Por que a Sony “matou” o Concord e fechou o estúdio que desenvolveu o game

Jogo ficou no ar por menos duas semanas e será encerrado permanentemente

Crédito: Sony

Chris Morris 3 minutos de leitura

A Sony Interactive Studios está fazendo cortes tão agressivos que até Kratos, de God of War, ficaria impressionado. Esta semana, a gigante dos games anunciou o fechamento de dois estúdios internos e o “encerramento permanente” de Concord, o jogo de tiro multiplayer online que foi retirado do ar menos de duas semanas após seu lançamento.

É um desfecho amargo para um game (e para o estúdio) que a Sony apoiou por quase uma década e que pode levar a um prejuízo superior a US$ 100 milhões.

“Passamos os últimos meses avaliando todas as opções”, escreveu Hermen Hulst, CEO do Studio Business Group da Sony Interactive Entertainment, em um post no blog da empresa.

“Depois de muita reflexão, optamos por encerrar o jogo e fechar o estúdio. Gostaria de agradecer a toda a equipe da Firewalk [Studios] pelo talento, criatividade e dedicação.”

A Firewalk passou cerca de oito anos desenvolvendo Concord (mais que o dobro do tempo médio de produção de um jogo) e a Sony tinha grandes expectativas para a franquia. O estúdio contava com cerca de 150 funcionários, incluindo veteranos de empresas como Bungie e Activision. Embora a desenvolvedora não tenha revelado o valor investido, algumas estimativas apontam um gasto superior a US$ 200 milhões.

Quando Concord foi retirado do ar no mês passado, a Sony deu a entender que estava considerando transformá-lo em um game free-to-play (gratuito, mas com compras dentro do jogo).

No entanto, em seu post, Hulst – conhecido internamente por ser um grande apoiador do projeto – foi direto: “o gênero de tiro PvP em primeira pessoa é extremamente competitivo e está sempre em evolução. Infelizmente, não conseguimos alcançar nossos objetivos com esse título”.

OUTRO ESTÚDIO TAMBÉM FOI FECHADO

A Sony também decidiu fechar o estúdio Neon Koi, especializado em jogos para dispositivos móveis. Hulst explicou que a empresa ainda está nos estágios iniciais de exploração do mercado mobile e acredita que os recursos destinados ao estúdio poderiam ser mais bem aproveitados para fortalecer a marca PlayStation como um todo.

“Embora o mercado mobile continue sendo uma área prioritária de crescimento para o Studio Business, precisamos focar nossos esforços em títulos que estejam alinhados com o padrão de qualidade do PlayStation Studios e que tenham potencial de alcançar mais jogadores no mundo todo”, escreveu.

Crédito: Reprodução de tela

O encerramento de Concord e da Firewalk lança luz sobre o futuro da Sony Interactive. O game seria o carro-chefe da entrada da empresa no mercado de jogos de serviço ao vivo (multiplayer online com atualizações e novos conteúdos ao longo do tempo).

A Sony afirma que pretende “evoluir com as lições aprendidas” com o fracasso de Concord para “promover o crescimento futuro nessa área”. Mas o tempo está se esgotando.

PERSPECTIVAS PARA A INDÚSTRIA DE GAMES

A indústria de games está mudando seu foco dos consoles para o streaming, seguindo a tendência do setor de entretenimento – música, cinema e TV. Um jogo de serviço ao vivo de sucesso, como Fortnite, pode gerar bilhões de dólares.

A Sony precisa expandir sua presença além do PlayStation enquanto a indústria se reinventa – embora muitos de seus primeiros esforços nesta categoria não tenham sido bem-sucedidos.

Crédito: Playstation Studio

Mas nem tudo está perdido. No início do ano, a empresa teve sucesso no mercado de serviços ao vivo com Helldivers 2. Um multiplayer de Horizon Zero Dawn ainda está em desenvolvimento, assim como o próximo jogo de tiro da Bungie, Marathon, previsto para 2025.

Tudo isso ocorre em um momento no qual a indústria de games passa por um período de crescimento lento. Um relatório da NewZoo, publicado em agosto, prevê um crescimento anual de 2,1%, revisado para baixo em relação aos 2,8% projetados em janeiro.

Além disso, a temporada de festas de fim de ano será atípica para todo o setor, com escassez de grandes lançamentos. A Sony, por exemplo, não tem nenhum título de peso de seus estúdios internos previsto para lançamento.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais