Como não pensaram nisso antes? Um robô feito só para limpar janelas

A indústria de limpeza de janelas movimenta US$ 40 bilhões por ano. E este robô quer conquistar uma fatia desse mercado

Crédito: Skyline Robotics

Jesus Diaz 3 minutos de leitura

Um dos trabalhos mais icônicos do mundo está prestes a desaparecer. Os limpadores de janelas que se penduram nos arranha-céus de Nova York, Londres e outras grandes metrópoles estão com seus dias contados.

Isso porque, após vários testes bem-sucedidos em todo o mundo, a Skyline Robotics lançou o Ozmo, o primeiro sistema automatizado de limpeza de janelas, em um edifício de 45 andares em Manhattan.

O sistema combina robótica avançada, inteligência artificial e sensores sofisticados para limpar janelas três vezes mais rápido do que os humanos. Ele promete transformar completamente o setor, que movimenta US$ 40 bilhões por ano. A limpeza de janelas representa uma grande fatia do mercado global de serviços de limpeza, avaliado em US$ 392 bilhões de dólares em 2023.

Embora essa seja uma péssima notícia para quem ganha a vida limpando janelas, é uma mudança necessária, como já aconteceu em outras profissões de alto risco. “Tarefas perigosas, tediosas e insalubres precisam ser automatizadas”, defende Ross Blum, presidente e diretor de operações da Skyline Robotics.

A empresa pretende automatizar todo o trabalho realizado a mais de cinco metros de altura. Blum acredita que, no curto prazo, pode haver um modelo colaborativo em que robôs e humanos trabalhem juntos para alcançar maior eficiência, especialmente em situações imprevisíveis.

Mas é apenas uma questão de tempo até que a tecnologia e as regulamentações avancem a ponto de eliminar completamente a necessidade de pessoas para esse tipo de trabalho.

Crédito: Skyline Robotics

O Ozmo foi projetado para imitar a forma como os profissionais trabalham, suspensos em uma plataforma no topo dos prédios. Equipado com dois braços robóticos, ele realiza a limpeza sob a supervisão de um operador humano, que ainda é necessário devido aos requisitos regulatórios.

Os robôs são equipados com tecnologia Lidar, um tipo de sensor de detecção e telemetria da luz, que mapeia o ambiente em 3D, permitindo que eles determinem com precisão sua posição em relação à fachada do prédio.

O sistema escaneia cada canto e curva, ajustando-se em tempo real para garantir uma limpeza ideal. Após anos de desenvolvimento, os algoritmos garantem um funcionamento confiável sob várias condições.

Uma das características mais importantes do Ozmo é seu “sentido de toque”. Graças a sensores de força, o robô ajusta a pressão que aplica às janelas, com base na fragilidade do vidro, o que é crucial para proteger superfícies mais delicadas ou complexas.

Crédito: Skyline Robotics

Além disso, embora o hardware seja o mesmo para diferentes edifícios, seu software e algoritmos são capazes de se adaptar a diferentes tipos de janelas, alturas e estruturas, garantindo um sistema versátil para diversos designs arquitetônicos.

Superar desafios tecnológicos, como gerenciamento dos dados, pressão da água e automação da plataforma em grandes alturas, foi fundamental para o desenvolvimento do robô.

UM DESTINO INEVITÁVEL

O Ozmo opera como uma plataforma de “robô como serviço” (ou RaaS, na sigla em inglês) – o valor cobrado é calculado com base em fatores como a área a ser limpa e a quantidade de ciclos de limpeza por ano.

Segundo a Skyline Robotics, esse modelo oferece mais flexibilidade, permitindo que os edifícios programem limpezas mais frequentes, além de fornecer dados detalhados sobre as operações diárias.

Embora o Ozmo ainda exija a presença de um operador humano, a empresa planeja lançar uma versão totalmente autônoma no futuro, eliminando a necessidade de supervisão manual. Contudo, Blum ressalta que a equipe atual continuará desempenhando algum papel.

Crédito: Skyline Robotics

“As pessoas que realizam esse trabalho são incríveis, e sempre as imaginamos fazendo parte do futuro”, diz ele, acrescentando que esses trabalhadores poderão migrar para funções de manutenção ou assistência técnica.

Essa pode ser uma boa solução a curto prazo, mas também é um pouco ingênua. Historicamente, a automação já eliminou muitos empregos que antes eram considerados essenciais para a sociedade. É apenas uma questão de tempo até que o mesmo aconteça com algo tão arriscado e repetitivo quanto a limpeza de janelas.

A Skyline Robotics vê a implementação do Ozmo em Nova York como apenas o começo. Com patentes já registradas no Japão e em Singapura, a empresa planeja expandir suas operações globalmente.


SOBRE O AUTOR

Jesus Diaz fundou o novo Sploid para a Gawker Media depois de sete anos trabalhando no Gizmodo. É diretor criativo, roteirista e produ... saiba mais