5 habilidades de IA que é preciso dominar para não ficar para trás
Como enxergar oportunidades onde outros veem ameaças enquanto você se adapta e inova em meio às mudanças
Como especialista em inteligência artificial, Pascal Bornet desenvolveu um conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso neste novo cenário tecnológico. Ex-executivo das consultorias McKinsey e EY, ele vem implementando projetos de IA em empresas ao redor do mundo nos últimos 25 anos.
A seguir, Bornet compartilha insights importantes de seu novo livro, “Irreplaceable: The Art of Standing Out in the Age of Artificial Intelligence” (Insubstituível: A Arte de Se Destacar na Era da Inteligência Artificial).
1. Por que é urgente nos tornarmos insubstituíveis
Estamos próximos de uma grande transformação impulsionada pela inteligência artificial e tornar-se insubstituível é uma necessidade urgente. Deixe-me apresentar um conceito que chamo de “obesidade da IA”.
Assim como nos acostumamos com o fast food, estamos agora habituados à criatividade, conexões e decisões rápidas. Estamos nos contentando com o “suficiente” e, com isso, perdemos empregos, negócios e até parte de nossa humanidade.
Mas a IA em si não é o problema. Nenhuma tecnologia é intrinsecamente boa ou ruim; tudo depende de como a usamos. A inteligência artificial oferece grandes benefícios, mas também pode trazer riscos.
Para evitá-los e prosperar neste novo cenário, é preciso desenvolver as habilidades certas – que envolvem estar pronto para a IA, para a humanidade e para as mudanças. Não temos mais tempo para nos requalificar entre um emprego e outro. Precisamos agir agora para nos tornarmos insubstituíveis.
2. Estar pronto para a IA
Estar pronto para a inteligência artificial não se trata apenas de saber usar as ferramentas mais recentes. É sobre mudar a forma como encaramos e lidamos com o trabalho e com a vida em um mundo moldado por ela. Para as pessoas, isso significa:
- Desenvolver uma mentalidade de IA: priorizar eficiência em vez do esforço, valor em vez quantidade e colaboração em vez controle. Trata-se de trabalhar de maneira inteligente, não necessariamente mais.
- Aproveitar estrategicamente a IA: identificar quais tarefas podem ser automatizadas ou aprimoradas pela inteligência artificial e quais ainda precisam do toque humano.
- Manter-se atualizado: o cenário tecnológico está mudando rapidamente, e é fundamental acompanhar essas transformações.
Para as empresas, isso envolve mais do que simplesmente implementar sistemas. É preciso cultivar uma cultura que abrace a tecnologia, assegurando seu uso ético e mitigando riscos.
Para isso, é fundamental conquistar a confiança dos funcionários, clientes e parceiros – o que significa ser transparente em relação à adoção da inteligência artificial e comunicar seu papel de forma clara.
As empresas devem, por exemplo, ser abertas quanto ao uso da IA na tomada de decisões, demonstrando como isso traz benefícios para todos. A confiança será essencial para o futuro dos negócios.
3. Estar preparado para a humanidade
À primeira vista, essa habilidade pode parecer paradoxal. Mas, com a inteligência artificial assumindo características cada vez mais próximas às nossas, precisamos fortalecer aquilo que nos torna únicos para ter sucesso. Nossas habilidades humanas serão nosso maior trunfo, permitindo-nos trabalhar em sinergia com a IA e realizar feitos que nem nós nem ela poderíamos alcançar sozinhos.
Identifiquei três habilidades que a inteligência artificial não consegue replicar de forma autêntica. Essas habilidades estão profundamente enraizadas nas nossas experiências pessoais, emoções e essência humana:
- Criatividade genuína: vem de experiências pessoais e profundidade emocional únicas – áreas onde a IA apenas combina ideias, sem criar algo verdadeiramente novo.
- Pensamento crítico: vai além da capacidade de processar dados. Engloba julgamentos sutis e considerações éticas que só humanos podem oferecer.
- Autenticidade social: embora a IA consiga simular interações, apenas humanos podem construir conexões significativas e profundas, baseadas em empatia e consciência genuína.
Para as empresas, estar pronto para a humanidade significa criar uma cultura que valorize e desenvolva essas habilidades. No mundo dos negócios, onde todos utilizam os mesmos sistemas, o diferencial está em combinar estrategicamente as nossas habilidades e as da IA.
4. Estar pronto para as mudanças
Essa talvez seja a habilidade mais importante de todas. Acredito firmemente que, na era da inteligência artificial, o sucesso não será medido pela força ou inteligência, mas pela capacidade de adaptação.
Nossas habilidades humanas serão nosso maior trunfo, permitindo-nos trabalhar em sinergia com a IA.
A razão é simples: a IA não está apenas transformando as coisas; ela está acelerando o ritmo das transformações. E isso está acontecendo a uma velocidade cada vez maior. Nos próximos 10 anos, veremos tantas inovações quanto vimos ao longo do último século.
Para as pessoas, estar pronto para as mudanças significa desenvolver resiliência e adaptabilidade. Para empresas, trata-se de criar estruturas e culturas que prosperem em meio à disrupção, incentivando inovação e flexibilidade. Isso não se resume a reagir; é preciso antecipar e até provocar transformações.
Aqueles que dominarem essas habilidades serão capazes de identificar oportunidades onde outros enxergam ameaças.
5. Reimaginar a educação para a era da IA
O sistema educacional atual, projetado para a Era Industrial, é inadequado para preparar as crianças para um mundo impulsionado pela IA. Ainda estamos focando em memorização e testes padronizados, quando deveríamos estar incentivando a criatividade, o pensamento crítico e a inteligência emocional.
Proponho uma mudança radical. Em vez de banir a IA nas escolas, devemos ensinar as crianças a trabalhar com a tecnologia de maneira eficaz e ética. Imagine uma sala de aula onde os alunos utilizem a inteligência artificial para aprimorar seu aprendizado e sejam ensinados a avaliar criticamente as informações geradas pela IA e a acrescentar seu toque humano.
Trata-se de preparar as crianças para um futuro no qual a própria natureza do trabalho pode ser radicalmente diferente, impactando seus propósitos de vida. Também é sobre ensiná-las a aprender, desaprender e reaprender, pois, em um mundo em constante mudança, essa é a habilidade mais essencial de todas.
Este artigo foi publicado originalmente no “Next Big Idea Club” e reproduzido com permissão.