Purificadores de ar em creches reduzem os casos de problemas respiratórios

Estudo revela que sistemas de purificação de ar podem ajudar a conter a propagação de doenças

Crédito: archideaphoto/ iStock

Kristin Toussaint 3 minutos de leitura

Todo pai ou mãe que já viu seu filho pequeno tossindo ou com o nariz entupido sabe que as creches podem ser um terreno fértil para a propagação de doenças. A boa notícia é que um novo estudo aponta uma solução. Algumas creches em Helsinque, na Finlândia, começaram a usar purificadores de ar e viram o número de doenças entre as crianças cair 18%.

Um projeto conjunto envolvendo universidades e empresas finlandesas nas áreas de engenharia, design e qualidade do ar chamado E3 Excellence in Pandemic Response and Enterprise Solutions (E3 Excelência em Resposta à Pandemia e Soluções Empresariais), ou simplesmente E3, focado em controlar a disseminação de doenças, divulgou recentemente os resultados desse estudo que durou dois anos.

A pesquisa ressalta a importância da qualidade do ar interno para a nossa saúde – e desafia a ideia de que vírus são transmitidos principalmente através de gotículas ou contato direto.

Os cientistas aprenderam esta lição logo no início da pandemia de Covid-19. Nas primeiras semanas, a recomendação era manter uma distância de dois metros e lavar as mãos com frequência.

Com o tempo, os pesquisadores descobriram que o vírus também se espalhava pelo ar, por meio de pequenas partículas que permanecem suspensas e se movem bem além dos dois metros indicados inicialmente.

PURIFICADORES DE AR EM CRECHES

O estudo do E3 foi realizado em quatro creches, todas equipadas com sistemas de ventilação e com boa qualidade do ar. No primeiro ano, purificadores portáteis foram instalados em duas delas; no segundo, foram transferidos para as outras duas. Os pesquisadores buscaram dobrar a quantidade de ar limpo nos ambientes, instalando purificadores suficientes.

Ao todo, 51 crianças participaram do estudo e tiveram sua saúde monitorada em diários eletrônicos ao longo de dois invernos. As creches sem os purificadores de ar serviram como grupos de controle e os pesquisadores os alternaram para avaliar como diferentes doenças podem se espalhar em diferentes grupos.

Crédito: Galina Kovalenko/ iStock

O resultado foi uma redução de 18% nas infecções, sendo que o uso de purificadores foi a única medida adotada para reduzir a transmissão.

Sistemas de ventilação e purificadores de ar atuam apenas sobre partículas suspensas (não sobre germes em superfícies, por exemplo). A equipe que conduziu o estudo destaca que os resultados demonstram a alta probabilidade de transmissão aérea de vírus e que a purificação do ar sozinha pode ajudar a prevenir um grande número de infecções.

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DO AR INTERNO

A Covid-19 trouxe mais atenção para a qualidade do ar em ambientes fechados, além de evidenciar que doenças respiratórias podem se espalhar pelo ar, e não apenas por contato direto ou quando alguém tosse ou espirra perto de você. Durante a pandemia, muitos pesquisadores ressaltaram a importância de monitorar e regular a qualidade do ar em espaços internos.

Isso não só ajuda a prevenir doenças, mas também pode trazer uma série de outros benefícios. Estudos mostram que uma maior qualidade do ar em ambientes fechados, proporcionada por sistemas de filtragem, pode aumentar o desempenho de estudantes em provas. Além disso, o acúmulo de CO2 em espaços internos pode causar sonolência, dores de cabeça e até prejudicar a capacidade de tomada de decisão.

A pesquisa ressalta a importância da qualidade do ar em ambientes internos para a nossa saúde.

Os purificadores de ar se tornaram um item comum para pessoas que vivem em áreas afetadas pela fumaça de incêndios florestais, para quem usa fogões a gás e para qualquer um que deseja respirar um ar mais limpo dentro da sua casa.

Joseph G. Allen, diretor do programa de edifícios saudáveis da Escola de Saúde Pública de Harvard, destaca que a poluição dentro dos lares pode ser de cinco a 10 vezes pior do que ao ar livre.

“O foco agora é evitar doenças infecciosas – e com razão”, escreveu ele em um artigo para a Fast Company em 2021. “Mas há muito mais acontecendo dentro da sua casa que merece atenção. Criar um ambiente seguro e saudável significa também prestar atenção ao ar que você respira.”


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais