Ative 1 bilhão de trabalhadores… comendo
Já ouviu falar em engenharia reversa, onde é possível voltar, passo a passo, em processos e produtos até chegar ao início e poder entender como algo foi feito, construído? Este é um bom exercício para todos os seres humanos sempre que comerem ou desperdiçarem algum alimento.
Por trás do alimento que chega a sua mesa, existe uma cadeia global com um bilhão de pessoas que trabalham para que o alimento seja estudado, plantado, criado, colhido, trabalhado e transportado até você. O sistema de produção de alimentos é o maior empregador entre todas as economias mundiais.
A alimentação é de vital importância em termos de sobrevivência neste planeta e para a estabilidade social. Sem alimento em quantidade e qualidade, distribuído universalmente, não há condições de garantir estabilidade social. Fome e desnutrição são fatores muito sensíveis para qualquer ser humano.
A ONU, por meio da FAO — Food and Agriculture Organization, a entidade que cuida do tema alimentação em todo o mundo, aponta que cerca de três bilhões de pessoas sofrem com dietas pobres, enquanto obesidade e sobrepeso crescem em todo o mundo. Esse número equivale a quase 40% da população mundial.
O tema central neste ano para o Dia Mundial da Alimentação promove a aceleração da transformação na direção de sistemas de alimentação mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis, de modo a obter Melhor Produção, Melhor Nutrição, Melhor Meio Ambiente e Melhor Qualidade de Vida, inserindo toda a população do planeta. Estas quatro aspirações estratégicas foram definidas recentemente em evento reunindo mais de cem delegações internacionais. Um desafio e tanto.
“Neste ano, nos encontramos no Dia Mundial da Alimentação em um momento crítico. A pandemia de Covid-19 permanece sendo um desafio global, causando muitas perdas e dificuldades. Os impactos da crise climática estão nos cercando. Incontáveis vidas foram lançadas em turbulências”, declara Qu Dongyu, diretor-geral da FAO. A entidade destaca que o mundo produz alimentos suficientes para alimentar a todos no mundo. Relembra também que 14% dos alimentos são perdidos e outros 17% são desperdiçados, resultado de problemas como manuseio, logística e processos de conservação, entre outros.
A FAO estima que sejam necessários de 40 a 50 bilhões de dólares em investimentos anuais em intervenções direcionadas para acabar com a fome até 2030, dentro do compromisso mundial estabelecido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — ODS. Existem muitos projetos de baixo custo e alto impacto que podem ajudar centenas de milhões de pessoas a atender melhor às suas necessidades alimentares.
A organização ressalta, ainda, que o mundo precisa muito da atuação dos jovens com foco criativo e resiliência para conseguir efetivar as soluções necessárias para manter a transformação do sistema agroalimentar no mundo. A entidade também aplica quatro atalhos como “aceleradores” transversais: tecnologia, inovação, dados e complementos (governança, capital humano e instituições), em todas as suas intervenções programáticas para acelerar o progresso e maximizar os esforços para cumprir os ODS e realizar suas aspirações.
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ACELERAM O ATINGIMENTO DAS MARCAS
Historicamente, produção maior de alimentos significava usar mais terras, sementes, insumos, pastagens e estrutura logística e de armazenamento. As inovações tecnológicas aplicadas em todas essas áreas estão invertendo essa lógica. Os ganhos de produtividade são notáveis e o potencial de crescimento da oferta de alimentos no mundo é fato usando a mesma quantidade de solo, menos insumos e consumo de recursos naturais.
Segundo a pesquisa Distrito Mining Report AgTech 2021, o Brasil passou de doze empresas startups no setor em 2000 para 293 empresas em 2021. Grande parte da inovação agrícola no país é feita mediante o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação realizados pelas próprias corporações do agronegócio. No entanto, há cada vez mais abertura para inovação aberta no setor, com tendência de aumento no investimento e, a médio prazo, no número e na variedade de soluções empreendedoras disponíveis.
De olho nesta tendência, muitas grandes indústrias do setor alimentício abriram suas portas para acolher as iniciativas empreendedoras, ao mesmo tempo em que oxigenam suas capacidades de criação e oferta de alimentos ao mercado B2C. Este é o caso da Nestlé, que mantém a iniciativa Panela Nestlé, da Tetra Pak, com o Centro de Inovação aos Clientes, Ambev, entre tantas.
As empresas investem na avaliação e na promoção da inovação de terceiros, acelerando a chegada de novos produtos ao mercado que se propõem a entregar melhor qualidade nutricional. Incluem-se nesta categoria, por exemplo, os produtos high protein, à base de plantas, novas formulações de sucos, alimentos congelados processados.
Em complemento, a maior concentração de empresas startups que rapidamente inovam, captam investimentos no mercado e ativam o ecossistema de alimentação está no segmento B2B. Agricultura de precisão, automação, robotização e biotecnologia são as áreas que mais crescem e são de fundamental relevância no aumento de produtividade, redução de uso de defensivos agrícolas e insumos na produção, gerando menor impacto ambiental e mais qualidade nos alimentos.
NO DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO, A VISÃO DAS EMPRESAS SOBRE O FUTURO DA COMIDA