5 princípios básicos para adoção da IA generativa no ensino fundamental

Como priorizar empatia, segurança e privacidade ao incorporar novas tecnologias em sala de aula

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Jack Lynch 3 minutos de leitura

Imagine o seguinte: surge uma nova tecnologia que gera um intenso debate público. Entre as questões levantadas está como ela pode ser usada nas escolas. Alguns defendem sua ampla adoção, argumentando que vai revolucionar o ensino e motivar os alunos. Outros temem que ela os torne mais preguiçosos.

O ano é 1922, e o principal defensor é Thomas Edison. Ele afirma que sua invenção, o cinema, “tem o potencial de revolucionar nosso sistema educacional” – chegando a sugerir que poderia substituir os livros didáticos.

Um século depois, podemos dizer que a revolução imaginada por Edison não aconteceu exatamente como ele previa. No entanto, o cinema teve um impacto profundo na educação.

Os filmes não substituíram a palavra escrita – e nada o fará –, mas deram novas ferramentas aos professores. Assim como outras inovações tecnológicas que vieram depois, o cinema levou as escolas a tomarem decisões cruciais sobre como utilizá-lo de forma responsável, para beneficiar e proteger os alunos.

Agora, é a vez da IA generativa, popularizada pelos chatbots. Mais uma vez, as escolas enfrentam decisões importantes. Precisamos estabelecer princípios claros que coloquem alunos e professores no centro do desenvolvimento dessas tecnologias.

Pesquisas recentes mostram que os professores gastam mais da metade de seu tempo com tarefas não relacionadas ao ensino. Imagine o que poderia ser feito se eles pudessem dedicar mais tempo ao contato direto com os alunos.

Essa é apenas uma possibilidade. Ferramentas de IA podem aumentar a produtividade dos professores, ajudando no planejamento de aulas, na criação de apresentações e resumos de textos. Além disso, podem oferecer experiências de aprendizado personalizadas aos alunos, com sugestões de feedback e revisões nos trabalhos.

Porém, para conquistar a confiança de escolas, professores, famílias e dirigentes educacionais, a IA precisa ser usada com responsabilidade, seguindo diretrizes claras e garantindo que ela apoie professores, beneficie os alunos e proteja a privacidade e a segurança das crianças.

Aqui estão cinco princípios fundamentais para guiar a adoção responsável da inteligência artificial nas escolas.

1. Manter os professores no centro

A relação entre professor e aluno é essencial. Defendemos uma abordagem de "alta tecnologia, alto contato", na qual a tecnologia deve apoiar, e não substituir, essa conexão.

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Os professores são os principais agentes da experiência educacional e devem ser ouvidos no desenvolvimento de tecnologias voltadas à educação. Também precisam de formação e apoio para desenvolver a “alfabetização em IA” e usar essas ferramentas de forma eficaz.

2. Proteger a privacidade, segurança e bem-estar dos alunos

Garantir a segurança e a privacidade dos alunos é fundamental. As leis existentes já oferecem boas proteções, que precisam ser aplicadas às novas formas de uso da IA generativa. É necessário adaptar as regulamentações para garantir que essas ferramentas sejam utilizadas de maneira segura.

3. Garantir um uso responsável e ético

As famílias têm o direito de saber como a inteligência artificial está sendo usada nas escolas, mas sem serem

Ferramentas de IA podem oferecer experiências de aprendizado personalizadas.

bombardeadas com informações excessivamente técnicas. Os formuladores de políticas devem trabalhar com especialistas em IA para criar regras claras de transparência e orientar as escolas sobre como acessar as informações necessárias sobre os sistemas que estão adotando.

4. Incentivar avaliações e melhorias contínuas

Integrar a inteligência artificial de forma eficaz na educação exige uma análise constante de quais estratégias funcionam, para quem e por quê. Estabelecer uma cultura de avaliação e melhoria contínua garante que as tecnologias realmente apoiem o ensino e o aprendizado. Mesmo esses testes devem incluir proteções para a privacidade e a segurança dos alunos.

5. Priorizar a acessibilidade e a inclusão

As ferramentas de IA generativa podem ajudar os professores a criar abordagens personalizadas, com recomendações e materiais complementares que atendam às necessidades de cada aluno Conforme surgem novas questões sobre vieses, equidade e acessibilidade no uso da inteligência artificial, as regulamentações também precisam evoluir.

Assim como a sociedade, as escolas enfrentam o desafio de definir limites para um campo que está evoluindo rapidamente. Formuladores de políticas e empresas devem colocar empatia, segurança e privacidade no centro das decisões, para maximizar os benefícios dessas tecnologias e elevar o ensino e o aprendizado.


SOBRE O AUTOR

Jack Lynch é CEO da edtech HMH. saiba mais