5 perguntas para Paulo Castello, da Fhinck

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 3 minutos de leitura

Programador nato, Paulo Castello é fundador e CEO da Fhinck, assistente virtual que atende as necessidades de inteligência operacional e identifica oportunidades de melhoria na jornada de trabalho. Com mestrado em negócios pela Georgetown University (Washington) e ESADE Business School (Barcelona), antes de abrir o próprio negócio trabalhou em grandes empresas como Walmart, Marfrig, Nokia, Odebrecht e Varig, acumulando experiência em otimização e automatização de processos. Foi ainda destaque na lista dos 10 CEOs mais inspiradores de 2020 da revista "Analytics Insight". Nesta entrevista, ele fala sobre a ligação entre tecnologia e sustentabilidade e por que os líderes devem aprender a "desaprender".

O que é inovação para você?

Na prática, significa ruptura. Isso implica na adoção de tecnologias que coloquem as empresas em outro patamar e alcancem a tão desejada maturidade digital. Inovação está muito associada também a buscar formas diferentes de resolver problemas que já existem no dia a dia. É muito mais que a tecnologia em si, é a mudança de mindsight que permite que a gente se transforme e se redesenhe, para estar adaptado ao que o mundo precisa e vai precisar nos próximos anos.

A tecnologia acelera muito a inovação, que faz com que as coisas aconteçam de forma mais rápida e precisa e menos trabalhosas. Mas isso precisa ser materializado diariamente. Por exemplo, a empresa cria uma cultura forte de inovação interna e todos entendem a importância disso. Uma grande corporação passa a liderar um movimento de implementação da hiperautomatização, ou seja, passa a rever atividades simples, manuais e repetitivas que precisam ser automatizadas. Com isso, o profissional fica livre para pensar em atividades complexas, criativas, analíticas e na resolução de problemas.

Quando pensamos em inovação, temos que pensar em duas dimensões: quais as ferramentas disponíveis e como estão conseguindo executar melhor as atividades cotidianas. Inovação, para mim, é deixar de fazer as coisas como são feitas hoje e buscar fazer de outra forma, usando as novas tecnologias para conseguir fazer melhor.

Qual a habilidade mais importante de um bom líder?

Data analytics e people analytics são fundamentais para entender as pessoas e o novo perfil que se espera das lideranças.

Aprender continuamente e desaprender de coisas antigas. A velocidade com que novas áreas de conhecimento são criadas é gigante, e você precisa acompanhar. Hoje, um mestrado, que dura dois anos, pode estar totalmente defasado ao final do curso.

Outra habilidade importante para os novos tempos é entender de pessoas. A liderança precisa ter esse desejo e ser personalizada. Também é preciso entender os dados. Data analytics e people analytics são fundamentais para entender as pessoas e o novo perfil que se espera das lideranças de hoje e do futuro.

O que é qualidade de vida, na sua opinião?

Está muito ligado ao fazer o que gosta junto de pessoas que lhe dão apoio e entendem seu objetivo, seu perfil. Contar com uma boa equipe permite que você tenha tempo de se organizar, fazer o que gosta. Não existe essa de “metade do tempo no trabalho, metade em casa”. É tudo a mesma coisa, então, precisa ser bom. Qualidade de vida é entender o que te motiva, o que facilita o desenvolvimento de estratégias para a sua repleta satisfação. No final do dia, é isso que importa.

Qual é o seu conceito de sustentabilidade?

Tecnologia e sustentabilidade estão intrinsecamente ligadas e integradas. A ideia de sustentabilidade, a meu ver, é que a humanidade consiga consumir os recursos cada vez mais de forma inteligente. Percebo que já estamos fazendo isso. Há 15 anos, era inviável pensar em ecologia para geração de energia sola. Hoje, felizmente, a classe média já consegue comprá-la de sua própria casa. Sem tecnologia não conseguimos evoluir de forma inteligente. Estamos fazendo a nossa parte, criando coisas eficientes que consomem menos energia, de forma rápida e menos coletiva.

Qual o melhor conselho que já recebeu na vida? 

Antes de fundar a Fhinck, eu fazia uma série de estudos em planilhas. Era executivo em uma multinacional e era assim que a gente planejava as coisas. Até que um amigo me falou que nada iria acontecer se eu insistisse em ficar no “mundo das planilhas”, revisando e pedindo aos outros para revisarem. Ele me disse “vai lá e faz acontecer”. Foi um grande conselho que, de fato, de ajudou a “startar” a empresa e deu vida a essa jornada da Fhinck. Hoje vejo como ele estava repleto de razão e além do seu tempo.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais