conectar com novas participantes em potencial, percebemos que as melhores embaixadoras do programa são aquelas que viveram essa experiência em primeira mão.
Essas participantes podem compartilhar suas percepções, responder perguntas e oferecer perspectivas valiosas com base em suas próprias jornadas, o que as torna especialmente capacitadas para inspirar e apoiar outras pessoas que estão considerando participar. A iniciativa também ajuda a alcançar a paridade de gênero nos eventos.
Neste ano, convidamos 10 mulheres de destaque em posições de liderança para atuarem como embaixadoras, representando e inspirando outras pessoas em suas redes. Nossas embaixadoras do Web Summit Rio 2025 são:
● Amanda Graciano, CEO da CEO Now, plataforma que apoia o desenvolvimento empreendedor e de liderança no Brasil
● Auana Mattar, vice-presidente de tecnologia da informação na TIM Brasil
● Camila Moletta, cofundadora e CEO da MORE GRLS, plataforma que defende a diversidade e inclusão na publicidade
● Carolina Kia, cofundadora da Weme, consultoria de inovação que capacita organizações a resolver desafios por meio do design thinking
● Carolina Nucci, Empreendedora, especialista em humanização nos negócios, advisor de negócios B2B e sócia do Marketing de Gentileza
● Grazi Sbardelotto, vice-presidente de marketing cloud na Pmweb, plataforma brasileira de CRM
● Karina Tronkos, fundadora e criadora de conteúdo do Nina Talks, blog sobre UX, tecnologia e estilo de vida
● Laura Salles, fundadora e CEO da PlurieBR, plataforma de educação continuada que promove diversidade e inclusão nos negócios e contratações
● Lisiane Lemos, membro do conselho da Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio a Políticas de Equidade;
● Vanessa Toledo Poskus, CEO da Uppo, startup especializada em tecnologia de RH
FC Brasil – Como o programa contribui para aumentar a presença feminina na área de tecnologia?
Catarina Burguete – Desde seu lançamento, em 2015, o programa tornou a participação mais acessível para mulheres, oferecendo ingressos com desconto, que incluem os mesmos benefícios dos ingressos gerais, além de vantagens exclusivas, como masterclasses conduzidas por especialistas, mesas redondas e o Women in Tech Lounge.
Esses recursos não apenas melhoram a experiência das participantes, mas também criam um ambiente de apoio que incentiva mais mulheres a se envolver no ecossistema de tecnologia.
O crescimento expressivo ano a ano no Rio reflete tendências globais, com a participação feminina aumentando de forma constante. A visibilidade das mulheres como participantes, palestrantes e líderes de startups demonstra o sucesso do programa em amplificar o papel das mulheres na tecnologia.
No Web Summit Rio 2024, por exemplo, 45% das startups eram lideradas por mulheres. Ao aumentar ativamente a representação feminina, o programa não apenas inspira futuras gerações a seguirem carreiras em tecnologia, mas também promove uma força de trabalho mais equitativa e inovadora, garantindo que o progresso tecnológico beneficie a todos.
FC Brasil – Qual a importância do Brasil no ecossistema de inovação global?
Beatriz Mello – O Brasil desempenha um papel fundamental, sendo o principal hub de startups da América do Sul e uma porta de entrada para os mercados de tecnologia e startups em rápida expansão na América Latina. Sediar o Web Summit destaca a crescente influência do país na definição de tendências globais de inovação e tecnologia.
O evento também reforça o papel do Brasil como uma ponte entre a América Latina e o ecossistema global de inovação, promovendo a colaboração, atraindo investimentos e permitindo que grandes empresas acessem o potencial da região, enquanto também oferece às empresas brasileiras a oportunidade de se conectar com investidores, clientes e parceiros em um palco internacional.
Pela primeira vez, o Web Summit Rio vai apresentar o programa de embaixadoras Women in Tech.
A posição do Brasil como mercado líder vai além de sua influência regional, com setores como fintech, agritech e outras indústrias movidas por tecnologia criando soluções de impacto global.
Ao trazer empresas internacionais para o Brasil, o Web Summit serve como trampolim para negócios que desejam expandir seus mercados por toda a América Latina, aproveitando as vastas oportunidades da região para impulsionar o sucesso global.
FC Brasil – De que forma o Web Summit pretende dar destaque a iniciativas que abordam inovação, tecnologia e novos negócios a partir da perspectiva do Sul Global?
Catarina Burguete – O Web Summit destaca e apoia ativamente iniciativas voltadas para inovação, tecnologia e novos negócios sob a perspectiva do Sul Global por meio do Community Partner Programme. Este programa foi desenvolvido para estabelecer parcerias com organizações, empresas e agências que se concentram na promoção de inclusão e equidade na indústria de tecnologia.
Essas parcerias enfatizam a criação de oportunidades para grupos sub-representados, incluindo aqueles do Sul Global, para garantir que suas vozes sejam amplificadas nas conversas sobre inovação.
Os parceiros do Web Summit Rio 2024 incluíram a Transfero Academy, que oferece oportunidades para quem deseja construir uma carreira em desenvolvimento de software; a Casablack, um hub de cultura e inovação negra criado para inspirar e empoderar pessoas por meio de conquistas, cultura, entretenimento, tecnologia e criatividade negras; e a Rede Mulher Empreendedora, que realizou uma mesa-redonda sobre como criar ambientes inclusivos e equitativos para mulheres em STEM [sigla em inglês para carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática].