Adivinhe quem quer mudar o jeito como fazemos buscas na internet? O Google

Agora, não se trata apenas de respostas rápidas, mas de explorar assuntos

Créditos: Google/ Steve Johnson/ Unsplash

Mark Wilson 4 minutos de leitura

Quando o Google lançou o AI Overview, o grande público teve acesso ao poder da busca com inteligência artificial. Em vez de uma lista de links, o modelo Gemini oferece um único resultado – e, às vezes, até adiciona algumas informações extras, na tentativa de fornecer uma resposta definitiva para a pesquisa.

Mas agora a empresa está mudando essa estratégia. Em vez de entregar uma única resposta, o novo sistema de busca por IA é projetado para ajudar o usuário a explorar várias possibilidades.

Esses novos recursos estarão disponíveis nos resultados de consultas sobre receitas e restaurantes em dispositivos móveis nas próximas semanas, e depois vão se expandir para as áreas de viagens e compras.

“Sabemos que as pessoas gostam de navegar, e existe um certo prazer em descobrir coisas novas... Nem sempre se trata de uma resposta rápida”, afirma Rhiannon Bell, vice-presidente de experiência do usuário no Google. “Estamos reformulando a busca de um jeito que seja mais natural e focado no conteúdo.”

Visualmente, isso significa que muitos resultados vão se parecer menos com uma simples lista de links e mais com clusters multimídia. Alguns incluirão thumbnails que levam a diferentes receitas e outros trarão subtemas e variações para explorar.

Enquanto um apresenta resultados para macarrão à primavera, por exemplo, outro pode mostrar receitas para dietas restritivas ou com ingredientes específicos, e um terceiro pode explorar técnicas de preparo de massas.

“A IA facilitou muito esse processo para nós, possibilitando uma maior diversidade de tópicos e subtemas relevantes nas pesquisas. Antes, as respostas eram diretamente relacionadas às palavras-chave. Agora, podemos ramificá-las e oferecer mais conteúdo sobre subtemas que também podem interessar aos usuários”, explica Bell.

Crédito: Google

O Google vai exibir esses conjuntos de resultados de várias maneiras diferentes – uns com imagens, outros apenas com manchetes e alguns que trazem trechos curtos de fóruns de discussão. Assim, conforme você rola a página, os resultados se tornam mais variados, ganhando uma aparência mais parecida com uma publicação do que uma página de busca tradicional.

“À medida que a internet cresce e evolui, surgem mais formatos diferentes. Não temos mais apenas links; agora temos fóruns, perspectivas humanas, conteúdos ricos em imagens, vídeos curtos e longos”, diz Bell. “Diante desta riqueza de formatos, precisamos evoluir nossa estratégia de produto para atender às necessidades das pessoas.”

UMA NOVA ESTRATÉGIA DE ENGAJAMENTO

Quando se trata de design de informação, é difícil discordar da nova estratégia. Nem toda informação deve ser apresentada da mesma forma, e nem todas as perguntas podem ser respondidas com uma única resposta. A IA abre possibilidades de design que antes nem imaginávamos.

Recentemente, o Google também adicionou novos recursos de busca ao Lens, que vão além da simples digitação na barra de pesquisa. Agora, é possível gravar um vídeo enquanto faz uma pergunta por voz ou circular um item em uma foto para procurar onde comprá-lo. Esses estilos de busca multimodais certamente terão um papel cada vez maior nos produtos da empresa.

Crédito: Google

É natural que o Google esteja ajustando seu design para expandir e reposicionar sua estratégia. Além de pagar cerca de US$ 15 bilhões por ano à Apple para ser o mecanismo de busca padrão nos iPhones, a empresa tem enfrentado a concorrência do ChatGPT/ Bing e do TikTok – que se tornou a principal fonte de informação da geração Z.

Mesmo assim, afirma que a busca com IA tem, na verdade, aumentado sua receita. O Google pretende adicionar anúncios ao AI Overview, junto com os links externos para as fontes dos resultados.

A nova estratégia – que aprofunda a experiência de navegação em uma página visualmente mais agradável – parece ser uma tentativa de aumentar o engajamento. É uma maneira de fazer com que as pessoas passem mais tempo explorando a web.

o novo sistema de busca por IA é projetado para ajudar o usuário a explorar várias possibilidades.

No entanto, é difícil não ver uma página cheia de receitas, organizadas de forma tão eficiente pela IA, como algo que compete diretamente com os sites. Afinal, se você está descobrindo coisas no Google, não está visitando outras páginas ou lojas.

Apesar de ainda não exibir qualquer tipo de publicidade, a empresa confirmou que, em breve, os anúncios – um ponto central no processo antitruste que a empresa enfrenta – estarão “espalhados por toda a experiência de busca”. Isso significa que o Google vai usar o novo design para monetizar as informações de uma nova maneira.

Qual será o futuro do mecanismo de busca mais usado do mundo? Um assistente como o Copilot, da Microsoft? Ou algo como um Flipboard mais inteligente? Por enquanto, a empresa acredita que pode ser ambos. Desde que todos continuemos “googlando”.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais