Redes sociais proporcionam suporte e conexão para adolescentes LGBTQ+

As redes sociais e os relacionamentos parassociais podem oferecer um senso de conexão, revela uma nova pesquisa com jovens LGBTQ+

Créditos: Milad Fakurian/ Unsplash/ Gabriel Pevide/ Hutangac/ iStock

Shalene Gupta 2 minutos de leitura

As redes sociais e a internet estão sendo apontadas como responsáveis por grande parte da crise de saúde mental dos jovens. Porém, para os jovens LGBTQ+, elas podem ser uma importante fonte de conexão social.

A Hopelab, uma empresa que investe na melhoria da saúde mental dos jovens, fez uma pesquisa com mais de 1,5 mil adolescentes e jovens adultos LGBTQ+ com idades entre 13 e 22 anos. O estudo não contém dados sobre como os comportamentos em redes sociais deste grupo se comparam aos de jovens não LGBTQ+.

A organização descobriu que redes sociais, chatbots de IA e relacionamentos parassociais (relacionamentos unilaterais com celebridades ou personagens fictícios) podem oferecer oportunidades importantes de conexão e apoio. Veja a seguir os principais destaques:

1. A internet cria oportunidades para relacionamentos parassociais

Mais da metade dos entrevistados declarou usar a internet várias vezes ao dia, 36% quase constantemente. Mais de 60% disseram ter interagido com seu criador de conteúdo favorito e 38% disseram ter recebido uma resposta.

2. Os relacionamentos parassociais são importantes para os jovens LGBTQ+

Quase 40% relataram um forte envolvimento com alguma figura midiática. Cerca de 54% relataram ter um forte apoio parassocial, o que significa que confiam em alguma figura midiática e a consideram importante.

Esse sentimento de conexão pode ajudar na aceitação de sua identidade: 62% dos entrevistados trans que relataram forte apoio parassocial também relataram ter forte orgulho trans, em comparação com 46% com baixo apoio parassocial.

3. Os jovens LGBTQ+ estão indecisos em relação aos chatbots com IA

Cerca de 40% já conversaram com um chatbot de IA durante vários dias como se fosse um amigo, mas 44% disseram que não estariam dispostos a conversar com um chatbot de IA. 

Conversar com um chatbot como se fosse um amigo é mais comum entre os homens do que entre as mulheres (50% vs. 43%) e entre os entrevistados transgêneros e não binários do que entre os cisgêneros (53% vs. 42%). Os entrevistados de áreas rurais usaram mais do que os que vivem em áreas periféricas e urbanas (42% vs. 37%).

62% dos entrevistados trans que relataram forte apoio parassocial também relataram ter forte orgulho trans.

Nas entrevistas de acompanhamento, os participantes observaram que os chatbots sempre respondem às mensagens. No entanto sentiram que, com o passar do tempo, isso piorou suas habilidades sociais, porque perceberam que os chatbots permitem que as pessoas evitem ter conversas difíceis.

As entrevistas revelaram um desejo geral de conexão com outros jovens LGBTQ+, especialmente entre aqueles que têm famílias que não aceitam sua sexualidade ou identidade de gênero.

“Sinto que sou menos odiado na internet do que na minha própria casa por causa do meu gênero e isso é angustiante”, disse um entrevistado trans. “Sinto-me mais aceito por pessoas da internet que são trans como eu do que pela minha própria família.”


SOBRE A AUTORA

Shalene Gupta é jornalista e escritora, co-autora do livro "The Power of Trust: How Companies Build It, Lose It, Regain It". saiba mais