Como rebater opiniões contrárias sem provocar um clima de guerra

É possível discordar sem ser desrespeitoso, defende este autor e especialista

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Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

As festas e celebrações de fim de ano geralmente são o palco perfeito para discussões que se transformam em brigas, especialmente sobre política. Seria maravilhoso se todos concordassem, mas vale lembrar: também é possível discordar sem cair no desrespeito.

“Não é raro ver pessoas sendo grosseiras”, diz Jon Gordon, coautor de "Difficult Conversations Don't Have to be Difficult" (Conversas difíceis não precisam ser difíceis). “Mas isso é desnecessário. Você pode ter uma diferença de opinião, mas não precisa atacar a pessoa.”

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Para discordar sem cair em uma situação de desrespeito, você precisa primeiro ter uma conversa consigo mesmo. Como você está se comportando? Como está se expressando? O que está motivando sua participação nessa conversa? É para fazer a diferença? É para julgar? Você está falando de um lugar de reconhecimento e aceitação da dignidade do seu interlocutor?” 

Preste atenção se está se comunicando com base em seus ressentimentos ou em sua capacidade de cura. “Se você observar as mídias sociais agora, as pessoas estão tão magoadas que estão expressando suas feridas em vez de sua própria cura”, diz Gordon. “Quando você está falando da sua ferida, o resultado será negativo. Quando você fala para se curar, o resultado será positivo.” 

Por exemplo, você pode reagir de forma agressiva se sentir que não está sendo ouvido ou visto. "Isso pode estar vindo da sua dor," diz Gordon. "Talvez você não se sentisse ouvido ou visto quando era mais jovem. Do ponto de vista da cura, porém, você pode olhar para dentro e saber que tem algo a oferecer. Você reconhece seu próprio valor e não está buscando validação dos outros."

Quando você começar a reconhecer seu próprio valor, os outros também começarão a enxergá-lo. “Você terá integridade e plenitude mais intensas”, diz ele. “Quando você se sente conectado a si mesmo, tem mais confiança e coragem, em vez de se sentir desconectado, o que faz com que se sinta impotente.” 

RECONHEÇA O VALOR DOS OUTROS

Depois de entender como você está se projetando e como se move em relação aos outros, mude sua mentalidade para reconhecer que uma opinião diferente representa um ser humano, e não apenas um ponto de vista. 

“Você pode discordar e até achar que a ideia deles é um lixo. Mas você pode valorizar a pessoa e a intenção da qual a ideia dela surgiu.” 

Reconhecer o valor dos outros significa sempre colocar as coisas mais importantes em primeiro lugar. “Quanto mais você introduzir em seu sistema a capacidade de valorizar e respeitar os outros, mais abertamente conseguirá enxergar o mundo e seguir em frente”, diz Gordon.

SIGA REGRAS DE INTERAÇÃO

As conversas difíceis não precisam ser tão pesadas se houver regras de interação. Por exemplo, inicie uma discussão com foco no respeito e no relacionamento. "Isso não significa que você não deva falar o que pensa ou compartilhar o que sente. Mas, quando fizer isso, diga sua verdade com carinho. Diga sua verdade, mas de forma construtiva.”

Depois de expor o motivo, a essência e a intenção por trás da sua fala, reconheça o direito da outra pessoa de expressar o que ela acredita. A verdade dela pode ser diferente da sua. Entender como ela chegou àquela opinião pode permitir que você compreenda por que ela acredita no que acredita. 

Você pode controlar como reage e responde, mas não pode controlar a outra pessoa. Em algum momento, ela faz uma escolha. Ela pode assumir uma intenção positiva com você e apreciar o fato de você ter uma opinião diferente. Ou ela pode discutir e tentar convencê-lo a ficar do lado dela. 

Você pode ter uma diferença de opinião, mas não precisa atacar a pessoa.

“Nem todo mundo vai concordar com você”, observa Gordon. “Muitas vezes queremos convencer uns aos outros em vez de ouvir e escutar uns aos outros. Não vamos tentar convencer uns aos outros o tempo todo. Vamos também ouvir uns aos outros. Vamos entender por que as pessoas se sentem como se sentem.”

“Concordar em discordar” pode parecer uma coisa trivial, mas é o que você tem que fazer quando você está expondo a sua verdade e tem uma visão completamente diferente sobre um assunto. 

“As pessoas estão mais ansiosas e desconectadas do que nunca”, ele analisa. “Tudo se resume à integração ou à desconexão. E no centro dessa conversa difícil, o objetivo é trazer você de volta à conexão e à integração.”

Mesmo que isso signifique simplesmente reconhecer o outro como um ser humano.


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais