O futuro da computação quântica no Brasil: potencial, desafios e oportunidades
Hoje, a inteligência artificial é a protagonista, mas a computação quântica se posiciona como a tecnologia do futuro
Nos últimos anos, a computação quântica tem ganhado destaque não apenas no Brasil, mas globalmente, como uma tecnologia com o potencial de transformar radicalmente diversos setores. De acordo com dados do IDC, os investimentos nesse mercado devem atingir cerca de US$ 16,4 bilhões até 2027.
O reconhecimento dessa revolução é tão significativo que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas, uma iniciativa que visa fomentar a pesquisa e a divulgação dos conceitos fundamentais dessa área.
A computação quântica se baseia na utilização de qubits, que, diferentemente dos bits tradicionais, podem existir em múltiplos estados simultaneamente. Essa propriedade permite que problemas complexos, que seriam inacessíveis para os supercomputadores convencionais, sejam resolvidos com eficiência.
Exemplos práticos de sua aplicação já estão surgindo, especialmente em áreas críticas como a prevenção de desastres climáticos e a otimização de recursos naturais.
No The Developers Conference (TDC), maior encontro de profissionais de tecnologia da América Latina, já estamos desenvolvendo painéis e palestras com o tema. Na edição de São Paulo deste ano, que aconteceu em setembro, realizamos um fórum exclusivo dedicado à computação quântica, reunindo líderes, pesquisadores e profissionais para discutir as tendências e as inovações que essa tecnologia pode trazer para o futuro.
Um dos destaques foi a palestra de Gustavo Arruda, fundador da QuaTi, uma startup que se destaca no uso da computação quântica para prever desastres climáticos. Ele compartilhou a experiência da empresa em utilizar redes neurais híbridas para melhorar a precisão nas previsões meteorológicas, um passo fundamental para que governos e empresas possam tomar decisões preventivas em relação a eventos extremos, como enchentes.
Para entender como a computação quântica funciona na prática, Rogerio Ruivo, cofundador da Dobslit, uma das primeiras iniciativas comerciais de computação quântica do Brasil, levou o Mini Gemini para o TDC: um computador quântico educacional baseado em Ressonância Magnética Nuclear (RMN).
O equipamento é utilizado para ensinar os fundamentos da tecnologia, em conjunto com os cursos da Dobslit. Um modelo semelhante está instalado na Escola Paulo Skaf, do Senai São Paulo.
A importância desse tipo de tecnologia não pode ser subestimada. Na mesma área, Alexandre Ramos, professor da Universidade de São Paulo, observou que a simulação de reações químicas com computadores quânticos pode levar a inovações significativas que ajudarão a enfrentar as mudanças climáticas.
Essa intersecção entre a computação quântica e a ciência ambiental ilustra como essa tecnologia pode ser uma aliada na busca por soluções sustentáveis.
A computação quântica já é usada na prevenção de desastres climáticos e na otimização de recursos naturais.
Além de Alexandre Ramos, o professor Tito José Bonagamba , da USP, também esteve presente no evento e falou sobre o Computador Quântico de RMN de 3 qubits, desenvolvido em São Carlos, que é fundamental para a soberania brasileira.
O Brasil está se preparando para essa transformação. O TDC tem sido um espaço fundamental para discutir como podemos nos adaptar e prosperar nesse novo paradigma tecnológico. A colaboração entre academia, startups e grandes empresas será crucial para que possamos desbravar as possibilidades que a computação quântica nos oferece.
Em um cenário no qual grandes empresas já contam com executivos dedicados à computação quântica, é evidente que estamos à beira de uma nova era tecnológica. Hoje, a inteligência artificial é a protagonista, mas a computação quântica se posiciona como a tecnologia do futuro. Portanto, precisamos nos preparar para as mudanças que ela trará.
E a sua empresa? Já está se preparando para essa nova era?