Volkswagen desiste das telas nos paineis e volta aos bons e velhos botões

Não é um celular, é um carro

Crédito: Volkswagen/ Divulgação

Hunter Schwarz 2 minutos de leitura

Cada vez mais os fabricantes de automóveis estão transferido os controles de funções, como ar-condicionado e volume, para telas sensíveis ao toque, e a Volkswagen não foi exceção. Mas agora, a montadora alemã está mudando de rumo. A VW vai retornar ao analógico e, em seus modelos futuros, vai trazer de volta carros com botões e controles físicos para funções essenciais da cabine.

O chefe de design da Volkswagen, Andreas Mindt, declarou à revista britânica "Autocar" que, já no modelo elétrico ID 2all, que será lançado em 2026, o som, o aquecimento, ventiladores e luzes de emergência terão botões físicos novamente. “ Nunca mais vamos cometer esse erro de novo”, disse Mindt. “No fim das contas, é um carro. Não é um celular: é um carro.”

Embora os controles digitais em telas elegantes possam passar a ideia de que a tecnologia de um veículo é de ponta, o que funciona para smartphones nem sempre se traduz bem para os carros. Acontece que muitos motoristas preferem controles físicos, que, além de tudo, são mais fáceis de usar.

Um estudo da J.D. Power de 2024 descobriu que os proprietários de carros dizem que as telas de exibição para passageiros “não são necessárias”. Motoristas que avaliam essas telas negativamente apontam problemas de usabilidade.

A Tesla introduziu o “centro de infotainment” com tela sensível ao toque no seu Modelo X em 2012, e outros fabricantes seguiram o exemplo. “Tudo é computadorizado”, proclamou o presidente Donald Trump enquanto fazia um tour dentro de um Tesla nos terrenos da Casa Branca, como uma demonstração de apoio à montadora de Elon Musk (já que as ações da empresa estão caindo).

Incluir controles em uma tela estilo iPad é mais barato para as montadoras, que não precisam fabricar controles e botões extras. Mas, segundo um estudo da revista especializada "Vi Bilägare", isso acaba sendo pior para os motoristas.

Segundo esse estudo, pilotos de teste conseguiam realizar tarefas como ligar o desembaçador, ligar o rádio e sintonizá-lo em uma estação específica mais rápido quando dirigiam um Volvo V70 de 17 anos com controles físicos do que em carros novos, mais caros, com telas sensíveis ao toque. Se saíram melhor nos carros com botões.

painel de veículo da VW, que vai voltar aos carros com botões
Crédito: Volkswagen/ Divulgação

Isso faz sentido: com as telas sensíveis ao toque, os motoristas precisam desviar os olhos da estrada para ver o que estão fazendo, enquanto com os controles físicos, eles podem sentir os botões e manter os olhos focados na direção.

A Volkswagen ainda vai manter as telas sensíveis ao toque em seus carros, mas nos materiais promocionais do ID 2all, a empresa destaca controles intuitivos, fáceis de ver e usar, como botões de ar-condicionado iluminados e uma prática rodinha para ajustar o volume.

Não se sabe ainda se o retorno da Volkswagen aos carros com botões aponta para o início de uma tendência maior de controles mais analógicos, mas, segundo Mindt, há demanda dos consumidores para isso. “Há feedback, é real. As pessoas adoram botões e controles manuais”, afirmou.


SOBRE O AUTOR