Pesquisa mostra que a inteligência artificial já está roubando empregos

Estudo analisa o impacto do ChatGPT no trabalho autônomo

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Mark Sullivan 2 minutos de leitura

Ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, já estão mudando o mercado de trabalho. Um estudo recente aponta uma redução de 21% na demanda por serviços autônomos considerados mais suscetíveis à automação e que não exigem supervisão humana constante.

Pesquisadores da Harvard Business School, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica e da Imperial College London Business School analisaram 1.388.711 anúncios de emprego em uma grande plataforma global de freelancers (não revelada) entre julho de 2021 e julho de 2023.

Eles descobriram que a demanda por esses trabalhos caiu 21% apenas oito meses após o lançamento do ChatGPT. As funções mais afetadas foram as de redação, seguidas por desenvolvimento de software, aplicativos, sites e engenharia.

Os grandes modelos de linguagem são treinados em enormes volumes de textos para prever a palavra mais provável em uma sequência. Durante esse processo, eles criam um “mapa” complexo de palavras, frases, significados e contextos, desenvolvendo uma capacidade linguística impressionante.

Lançado em 30 de novembro de 2022, o ChatGPT atingiu cerca de 100 milhões de usuários já no final de janeiro de 2023.

Os pesquisadores também observaram que a demanda por serviços de design gráfico e modelagem 3D sofreram uma redução de 17% após surgimento de ferramentas de geração de imagens por IA, como Midjourney e Stable Diffusion.

Essa queda pode aumentar a concorrência por vagas já disputadas, além de provocar uma redução na remuneração daquelas que ainda permanecem. Com a crescente adoção e melhoria das ferramentas de IA, trabalhos repetitivos e rotineiros devem se tornar cada vez mais escassos.

Por outro lado, habilidades que complementam o uso dessas tecnologias – como pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional – tendem a ganhar mais relevância. Segundo os pesquisadores, essa mudança pode alterar profundamente o mercado de trabalho, ampliando a lacuna entre “empregos de alta qualificação e altos salários e os de baixa qualificação e menor remuneração”.

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Ainda assim, especialistas acreditam que, embora as ferramentas de IA possam eliminar empregos no curto prazo, novas funções vão surgir, muitas delas exigindo que humanos e inteligência artificial trabalhem juntos.

Pesquisadores da Microsoft, por exemplo, preveem que os trabalhadores passarão a investir parte do tempo no treinamento de sistemas de IA. Além disso, muitos acreditam que, com o aumento da produtividade, as empresas terão mais chances de crescer e abrir novas vagas.

trabalhos repetitivos e rotineiros devem se tornar cada vez mais escassos.

Estudos já apontam melhorias em algumas áreas. Uma pesquisa da Harvard Business School, em parceria com a Boston Consulting, revelou que consultores que utilizam o GPT-4 concluem tarefas 25% mais rápido e com 40% mais qualidade em comparação com aqueles que não utilizam a ferramenta.

Outro estudo, realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), revelou que o ChatGPT reduz o tempo necessário para produzir documentos empresariais em 40% e melhora a qualidade dos textos em 18%.

“Políticas públicas precisam garantir o acesso igualitário à educação e a oportunidades de treinamento, além de apoiar trabalhadores, por meio de redes de proteção social e programas de reinserção profissional”, concluem os pesquisadores.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais