Na guerra das redes sociais, o Facebook quer reconquistar a geração Z

A popularidade da plataforma entre os jovens despencou e um novo design busca atrair esses usuários de volta

Créditos: Freepik/ Pixabay

Henry Chandonnet 3 minutos de leitura

O Facebook nasceu como uma rede social exclusiva para estudantes de Harvard. Hoje, no entanto, é difícil encontrar universitários nos Estados Unidos que ainda usam a plataforma.

Nos últimos 10 anos, o número de adolescentes norte-americanos no Facebook caiu de 71% para 33%. Um novo design busca trazer de volta esses jovens, apostando em recursos populares, como os Grupos e o Marketplace, além de criar uma página “Explorar” no estilo TikTok. Mas um simples redesenho pode não ser suficiente para reacender o interesse da geração Z.

O que antes era considerado o ápice da tecnologia, agora é visto como uma rede “do passado” por muitos jovens. Isso fica evidente na diferença dos números: em 2023, apenas 33% dos adolescentes norte-americanos usavam o Facebook, de acordo com o Pew Research Center. Em comparação, 68% dos adultos continuam usando o aplicativo, fazendo dele o segundo app de mídia social mais popular entre adultos nos EUA.

A empresa parece reconhecer essa queda. Em maio, o Facebook realizou um evento focado nos “próximos 20 anos” da plataforma. “Ainda somos para todos”, disse Tom Alison, chefe do Facebook na Meta, segundo a Mashable. “Mas também reconhecemos que, para nos manter relevantes, precisamos criar pensando na geração Z.” A Meta não respondeu quando procurada para comentar o assunto.

Há várias razões para o desinteresse da geração Z. A plataforma esteve envolvida em escândalos políticos desde 2016, ano que marcou a primeira grande eleição que muitos jovens dessa geração presenciaram.

Houve o caso da Cambridge Analytica, a teoria da conspiração do “Pizzagate” e, mais recentemente, a enxurrada de conteúdo político gerado por IA no feed. Esses problemas não devem desaparecer tão cedo, já que o ex-presidente Donald Trump continua afirmando que Mark Zuckerberg teria prometido apoio à sua candidatura para 2024, algo que a Meta nega.

Embora o Facebook ofereça opções de fotos e vídeos, grande parte do conteúdo ainda é baseado em texto, um formato que a geração Z está deixando de lado.

Entre os quatro aplicativos monitorados desde 2014, apenas Facebook e Twitter – também focado em texto – registraram queda de uso entre adolescentes. Snapchat e Instagram, mais voltados a imagens e vídeos, tiveram crescimento. E o YouTube continua imbatível, com 93% de adesão entre os jovens.

A principal razão dos usuários para acessar o Facebook é se conectar com outras pessoas. Isso aparece nos dados: entre os usuários da plataforma, 93% afirmam usar o app para manter contato com amigos e familiares. Se seus colegas da geração Z não estão lá, essa função perde relevância.

Uma pesquisa de 2023 da Savanta mostrou uma queda constante na motivação de “manter contato” ao longo dos últimos oito anos. Em 2015, 82% dos jovens usavam o Facebook para se conectar. Em 2023, esse número caiu para 45%.

REDESENHO PODE RECONQUISTAR A GERAÇÃO Z?

Com o redesenho, o Facebook quer aproveitar o que sempre atraiu a geração Z. O Marketplace, por exemplo, é um dos recursos mais populares entre os jovens, visto como um lugar para encontrar ótimos produtos de segunda mão.

Entre quatro aplicativos monitorados desde 2014, Facebook e Twitter registraram queda de uso entre adolescentes.

A nova aba Local vai reunir conteúdo do Marketplace, Grupos e Eventos para criar um feed mais focado na localização.

O aplicativo também está buscando atrair usuários do TikTok, unificando o conteúdo na página Explorar, com rolagem infinita. O Facebook Reels será destaque nessa página. A plataforma não é a única apostando nessa estratégia: recentemente, o Snapchat também anunciou um redesenho com um único feed de vídeos verticais.

Ainda não sabemos se esses novos recursos serão suficientes para atrair a geração Z. É difícil se livrar da fama de “dinossauro da tecnologia”. Mas, se o Facebook quiser sobreviver por mais tempo, terá que tentar.


SOBRE O AUTOR

Henry Chandonnet é escritor e editor baseado em Nova York. Atualmente, trabalha como estagiário editorial na Fast Company, onde cobre ... saiba mais