Com mais US$ 4 bilhões, Amazon aumenta sua aposta na IA da Anthropic
O foco da startup em segurança está alinhado à estratégia da Amazon de liderar tanto a inovação quanto a ética no desenvolvimento da tecnologia
A corrida da IA generativa está ficando cada vez mais acirrada. Na semana passada, a Amazon anunciou um novo investimento de US$ 4 bilhões na Anthropic, uma das principais empresas do setor. Em pouco mais de um ano, a gigante do e-commerce já injetou pelo menos US$ 8 bilhões na startup.
A Anthropic é concorrente direta da OpenAI, que levantou US$ 6,6 bilhões em investimentos no mês passado. Também é rival de nomes como Google e xAI, de Elon Musk.
Em um post no blog da empresa, Matt Garman, chefe da divisão de computação em nuvem da Amazon (AWS), disse: “estamos impressionados com o ritmo de inovação e o compromisso da Anthropic com o desenvolvimento responsável de IA generativa. Estamos ansiosos para aprofundar essa parceria”.
Garman também afirmou que as empresas continuarão “expandindo os limites do que os clientes podem alcançar com tecnologias de IA generativa”. A Amazon anunciou ainda que a AWS será a “principal parceira de treinamento”.
Esses avanços podem incluir novas funcionalidades no Claude 3.5 Sonnet, o modelo mais recente da Anthropic. Lançado em 2023 para competir com o ChatGPT, o chatbot ganhou recentemente a capacidade de controlar o computador do usuário e acessar a internet – um salto significativo, que provavelmente será replicado por outras empresas do setor.
Fundada pelos irmãos Dario e Daniela Amodei, ex-funcionários da OpenAI, a Anthropic começou como um laboratório focado na segurança da IA. Inicialmente, a empresa era uma operação pequena voltada para pesquisa, com menos de 200 funcionários. Hoje, conta com mais de mil colaboradores.
No entanto, inovações como a automação de tarefas geram preocupações sobre os riscos de permitir que máquinas controlem computadores de forma independente. A própria Anthropic reconheceu, em um vídeo publicado no X, que essa tecnologia “experimental” pode ser “propensa a erros”.
Ainda assim, a empresa mantém seu compromisso com uma inteligência artificial “honesta”. Ela começou com pesquisas avançadas em segurança, o que, mais tarde, a levou a criar seu próprio modelo.
o Claude será o motor da nova versão da assistente de voz da Amazon, a Alexa, a partir do ano que vem.
“Imagine se todas as pessoas conscientes dissessem: ‘não quero participar da criação de sistemas de IA’”, disse Dario Amodei ao “The New York Times” no ano passado. “Apenas pessoas sem escrúpulos estariam no controle – o que não seria nada bom”.
Para garantir a segurança, o modelo da Anthropic é treinado com base na chamada “IA constitucional” – um conjunto de princípios que busca reduzir a probabilidade de comportamentos inadequados ou respostas prejudiciais.
“Modelos de inteligência artificial terão sistemas de valores, seja de forma intencional ou acidental. A IA constitucional corrige falhas usando feedback para avaliar os resultados”, explicou a empresa em um post de maio de 2023. Teoricamente, isso ensina o modelo a agir de forma respeitosa. Por outro lado, concorrentes que não adotam valores claros podem ser mais fáceis de manipular.
Como parte do novo investimento, a Anthropic usará os chips Trainium e Inferentia, da própria Amazon, para treinar e implementar seus modelos, em vez dos chips Nvidia, amplamente utilizados no mercado. Segundo a gigante do e-commerce, esses chips oferecem “alto desempenho” a um “custo menor” e são peças-chaves na sua estratégia para dominar o setor.
A empresa também revelou que o Claude será o motor da nova versão da assistente de voz Alexa, que, nos testes, se saiu melhor do que os modelos anteriores. A atualização está prevista para 2025.
Embora tenha começado como um laboratório de pesquisa, a Anthropic já é reconhecida por seu rigor científico. A startup desenvolve estratégias para mitigar riscos em eleições e mede a capacidade de persuasão de seus modelos.
O aumento do investimento da Amazon não só reforça a competitividade no mercado de IA, como também ajuda a manter o foco em segurança e ética no desenvolvimento dessas tecnologias.