5 perguntas para Nicolle Merhy, CEO da BlackDragons

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Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Marcas que tentam entrar no mundo dos games têm oportunidade de participar de um mercado que, no Brasil, fatura mais de US$ 1,4 bilhão por ano. O caminho não é simples, já que o segmento é formado não só pela audiência, mas por produtoras, distribuidoras, jogadores profissionais, streamers e influenciadores. A CEO da BlackDragons, Nicolle Merhy, quer oferecer para as marcas o mapa da mina.

A BlackDragons é um dos maiores times de esports brasileiros, com nove equipes, 50 títulos nacionais e 15 títulos internacionais. No ano passado, a BlackDragons virou uma das sócias do grupo Dreamers, dono do Rock in Rio e do The Town. Da parceira nasceu a Game Code, focada em usar o conhecimento sobre jogos eletrônicos para ajudar as marcas "tradicionais" (ou não-endêmicas, no linguajar gamer) a decodificar esse universo.

Co-CEO da Game Code – função que acumula com a liderança da BlackDragons –, Nicolle, mais conhecida como Cherrygumms pelo público gamer, já foi jogadora profissional de Rainbow Six Siege (R6), streamer, influenciadora e agora

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é a executiva que está tentando quebrar as barreiras dos esports.

Em paralelo, Cherrygumms foi a primeira jogadora profissional de esports a ter patrocínio da Nike no Brasil. A busca por unir esses mundos, dos negócios e dos gamers, é um dos temas sobre os quais ela fala nesta entrevista à Fast Company Brasil.

FCBrasil Qual o maior desafio que o mercado de esports brasileiro enfrente atualmente e como fazer para superá-lo?

Cherrygumms As ajudas de custo que as publishers subsidiavam aos times como forma de marketing foram reduzidas ou canceladas, tirando boa parte da segurança das organizações de esports. Esse é um grande desafio que, pela primeira vez, os times estão passando. Vejo os patrocínios como a forma de superá-lo.

Juntar-se às marcas é superimportante no cenário de esports, visto que o comum do mercado é que, pelo menos, 50% da receita dos times venham de patrocínio direto de marcas.

FCBrasil No ano passado, o Grupo Dreamers fez sociedade com a Black Dragons e criou a Game Code, para fornecer dados sobre tendências e preferências dos jogadores. Quais oportunidades de negócio enxerga nessa parceria?

Cherrygumms Inicialmente, projetos e patrocínios para o meio gamer farão parte do foco de negócios da Game Code. Além dessas linhas de receita, estamos preparando pesquisas específicas para marcas parceiras, para planejarmos a estratégia de comunicação de forma exclusiva e personalizada.

É muito leviano definir o gamer como um único consumidor, igual em todos os segmentos.

Nossa meta é não só trazer o mundo não-endêmico [as marcas que não fazem parte desse universo] para o cenário de games, como também levar as do cenário de games [endêmicas], em especial publishers e franquias de jogos, para o mundo não-endêmico.

FCBrasil Um dos serviços que a Game Code oferece é voltado para marcas que nunca se aventuraram pelos games. Quais são as jornadas do usuário e comprador gamer? Como elas se diferem da jornada “tradicional”?

Cherrygumms  É muito leviano definir o gamer como um único consumidor, igual em todos os segmentos. O mundo dos games é igual ao da música, onde existem tantos estilos musicais – como pop, rock, eletrônico, sertanejo e tantos outros – com públicos, faixa etária e poder aquisitivo diferentes.

No lugar de um gênero de música, nos games temos franquias de jogos diferentes, com públicos próprios e maneiras singulares de se comunicar e anunciar. Cada jogo tem uma comunidade específica, por isso é importante entender que a jornada no mundo dos games não pode ser universal para todos. Não se trata de uma fórmula fixa.

FCBrasil Você já foi jogadora profissional, streamer e agora é CEO de uma das maiores organizações de esports do Brasil. O que traz do mundo gamer para a gestão?

Cherrygumms  O principal é o conhecimento sobre o caminho das pedras do que dá certo ou não. Além de fazer

pelo menos 50% da receita dos times vêm de patrocínio direto de marcas.

parte da liderança do novo projeto da Game Code, eu sou gamer! Vivo na pele o dia a dia há anos. É um cenário complexo e cheio de especificidades. Isso me permite ajudar as marcas em suas caminhadas nesse mercado.

FCBrasil Quais são as empresas e marcas desse mundo que o mercado tradicional  precisa ficar de olho?

Cherrygumms Acer, Tencent, Ubisoft, Riot, ESL, Blast, Rockstar e tantas outras empresas que são dedicadas a novos negócios nesse meio e que priorizam games como estratégia de comunicação em nível  global.


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