5 perguntas para Lídia Abdalla, do Grupo Sabin

O setor de saúde tem o papel de ampliar o acesso a milhões de pessoas, e a inovação tem sido um fator de aceleração fundamental

Crédito: Shubham Dhage/ Unsplash/ Divulgação

Claudia Penteado 4 minutos de leitura

A bioquímica mineira Lídia Abdalla começou no Grupo Sabin Medicina Diagnóstica como trainee e fez carreira até chegar à presidência, em 2014. Hoje ela também ocupa uma cadeira no conselho deliberativo da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e faz parte do conselho curador da Fundação Banco do Brasil.

O Grupo Sabin - fundado por duas mulheres - tem hoje 77% do seu quadro funcional formado por mulheres, sendo 74% em cargos de liderança.  Nesta entrevista à Fast Company Brasil Lídia fala, entre outros temas importantes, sobre transformação, diversidade, inovação social e sobre cuidado.

O que é inovação para você?

Inovar é mudança, é transformação! É a energia catalisadora de ideias para uma nova perspectiva para o crescimento do negócio. Inovar é investir em uma gestão contemporânea que entende a relevância da cultura, dos valores e que os propósitos são fundamentais. A inovação precisa de uma cultura e de pessoas que alimentem essa energia a partir de diferentes perspectivas e experiência de vida. A diversidade é fundamental para um ambiente inovador.

Qual a sua visão sobre qualidade de vida?

Qualidade de vida envolve aspectos fundamentais para o ser humano como a saúde, o bem-estar físico, mental e

as empresas devem trabalhar para que a qualidade de vida das comunidades onde atuam melhore.

emocional, incluindo as relações com a família e amigos e outras questões que impactam positivamente a vida das pessoas. No setor de saúde, temos o papel de ampliar o acesso a produtos e serviços para milhões de pessoas e a inovação tem sido um fator de aceleração fundamental.

A transformação digital, para muito além da escala dos negócios, tem permitido levar a promoção à saúde, a ampliação do autocuidado e os cuidados contínuos para prevenção de doenças e tratamento de doenças crônicas, permitindo que as pessoas possam ter uma melhor qualidade de vida.

Que habilidade não pode faltar ao bom líder?

O cuidado com as pessoas. Saber observar o time é fundamental para termos pessoas engajadas e inspiradas com o nosso propósito. Como líderes, temos que ter um compromisso prioritário com o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores. Precisamos dedicar atenção às suas necessidades, investir nas competências, aprimorar talentos.

Temos que ter uma rotina de investimentos em práticas que impulsionem comportamentos positivos e proporcionem ambientes propícios ao encontro de ideias, fomentam a criatividade. Tudo isso junto gera inovação. Precisamos cultivar relações transparentes. Dedicar energia para entender em que momento o profissional está e como podemos contribuir para agregar real valor à sua carreira.

O que o conceito de sustentabilidade representa para você?

O contexto nos mostra que a agenda ambiental nunca foi tão urgente e necessária, mas é preciso compreender que ela precisa estar associada à pauta social. Estes oito anos à frente do Grupo Sabin me permitiram amadurecer nossa visão sobre sustentabilidade e ter melhor clareza sobre como evoluir nossa agenda ESG.

Vejo que sustentabilidade é transformação. É adotar práticas que mudem o pensamento e o comportamento dentro e fora das empresas. É inspirar práticas que estejam no dia a dia das pessoas – desde atitudes simples como adotar copos reutilizados. É investir em tecnologias que asseguram menor impacto das nossas atividades, como a redução da emissão de carbono.

inovação social tem um papel fundamental para ampliar os benefícios do investimento para além do assistencialismo.

Mas a sustentabilidade também deve ter um olhar especial para as pessoas. Além da presença da marca, as empresas devem trabalhar para que a qualidade de vida das comunidades onde atuem melhore. Hoje, a inovação social tem um papel fundamental para ampliar os benefícios do investimento para além do assistencialismo.

O mundo corporativo está descobrindo isso e apostando nessa vertente. O Instituto Sabin tem uma atuação exemplar ao gerir o investimento social do Grupo Sabin, que já beneficiou mais 1,2 milhão de pessoas nas cidades onde atuamos.

Qual o melhor conselho que você já recebeu na vida?

Minha formação na área da saúde como bioquímica me proporcionou diversos ensinamentos, mas um dos melhores conselhos que recebi veio das sócias-fundadoras do Grupo Sabin. Mulheres de histórias inspiradoras, as doutoras Janete e Sandra sempre me incentivaram a investir também em uma formação nas áreas de gestão e finanças.

Isso me permitiu assumir novos desafios dentro da empresa e crescer profissionalmente até a presidência do Grupo. Essa formação multidisciplinar ampliou o olhar estratégico e me fez ter uma percepção mais sensível para enxergar as inúmeras possibilidades do mundo corporativo.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais