5 perguntas para Christian Rôças, CEO da Flint.me
Criar conteúdo não é tarefa fácil. Não basta postar e publicar, é preciso "falar"a língua dos creators. E Christian Rôças quer ampliar a fluência de todos os profissionais nessa nova linguagem. O ex-CEO do Porta dos Fundos agora lidera a Flint.me, hub de educação voltado para a creator economy.
Rôças, ou Crocas como é conhecido, olha para os bastidores do setor que deve movimentar US$ 480 bilhões até 2027. Editores, câmeras, roteiristas, fotógrafos, produtores, tudo que ajuda a estruturar a economia de criadores.
Além disso, o executivo quer que o conhecimento sobre a forma de falar nas redes sociais chegue para advogados, médicos, contadores e todos aqueles que não exatamente trabalham com o mundo dos vídeos, fotos, comentários e curtidas.
Esta é uma linguagem que Crocas não só compreende, mas que ajudou a inventar no Brasil. Além do Porta dos Fundos, o executivo atuou no Instagram e no Facebook para a América Latina e comandou projetos de conteúdo e branded content para as Olimpíadas, Campeonato Mundial de Futebol, Carnaval e Rock in Rio. Antes, administrou carreiras de artistas como Gilberto Gil, Marisa Monte e Nando Reis.
FC Brasil – Quando você começou no mercado de conteúdo digital, o termo creator/ criador de conteúdo não existia. Hoje, o termo abarca muito mais do que as figuras que aparecem nas postagens ou nos vídeos virais: quem filma, edita, roteiriza… Qual o potencial que você vê nesses "bastidores" da creator economy?
Christian Rôças – A creator economy tem um potencial gigantesco que começa a ser mais valorizado. Hoje, vemos que esse mercado engloba não só quem está na frente das câmeras, mas também cinegrafistas, editores, roteiristas e produtores. Historicamente, as indústrias criativas cresceram ao valorizar e dar visibilidade aos profissionais de bastidores. Isso eleva a moral, atrai talentos e fomenta a inovação.
A "linguagem creator" é uma fusão de tecnologia, cultura e comunicação.
Esses profissionais são cruciais para a criação de conteúdos envolventes e impactantes. Com a crescente demanda, há mais oportunidades para capacitar novos talentos e atualizar os que já estão na área, preparando-os para serem mais versáteis.
Precisamos entender as nuances desse setor, seja você advogado, recrutador, contador ou ator. Para atuar nesse mercado, é essencial conhecer suas especificidades e estar atento a novas soluções.
FC Brasil – O objetivo da Flint é mostrar a marcas e profissionais como falar a língua do creator. Quais são os principais termos dessa linguagem?
Christian Rôças – Dominar essa linguagem abre portas para negócios por meio da audiência conquistada. Assim como falar inglês é essencial, falar a linguagem dos creators também é. A "linguagem creator" é uma fusão de tecnologia, cultura e comunicação. É o conjunto de habilidades e métodos usados para criar e compartilhar conteúdo nas plataformas digitais.
Essa linguagem está sempre evoluindo, moldada pelas interações online. Dominar essa linguagem envolve utilizar todos esses elementos de maneira que engaje e toque as pessoas ao redor do mundo. Ela combina a informalidade da internet com as interações das redes sociais, criando novas formas de expressão e interação que são acessíveis e instantâneas.
FC Brasil – Você costuma comparar a linguagem de creators ao inglês: todo profissional precisa saber essa língua para ter mais oportunidades. Quais são essas oportunidades? E como os profissionais podem lidar com os desafios de ser creator, como a alta exposição online e a busca por audiência a qualquer custo?
Christian Rôças – Comparo a linguagem dos creators ao inglês porque, assim como o domínio do idioma abre portas no mundo profissional, entender e falar a linguagem dos creators é fundamental.
Isso permite expandir o alcance, atingir audiências globais e promover produtos, serviços ou ideias de forma mais eficaz, facilitando a criação de conteúdo envolvente e a construção de uma presença online sólida.
Além disso, os creators podem estabelecer suas marcas pessoais, construindo reputação e criando oportunidades de networking com outros profissionais e influenciadores.
A monetização é uma grande oportunidade, indo além dos métodos tradicionais como anúncios e parcerias, permitindo que profissionais de diversas áreas, como medicina, esporte, gastronomia, possam aumentar seus ganhos. Um personal trainer, uma médica e uma empreendedora de salão de beleza podem ganhar mais com seus próprios negócios.
Para lidar com a exposição, é crucial manter um equilíbrio saudável. Manter a autenticidade é essencial, pois seguidores valorizam a genuinidade. Evitar práticas enganosas ajuda a construir uma base fiel a longo prazo.
Além disso, cuidar da saúde mental é fundamental; estabelecer limites e fazer pausas regulares das redes sociais pode prevenir o burnout. Buscar apoio psicológico quando necessário também é importante.
Outro desafio são os algoritmos e as mudanças nas plataformas. Manter-se atualizado e diversificar a presença em múltiplos canais é uma estratégia sábia.
FC Brasil – As marcas investem em creators pelo marketing. Algumas estão olhando para outros usos de influenciadores, como o funcionário-influencer/ creator , que aumentam a atratividade da empresa para outros profissionais. De quais outras formas as empresas podem usar as habilidades dos creators?
Christian Rôças – Uma das linhas de negócio da Flint é o B2B2C (Flint+Empresa+Colaborador). A formação Flint Corporativo prepara a empresa para o presente, desenvolvendo trilhas de edutainment (educação + entretenimento) que capacitam e certificam colaboradores na linguagem creator. Isso melhora o desempenho individual, impulsiona a marca, fortalece a cultura corporativa e amplia o alcance da marca.
Assim como falar inglês é essencial, falar a linguagem dos creators também é.
Por exemplo, consultores de diversas áreas que aprendem a criar conteúdo podem obter melhores resultados de negócios. Um consultor que "fala creator" tem mais chance de vender seu produto ou serviço. Promovemos a educação de forma envolvente e divertida.
FC Brasil – Você foi CEO do Porta dos Fundos e participou de experimentações de linguagens e storytelling no mundo digital. Quais perguntas gostaria de estar respondendo sobre storytelling e criação de conteúdo?
Christian Rôças – São muitas! Uma delas, que sinto falta em meio a discussões sobre creator economy e inteligência artificial, é sobre a pauta número zero que todos temos que estar pensando e empenhando esforços para solucionar: a emergência climática.
Em seguida, precisamos repensar nossa abordagem e métodos diante do excesso de conteúdo. Como equilibrar práticas de produção estabelecidas com novas formas de interação e desenhos de produção? Como a criação de conteúdo pode ajudar a enfrentar desafios educacionais, especialmente com novas formas de linguagem digital?
Essas discussões são fundamentais para evoluirmos de forma mais gentil, generosa, colaborativa e agregadora.