Nem mesmo o YouTube vai conseguir ficar de fora da rolagem infinita

Uma das únicas plataformas que limita conteúdos agora está testando um modelo de feed infinito

Créditos: Eyestetix Studio/ Kelly Sikkema/ Unsplash

Henry Chandonnet 2 minutos de leitura

O YouTube é uma das únicas redes sociais que limita conteúdos, apostando em uma curadoria cuidadosa. Mas isso pode estar prestes a mudar. A plataforma está testando um novo modelo, no qual basta arrastar um vídeo para cima para receber outro.

Embora o YouTube Shorts já permita a rolagem vertical, isso é uma novidade para os vídeos longos da plataforma. Em essência, esse novo modelo cria um feed infinito – a cada deslizar de dedo, um novo vídeo surge na tela.

Se isso parece familiar, é porque aplicativos como TikTok, Instagram e Facebook já usam rolagem infinita há anos. Esse formato alimenta o chamado doomscrolling – o hábito de passar horas rolando o feed, sem chegar ao fim. Agora, o YouTube parece querer uma fatia desse mercado.

Um grupo pequeno de usuários de Android já pode testar a novidade nos vídeos tradicionais da plataforma. A navegação é simples: basta arrastar o vídeo para cima e outro começa automaticamente.

Apesar de só ter ganhado atenção agora, a novidade já havia sido mencionada em um comunicado de 12 de agosto, no qual a empresa citava “novas formas de descobrir conteúdo”, incluindo “novos feeds de vídeos longos”. No entanto, o lançamento global do recurso depende do feedback dos usuários que estão testando o novo formato.

No X/ Twitter, as reações têm sido em grande parte negativas. Um usuário comentou: “isso é tão frustrante que me fez vir ao Twitter para saber se as pessoas também estão irritadas”.

Outro explicou por que esse modelo funciona no TikTok, mas não no YouTube: “não quero ficar vendo uma sequência infinita de porcaria. Quero assistir a vídeos específicos que escolhi, e não o que a plataforma quer que eu veja.”

O POSSÍVEL FIM DE UMA ERA

O YouTube utiliza várias estratégias para manter os usuários na plataforma. O recurso de reprodução automática, por exemplo, inicia o próximo vídeo assim que o atual termina. Já o algoritmo do site, conhecido por suas recomendações precisas, conduz os usuários a temas e assuntos cada vez mais específicos.

Agora, com a rolagem infinita, a aposta é em um comportamento típico das redes sociais modernas – o doomscrolling. Esse hábito é o que alimenta o sucesso da página “Para Você” do TikTok, onde os usuários passam horas rolando o feed, indo de vídeo em vídeo sem pensar muito.

o lançamento global do recurso depende do feedback dos usuários que estão testando o novo formato.

Esse comportamento elevou o tempo médio de uso do TikTok para 58 minutos por dia, em comparação com 27,4 minutos em 2019. Instagram e Facebook também se beneficiam de feeds infinitos que incentivam uma navegação contínua.

O YouTube, até então, se destacava por oferecer um modelo diferente. Com miniaturas atraentes, títulos cuidadosamente pensados e curadoria bem feita, ele convidava os usuários a escolher por si mesmos o que assistir.

Isso o colocou em uma posição única – um meio termo entre uma rede social e um portal de notícias. Mas, ao apostar na rolagem infinita, o YouTube pode estar prestes a abrir mão daquilo que o fez alcançar o sucesso que tem hoje.


SOBRE O AUTOR

Henry Chandonnet é escritor e editor baseado em Nova York. Atualmente, trabalha como estagiário editorial na Fast Company, onde cobre ... saiba mais