Medalhistas olímpicos brasileiros agora brilham na forma de NFTs

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A ginasta Rebeca Andrade, que conquistou Ouro e Prata nos Jogos de Tóquio, neste ano, pode fazer parte da uma coleção de arte particular. Ela e muitos outros medalhistas olímpicos, diga-se de passagem. Isso porque o interesse pelos desportistas foi traduzido em NFTs (os chamados token não-fungíveis). É assim que Rebeca e mais oito atletas brasileiros que trouxeram medalhas na bagagem de volta do Japão estão representados em uma iniciativa lançada na quinta-feira, 7.

A plataforma 9Block, dedicada à venda de NFTs, criada pela Play9, do influenciador Felipe Neto e do jornalista e empresário João Pedro Paes Leme, passou a oferecer nesta data a coleção “Medalhistas Olímpicos e Paralímpicos”, por enquanto com nove atletas, que brilham agora como criptoarte. Cada um deles tem cem edições com certificados de autenticidade emitidos pela Hathor. Ao utilizar essa blockchain, a 9Block diz ter eliminado o custo de cunhagem e de transferência da arte, “democratizando o acesso a esse novo mercado”.

Em agosto, o craque argentino Messi, em plena transferência do Barcelona para o Paris Saint-Germain, teve também lançada uma coleção de NFTs, o Messiverse, com preços variando entre US$ 50 e US$ 50 mil. No caso dos medalhistas brasileiros, os trabalhos saem por R$ 100, um valor que atrai tanto quem está se iniciando no mundo do NFT quanto quem já fez algumas aquisições de criptoarte.

As obras são assinadas por artistas que integram a Metaverse, agência e galeria de arte brasileira focada no segmento de arte digital, que foi inaugurada no início do ano. Foram convidados para o projeto Luke Ross, Cliff Richards, Wellington Dias, Geraldo Borges, Peter Vale, Will Conrad, Leno e Priscila Petraites. Há ainda outros artistas e atletas, inclusive três paralímpicos, que serão revelados em breve.

Kelvin Hoefler, prata no skate street das Olimpíadas de Tóquio, virou criptoarte por meio do artista Will Conrad (Crédito: divugação)

Já os homenageados são, neste primeiro momento, além de Rebeca: Ana Marcela, medalha de ouro na maratona aquática; a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, ouro na vela; Kelvin Hoefler, prata no skate street; Beatriz Ferreira, prata no boxe; Bruno Fratus, bronze na natação; Fernando Scheffer, outro bronze na natação; Mayra Aguiar, bronze no judô; Abner Teixeira, bronze no boxe: e a dupla Luisa Stefani e Laura Pigossi, bronze no tênis.

Por enquanto as vendas estão sendo lideradas por Rebeca, cuja arte digital tem a assinatura de Priscilla Petraites. Ela entrou na indústria de quadrinhos com a minissérie Brilliant Trash pela AfterShock, em 2017, mesmo ano em que participou do Workshop de Novos Talentos da DC Comics. Priscilla já produziu capas para diversos quadrinhos e artes originais para colecionadores.

A respeito de sua peça, a artista a descreveu como “Rebeca is on fire”. Priscilla conta que lhe pediram para ilustrar a ginasta como uma super heroína e logo pensou que Rebeca era uma candidata perfeita. “Ela está pronta e só precisaria de um uniforme. Como a partir desse momento entramos no mundo da ficção eu dei a ela um super poder extravagante, mas que não compete com a habilidades que a Rebeca já possui, sua força e agilidade são seus super poderes reais.”

Depois da ginasta, quem mais atraiu compradores no primeiro dia de vendas foi o skatista Kelvin Hoefler, que foi desenhado pelo mineiro Will Conrad. Intitulada “1000º Kelvin”, a peça traz a seguinte descrição: “Cientistas do mundo inteiro utilizam a escala Kelvin por ser uma medida absoluta de temperatura e é diretamente relacionada ao volume e energia cinética. Não por acaso, Kelvin Hoefler vem estabelecendo os parâmetros de excelência, performance e habilidades no skate! O esporte também tem uma escala Kelvin. Absoluta.”

Will Conrad, ilustrador que produziu o NFT “1000º Kelvin”  (Crédito: divulgação)

Conrad trabalhou vários anos como ilustrador e entrou recentemente para o mercado de NFTs. Desde 2001, dedica-se exclusivamente ao mercado americano de quadrinhos. Durante esse período, já trabalhou com editoras como Top Cow, Dark Horse, Dynamite, Marvel e DC. Entre seus desenhou estão títulos como Serenity, Wolverine, X-Men, New Avengers, Teen Titans, Green Lantern, Superman, Justice League e muitos outros. 

As vendas dos NFTs olímpicos prosseguem nos próximos dias. Com esse apelo de super heróis e de cultura pop, a coleção promete atrair muitos curiosos. Esse movimento é uma aposta importante na vida da jovem Metaverse e de seu CEO, Byron Mendes. 

Ele fundou, em 2010, a Galeria de Arte Kunst, com acervo de artistas de renome como Cícero Dias, Carlos Vergara e Siron Franco. Em sua trajetória, já tinha se dedicado à organização, curadoria e produção de eventos internacionais de arte e cultura em cidades como Frankfurt, Nova York, Londres e Paris. 

Também tinha produzido exposições de arte-tecnologia em instituições do porte do Centro Cultural Banco do Brasil, do Museu do Amanhã, do MAC do Rio e do Museu da Imagem e do Som (MIS), de São Paulo. 

Ao adentrar o universo das NFTs, Byron decidiu criar o primeiro estande de criptoarte da ArtRio. Para isso, a agência apostou em videowalls. Durante as Olimpíadas, ele teve mais uma ideia para dar impulso ao negócio: transformar os medalhistas em peças únicas. Entre o sonho e a realização foram alguns meses. A Metaverse acionou seus artistas e a empresa de Felipe Neto e Paes Lemes foi atrás dos atletas.

Para Byron, o crescimento das NFTs apesar de natural, necessita de impulsionamento, o que leva a agência a buscar novos espaços para serem ocupados. “O mercado é forte e a qualidade dos artistas brasileiros é inegável, principalmente nos lugares onde a criptoarte já é forte”, disse. “O próximo passo é focar em novas frentes, para popularizar e democratizar, como foi feito na ArtRio”, completou.

Nos EUA, vivem alguns dos artistas agenciados pela Metaverse. Entre eles está Adhemas, que tem diversos prêmios em Cannes como publicitário e que, mais recentemente, criou NFTs para uma ação para Havaianas. 

No portfólio da agência, além dos artistas já citados, estão nomes como Rejane Cantoni, referência internacional em arte e tecnologia, criadora da primeira instalação em NFT brasileira; o quadrinista Mike Deodato, conhecido por obras ligadas ao universo Marvel e à saga Star Wars; Paula Klien e Alexandre Rangel, com projetos de vídeo arte; Alexandre Murucci, escultor, cenógrafo premiado, diretor de arte; e Beto Gatti, que mistura pintura com fotografia.

Pelo lado da 9Block, as expectativas com a coleção de medalhistas estão altas. “Após chefiar a missão brasileira nos últimos cinco Jogos Olímpicos, homenagear os medalhistas de Tóquio era quase uma obrigação. Ainda mais através dos artistas da Metaverse, que ilustram brilhantemente os superpoderes dos nossos atletas”, ressaltou Marcus Vinícius Freire, que é cofundador da Play9 e da 9Block e também é medalhista olímpico (conquistou prata pela seleção de vôlei nos Jogos de Los Angeles em 1984).

 


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