5 perguntas para Claudia Woods, CEO da WeWork na AL

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 5 minutos de leitura

Para Claudia Woods,  CEO da WeWork na América Latina, adaptabilidade é uma habilidade preciosa nos tempos atuais. Este ano, ela foi escolhida uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg. Carioca, mãe, empreendedora, Claudia é dedicada à defesa dos direitos da mulher, liderou um projeto de sucesso para aumentar a presença feminina na plataforma da Uber – onde ela atuou como diretora geral no Brasil, antes de ingressar na WeWork – e tem como um de seus objetivos de carreira promover a participação igualitária de mulheres em conselhos executivos em uma trajetória consolidada como empreendedora no mercado digital brasileiro. Economista, com mestrado em marketing e estratégia, ela também foi CEO da WebMotors, e-commerce de automóveis que pertence ao Grupo Santander, e integrou o primeiro time do Banco Original. Nesta conversa com a Fast Company Brasil, ela conta o que pensa sobre inovação, qualidade de vida e sustentabilidade, e revela qual foi o conselho mais transformador que já recebeu. 

O que é inovação para você?

O conceito de inovação está muito ligado à capacidade de aliar soluções criativas à mudança de comportamento. Propor a resolução de alguma dor e proporcionar que essa ideia ultrapasse a barreira do comportamento anterior gera a inovação.

Quem imaginou que seria possível entrar e sair de um carro estranho e completar o trajeto sem tocar na carteira ou alugar um quarto na casa de alguém e se sentir seguro com isso? Estes são exemplos de soluções criativas, que usaram das ferramentas disponíveis de maneira inteligente a fim de superar algum desafio, atingir a mudança de comportamento e melhorar a vida das pessoas ao redor.

Em paralelo, acredito que parte importante da inovação mora na simplicidade, a ponto de colocar as pessoas para se questionar: “como ninguém tinha pensado nisso antes?”.  

Pensando no contexto da atuação da WeWork, podemos adaptar a pergunta para algo do tipo: “Como foi possível acreditarmos por tanto tempo que só era possível ter equipes inteiras trabalhando presencialmente a partir do mesmo espaço, com pouca ou nenhuma flexibilidade?” 

 

Qual a habilidade mais importante nos tempos atuais?

Em um cenário incerto e altamente desafiador como o que vivemos atualmente, que foi acelerado pela pandemia, mas já existia bem antes dela, penso que a adaptabilidade seja uma habilidade valiosa.

Profissionais com alta capacidade de adaptação souberam lidar melhor com as mudanças drásticas que vivemos por conta da pandemia e se tornaram referência em suas equipes. Eles têm a capacidade de lidar com o incerto e ambíguo, extraindo o melhor da experiência, sem perder produtividade ou qualidade no trabalho que entregam.

Vivemos em um período em que a flexibilidade não é mais exclusivamente um atributo que os candidatos procuram nas empresas, mas uma habilidade que as companhias têm valorizado cada vez mais nos profissionais e vice-versa, tendo em vista a agilidade das mudanças das quais estamos participando hoje.

 

O que o conceito de sustentabilidade representa para o seu negócio?

Por definição, a sustentabilidade significa suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras. Podemos considerar que a pandemia causou inúmeras alterações comportamentais, e uma das necessidades resultantes do “novo normal” foi a adaptação aos novos modelos de trabalho.

Atualmente, a WeWork se propõe a apoiar as empresas na volta ao trabalho e apoiar as pessoas a entenderem as possibilidades de uma jornada de trabalho sustentável e que esteja alinhada com o que enxergamos como o modelo do futuro. Temos a oportunidade de mudar a história e a forma como trabalhamos para sempre. O escritório não está morto, mas a velha forma de trabalhar, que vem sendo usada há cerca de  300 anos (desde a revolução industrial), está. 

 

 O que significa qualidade de vida para você?

Para mim, qualidade de vida significa ter espaço para equilibrar as responsabilidades do trabalho e da minha vida pessoal, sem sentir culpa por isso. Jantar com meu filho à noite, poder correr quatro dias por semana, receber amigos e pessoas queridas na minha casa e enchê-la de alegria e gargalhadas são a minha definição de qualidade de vida.

Globalmente, estamos enfrentando tempos difíceis, que ressaltaram mais do que nunca a importância que há em balancear os diferentes papéis que se cumprem ao longo de uma jornada diária.

Porque estiveram mais tempo em casa, as pessoas passaram a se questionar mais sobre quais eram suas reais aspirações de vida, para além de uma rotina longa de trabalho. Em muitos casos, elas decidiram mudar de emprego, transicionar de carreira e até empreender, tudo em busca daquilo que as faz sentir realmente realizadas.

Em resumo, a qualidade de vida tem muito a ver com isso: com a chance de articular diferentes papéis sem que qualquer um deles se torne uma sobrecarga e sem perder o foco em suas reais prioridades.

 

Qual o melhor conselho que você recebeu e que ajudou você nos negócios e na vida?

Acredito que seja um conselho dividido em duas partes, o primeiro é “Se permita sonhar”. Acredito que esse seja o ponto de partida para conquistar o que você deseja, em qualquer âmbito da vida. Em seguida, adquira o autoconhecimento para entender suas oportunidades e como elas se aproximam dos seus sonhos, e uma vez que isso esteja claro, vamos para a segunda parte do conselho: “Não perca sua essência e certifique-se que você está pautando suas decisões alinhadas a ela”.

Em relação a um dos meus sonhos, enquanto executiva que defende a participação equalitária de mulheres nos times, processos de decisão e conselhos de administração, acho importante nos convencermos da ideia de que as mulheres têm plena capacidade de ocupar os cargos mais altos e que podem se sentar à mesa! 

Na minha trajetória, isso aconteceu quando tive a orientação para focar nos assuntos que eu domino – entre eles, estão diversidade e transformação digital. Como são temas transversais, hoje tenho a habilidade de contribuir em algumas áreas em diversos conselhos, não importa qual seja o segmento da empresa. Acredito que parte importante de nossa responsabilidade é gerar um movimento para trazer mais mulheres para estes espaços de poder.

 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais