5 perguntas para Chicko Sousa, fundador e CEO da startup GreenPlat

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 5 minutos de leitura

“Se você tiver medo de criar alguma coisa, vá com medo mesmo.”  Este é o conselho dado com frequência pelo engenheiro mecânico português Chicko Sousa, especialista em gestão de resíduos, economia circular e short loop recycling que desenvolveu diversas startups e projetos na área de sustentabilidade e há cinco anos  fundou a Greenplat – a primeira startup brasileira da área ambiental a receber o prêmio Technology Pioneer, concedido pelo World Economic Forum, entre outras certificações, validações e reconhecimentos mundiais. A GreenPlat é a primeira empresa do mundo a inserir o blockchain como inovação para o meio ambiente e monitora mais de 18 mil toneladas de resíduos por dia – até hoje, 1 milhão de toneladas de resíduos já foram gerenciados por ela. A startup é responsável pela gestão de mais de 3 mil empresas privadas, além de 700 mil empresas registradas em âmbito público. Junto de outros 60 cientistas no mundo, Chicko também é integrante do grupo ASaP, que estuda os indicadores a serem alcançados em 2030 para aceleração de uma produção mais limpa da indústria 4.0 e é conselheiro da Toilet Board Coalition.

Confira o que ele tem a dizer sobre alguns temas no trabalho e na vida como inovação, qualidade de vida e o conceito de sucesso. 

1. O que é inovação para você?

Eu acredito que inovação é quando você pega o problema real e utiliza soluções já existentes e desconectadas e as integra em um único meio de contato e solução.  Dentro dessa lógica, você deve trazer para a sociedade a seguinte pergunta: isso que você fez, essa maneira de “reinventar a roda” é legal ou ilegal, moral ou imoral? No momento em que você estimula essa pergunta na sociedade, provocando uma discussão generalizada entre entes  privados, população, governo e startups a ponto de criar uma lei para tentar regulamentar todo o processo, isso se chama disrupção. Este é o ápice da inovação real que nós estamos vivenciando hoje em dia.

2. Quais as habilidades mais importantes nos tempos atuais?

Eu sempre digo para o meu time que nós temos que aprender a olhar para o nosso entorno. Uma startup trabalha com uma velocidade absurda e, normalmente, tem crescimentos fora da realidade. No nosso caso, este ano, dobramos de equipe e triplicamos o faturamento em nove meses. Dentro dessa lógica, a gente acaba imprimindo uma velocidade e esquecendo de olhar o quão conectados devemos estar com nossa família, com os nossos clientes, e antes de mais nada com nossos colegas que vivem e respiram os objetivos e o que uma startup quer entregar e o seu propósito de entrega. Então, temos que aprender a olhar para o entorno, porque quando você trabalha com software, tudo está conectado, mas um software é produzido por pessoas. Do lado de cá e do lado de lá, a interação não é digital, ela é 100% humana. Então, aprender a olhar e entender o entorno em que estamos, para mim é o mais importante hoje. Apesar de entregarmos soluções digitais, essa construção se inicia, se transforma, se modifica e entrega em interações e relações humanas.

3. O que o conceito de sustentabilidade representa para o seu negócio?

Nosso negócio nasceu neste conceito. A GreenPlat começou com a gestão e rastreabilidade de resíduos de ponta a ponta e hoje faz a gestão e rastreabilidade de cadeias produtivas, desde a extração, manufatura e o descarte deste processo. Então, o impacto é medido, mensurado, avaliado e escaneado por nós, de toda a forma. Dessa maneira, entendemos que controlando conseguimos ter melhores resultados não só financeiros, mas ambientais dentro do processo, porque na nossa essência, nascemos para trazer luz a um mercado com completa falta de transparência, que é o mercado de gestão de resíduos sólidos. Nós temos muito orgulho que hoje os indicadores ESG são realidade essencial para toda e qualquer grande empresa. 

4. O que significa qualidade de vida para você?

É engraçado que para nós que somos uma startup ambiental, a qualidade de vida é um conceito que eu vivo há anos. O meu meio ambiente é composto por todos os meios do meu entorno e do ambiente em que vivo. Minha saúde, a da minha família, da minha equipe, dos meus colaboradores, sócios, amigos, a economia do meu entorno, a empresa, a religião, o trabalho, o governo, todos são meios do ambiente em que eu vivo. Conseguir estar de uma maneira um pouco mais equilibrada em cada um desses meios e realmente nos posicionarmos politicamente e nas nossas ações sociais, nos posicionarmos nas relações com o próximo, além de nos posicionarmos no dia a dia com a nossa família, isso para mim é qualidade de vida. É o respeito à minha vida e o respeito com a vida de todo o meu entorno – seja uma pessoa, um negócio ou a sociedade. 

5. Qual o seu conselho para quem quer ter sucesso nos negócios e na vida?

Meu conselho para quem quer sucesso nos negócios e na vida é: se você tiver medo de criar alguma coisa, vá com medo mesmo! O medo é bom. O medo se torna um indicador de auto avaliação, de correção e de necessidade de controle. Ele é o indicador para você entender que, em alguns momentos da vida, nós temos que arriscar também nos negócios. A gente se arrisca desde o momento em que nasce: no primeiro passo, na primeira palavra, na primeira ida à escola, no primeiro beijo, no momento em que pede alguém em casamento e diz “sim”! E todos estes momentos vêm acompanhados de um certo medo. Então ter medo é sim uma condição importantíssima para poder iniciar qualquer tipo de negócio. Depois disso, vêm todas as qualidade e necessidades inerentes, como esforço, dedicação, acreditar e manter a palavra. Acho que isso nos ajuda a ter sucesso não só nos negócios, mas também na vida. 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais