Com a volta de Trump ao poder, o TikTok foi salvo nos EUA. Por enquanto

A rede social chegou a ficar fora do ar no domingo, mas logo voltou a funcionar – e com uma mensagem de agradecimento ao presidente

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Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Mal sentou na cadeira de presidente dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (dia 20), Donald Trump ligou sua metralhadora automática em forma de caneta e assinou dezenas de ordens executivas, sobre os mais variados temas.

Ordens executivas são, basicamente, declarações sobre como o presidente deseja que o governo federal seja administrado. Muitas não têm por que serem questionadas – por exemplo, dar folga aos funcionários públicos nos feriados de fim de ano.

Mas uma ordem executiva também pode estabelecer políticas importantes. Por exemplo, o agora ex-presidente Joe Biden assinou uma ordem para criar uma estrutura para regulamentação da inteligência artificial no país.

Mais importante, as ordens executivas são usadas pelos presidentes para promover agendas que não conseguem aprovar no Congresso. As assinadas por Trump em seu primeiro dia no cargo incluem a suspensão da proibição do TikTok nos EUA pelos próximos 75 dias.

Outras ordens executivas assinadas pelo presidente Trump incluem:

- Declaração de emergência nacional na fronteira dos EUA com o México;

- Retirada dos EUA da Organização Mundial de Saúde (OMS);

- Retirada dos EUA do Acordo Climático de Paris (ele já havia feito isso em seu primeiro mandato);

- Determinação da volta ao trabalho presencial de todos os funcionários federais.

A VERDADEIRA RAZÃO POR TRÁS DO “FIM” DO TIKTOK

O TikTok chegou a ficar fora do ar no domingo (dia 19). Algumas horas depois. voltou a funcionar normalmente enviando a seguinte mensagem aos usuários: “como resultado dos esforços do presidente Trump, o TikTok está de volta nos EUA".

A determinação da venda da operação do TikTok no país foi estabelecida pelo Ato de Proteção aos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros. A lei foi aprovada pelo Congresso no ano passado, sancionada pelo presidente Joe Biden e considerada constitucional em julgamento realizado pela Suprema Corte na última sexta-feira (dia 17).

A alegação é de que se trata de uma questão de segurança nacional, visto que a empresa mãe do TikTok, a ByteDance, poderia compartilhar dados de usuários com o governo chinês.

Para os legisladores, qualquer solução que não envolva a venda total da ByteDance deixaria margem para riscos.

No entanto, o Congresso não conseguiu explicar como essa transferência de dados poderia ser tão perigosa para os 170 milhões de usuários norte-americanos do TikTok.

O caso é que a ameaça de dados está fortemente ligada à inteligência artificial. Segundo uma fonte ligada à questão, o Congresso estaria tentando jogar "no longo prazo" com o TikTok.

A China tem um histórico de coletar qualquer dado ao seu alcance, desde informações de usuários até análises de cadeias de suprimentos e propriedade intelectual.

De acordo com essa fonte, o temor é de que, em uma década, a IA chinesa possa acessar e usar os dados do TikTok para influenciar a opinião pública dos EUA sobre questões-chave, como tarifas comerciais.

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O algoritmo do TikTok já é assustadoramente eficiente em servir aos usuários conteúdos que correspondem aos seus gostos, valores e sensibilidades. Essa capacidade só vai melhorar conforme os modelos de IA forem se tornando mais sofisticados.

Como a inteligência artificial reduz o custo da geração de conteúdo, o governo chinês poderia utilizar o que sabe sobre cada usuário do TikTok para criar materiais personalizados com o objetivo de persuadi-los.

A ByteDance afirma que 60% da empresa pertence a investidores internacionais, 20% aos fundadores e investidores chineses e 20% a funcionários. O governo chinês detém uma "golden share" (um tipo especial de ação que dá ao seu detentor poderes de veto ou controle sobre decisões estratégicas de uma empresa) em uma das subsidiárias da ByteDance.

Isso corresponde a cerca de 1% das ações da companhia. Mas, na China, a lei permite que o governo tenha amplo acesso e influência sobre empresas privadas. Para os legisladores dos EUA, qualquer solução que não envolva a venda total da ByteDance ainda deixaria margem para riscos.

Com informações de Mark Sullivan e da Associated Press


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