Há duas semanas da eleição, Trump vai perdendo a batalha no TikTok

O candidato republicano enfrenta muito mais críticas na plataforma do que sua adversária, a vice-presidente Kamala Harris

Créditos: Kevin Dietsch/ Getty Images/ Nitish Gupta/ Pixabay

Eve Upton-Clark 2 minutos de leitura

A influência do TikTok na eleição presidencial norte-americana de 2024 se tornou inegável, com ambas as campanhas apostando na ideia de que, se não pode vencê-los, junte-se a eles. Mas essa estratégia não tem funcionado muito bem para o candidato republicano Donald Trump.

Uma análise exclusiva da “Newsweek revela que a campanha de Trump está sendo ofuscada por uma avalanche de conteúdo contrário a ele na plataforma.

Nos últimos dois meses, mais de 15,3 mil vídeos críticos ao ex-presidente acumularam 2,6 bilhões de visualizações, superando em muito os 12,5 mil posts que criticam a vice-presidente Kamala Harris, que somaram menos da metade desse número.

Os dados de engajamento seguem a mesma tendência, com os conteúdos anti-Trump recebendo 270 milhões de curtidas, compartilhamentos e comentários – mais que o dobro das 102 milhões de interações em vídeos contra Harris, informa a “Newsweek”.

De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, 40% dos jovens adultos com menos de 30 anos consomem regularmente notícias no TikTok, um salto expressivo em relação aos 9% de 2020.

A campanha de Harris investiu cedo na plataforma para tentar alcançar esse público crescente, que usa o aplicativo para se manter informado. Já a campanha de Trump ficou para trás e, desde então, tenta recuperar o atraso.

Apesar do desempenho desanimador até o momento, a equipe do candidato republicano mantém uma postura otimista. “O presidente Trump atraiu uma comunidade altamente engajada no TikTok. A conta @realdonaldtrump, a conta da nossa campanha @teamtrump e as hashtags associadas já geraram mais de 10 bilhões de visualizações únicas, o que comprova que ele tem uma aura inigualável”, disse Caroline Sunshine, diretora adjunta de comunicações da campanha, à “Newsweek”.

Apenas um dia após entrar no TikTok, Trump ganhou três milhões de seguidores na plataforma – a mesma que ele tentou banir durante seu governo, alegando motivos de segurança nacional. Agora, o candidato conta com 11,8 milhões de seguidores. Entre seus vídeos mais populares estão compilações de seus comícios e encontros com influenciadores como Adin Ross e Logan Paul.

Crédito: Reprodução/ YouTube

A equipe de Harris, por outro lado, adotou uma estratégia claramente voltada para a geração Z, o que parece estar surtindo efeito. Usando humor e tendências virais, eles encontraram uma maneira de se conectar com o público jovem, um segmento demográfico essencial para o partido.

Também usam as próprias táticas de Trump contra ele em alguns de seus vídeos mais populares, fazendo piada e zombando do candidato.

Quando o furacão Milton ganhou destaque na mídia, a campanha de Harris postou um vídeo ironizando a famosa frase do ex-presidente sobre o furacão Florence ter sido “um dos mais úmidos que já vimos, do ponto de vista da água”. Em outro, chamou um dos discursos desconexos do adversário de “delulu” – gíria da geração Z para “delirante”.


SOBRE A AUTORA

Eve Upton-Clark é jornalista especializada em cultura digital e sociedade. saiba mais