5 perguntas para Hugh Forrest, co-presidente e curador do SXSW

Crédito: SXSW/ Divulgação

Redação Fast Company Brasil 5 minutos de leitura

Já estamos em contagem regressiva para o South by Southwest (SXSW) de 2024, que começa no dia 8 de março. Ninguém melhor para esquentar os motores para o maior festival de inovação e criatividade do que o co-presidente e chief programming officer do evento, Hugh Forrest. 

Forrest lidera a curadoria do festival há 35 anos. O SXSW, por sua vez, chega à sua 38ª edição em 2024. Manter o conteúdo inovador, inspirador e criativo é o que motiva Forrest e sua equipe a filtrar o que vai chegar aos palcos espalhados pela cidade de Austin, no Texas, onde o evento é realizado. 

Apenas para os painéis, o CRP recebeu cinco mil propostas no ano passado – para chegar nas pouco mais de 450 palestras que estão na programação oficial. A escolha passa pelo apoio da comunidade do SXSW e por um comitê independente, além da equipe liderada por Forrest. 

Segundo ele, inteligência artificial e diversidade são temas que terão destaque na programação deste ano. Confira nesta entrevista exclusiva para a Fast Company Brasil

FC Brasil – O SXSW chega à sua 38º edição com mais de 24 temas distribuídos em cerca de 450 palestras. Como é o processo de curadoria? Quantas pessoas estão envolvidas, onde buscam referências, quais critérios utilizam para garantir a qualidade do conteúdo?

Hugh Forrest – A equipe de programação da conferência é composta por cerca de 15 pessoas. Passamos a maior parte de oito meses selecionando o conteúdo do SXSW. Esse processo começa no final de junho, quando aceitamos propostas de palestras do mundo todo por meio da interface do SXSW PanelPicker. Em geral, recebemos mais de cinco mil propostas por meio desse processo.

A equipe dedica muito tempo considerando os méritos de cada uma das ideias, que também são avaliadas por um comitê independente e eleitas pelo público.

Acredito que aumentamos a programação focada no Sul Global a cada ano ao longo da última década.

As propostas de palestras que passam por esse processo rigoroso e competitivo geralmente têm três características: primeiro, elas oferecem uma perspectiva original sobre o tema em questão.

Segundo, oferecem aos participantes insights claros que podem ser aplicados em suas áreas profissionais específicas. Terceiro, incluem palestrantes que têm uma forte paixão e energia pelo tema sobre o qual estão falando.

FC Brasil – Além de temas com grande destaque como inteligência artificial, que outros assuntos recomenda para ficar de olho na edição deste ano para quem está querendo ver inovação ou se surpreender?

Hugh Forrest - Sim, inteligência artificial será um tema muito importante no evento de 2024. Mas, definitivamente, não será o único tema importante. Veremos um foco muito maior na computação quântica.

Além disso, acredito que o conteúdo de realidade virtual (VR)  será muito popular, porque o lançamento do Apple Vision Pro, no início de fevereiro, trouxe muito mais interesse para headsets, realidade aumentada e experiências imersivas.

Crédito: SXSW/ Divulgação

Considerando que a empresa liderada por Elon Musk, a Neuralink, acabou de concluir sua primeira cirurgia de interface cerebral, o conteúdo de BCI (brain computer interface, ou interface cérebro/ computador), que temos em nossa trilha de Heath & MedTech, também será muito bem frequentado.

O recente pouso da Odysseus na Lua tornará todo o conteúdo relacionado ao espaço ainda mais relevante. Acredito que os inscritos também vão gostar muito do conteúdo sobre mudanças climáticas, especialmente as sessões que se concentram em soluções de tecnologia verde.

Outro tema presente este ano é a importância da diversidade, equidade e inclusão (DEI). Destacar a DEI é absolutamente a coisa certa a fazer. Ponto.

Inteligência artificial não será o único tema importante. Veremos um foco muito maior na computação quântica.

Também acreditamos em destacar a DEI porque diferentes tipos de pessoas de diferentes partes do mundo trazem abordagens muito diferentes para a criatividade – e lançar luz sobre diferentes abordagens para a criatividade é a base para quase tudo o que fazemos no SXSW.

Dentro desse foco na DEI, estou empolgado com todo o conteúdo relacionado à acessibilidade, incluindo uma sessão de Sarah Herrlinger, que lidera a área de acessibilidade da Apple.

FC Brasil – O SXSW tem atraído, a cada ano, mais participantes e empresas do Brasil. Existe, no entanto, uma crítica de que a programação do festival segue muito voltada para o Norte Global. Existe a intenção de trazer mais conteúdos do Sul Global para o festival?

Hugh Forrest – Adoramos incluir palestrantes do Brasil e de outros países do Sul Global que possam trazer perspectivas diferentes e únicas para a comunidade do SXSW. Acredito que aumentamos essa programação focada no Sul Global a cada ano ao longo da última década.

Estou animado para ver um aumento gradual desse tipo de programação continuar no futuro. Dito de outra forma, a criatividade e a inovação que continuam a surgir do Brasil são extremamente relevantes para todos os participantes do SXSW.

FC Brasil – A participação de patrocinadores nas mesas e painéis vem crescendo. Como equilibrar o conteúdo de patrocinadores com a programação “non sponsored”?

Hugh Forrest Manter um equilíbrio entre esses dois elementos do conteúdo é sempre um desafio. Tentamos

manter o conteúdo patrocinado nos mesmos padrões de controle de qualidade que usamos para o não-patrocinado.

Quando conseguimos manter esse nível de qualidade, então temos confiança de que a experiência que os inscritos desfrutam no evento será muito positiva, não importa o tipo de painel ou palestra que optarem por assistir.

FC Brasil O evento trata sobre futuro e tendências. Uma das trilhas, inclusive, se chama 2050. Como o SXSW se vê em 2050? Como se manter inovador até lá?
Hugh Forrest A versão do SXSW que acontecerá em 2050 será bem-sucedida se estiver focada no poder da criatividade massiva para unir, inspirar e criar novas oportunidades.

Esse foco na criatividade massiva em todas as suas muitas formas impulsionou nossas três primeiras décadas de crescimento, e estou confiante de que impulsionará nossas próximas três décadas de crescimento também.

De outra forma, os conteúdos da trilha “2050” dão um pequeno preview de como o evento pode parecer daqui a 25 anos. Essa linha de conteúdo inclui muitas sessões sobre viagens espaciais, além de conteúdos sobre computação quântica, tecnologias de extensão da vida, aplicações futuristas de inteligência artificial e robôs humanoides da próxima geração.


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