Bar no trabalho: uma boa razão para voltar ao escritório ou para nunca sair dele?

Crédito: Fast Company Brasil

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É o fim de um longo dia de trabalho e tudo o que você quer é uma bebida para relaxar. Para a maioria de nós há uma solução simples: ir ao bar mais próximo. Eles estão por toda parte e ninguém se opõe a desviar um pouco o trajeto de casa para curtir o happy hour. Mas o que fazer quando não há bares por perto?

Para alguns, hoje já nem é preciso sair do lugar. Prédios comerciais estão começando a incorporar bares. Seja em espaços para eventos ou bares comuns, a tão desejada bebida após o trabalho agora pode ser apreciada sem sair do prédio.

A Fogarty Finger, empresa de arquitetura e design de interiores com sede em Nova York, começou a transformar parte dos metros quadrados de seus prédios comerciais em bares. “Trabalho com arquitetura e design comercial há algumas décadas e posso assegurar que isso é bastante novo”, conta o cofundador Robert Finger. “Os edifícios estão reservando mais áreas para espaços de trabalho alternativos, como bibliotecas, lounges, restaurantes e até mesmo salas de jogos.”

Finger explica que a tendência é expandir as possibilidades que um prédio pode oferecer aos trabalhadores – tanto em termos de oportunidades de lazer quanto em novos tipos de espaços onde o trabalho, as reuniões e o networking podem ganhar um novo formato.

Créditos: Connie Zhou/ Fogarty Finger

Um exemplo desses novos projetos é o Newport Tower, em Nova Jersey, um prédio de uso misto de 36 andares com vista para Manhattan. Construído no início da década de 1990, o edifício acaba de ser reformado. A Fogarty Finger redesenhou todo o segundo andar, incorporando um salão, espaços para coworking e reuniões, sala com mesa de bilhar e um grande bar. Ainda é um escritório, com salas de conferência, paredes de vidro, mas todos os ambientes dão para o bar, trazendo vida ao lugar.

Finger explica que o bar foi projetado para quebrar o silêncio comum em escritórios, com uma acústica que deixa o ambiente mais barulhento e animado – como se fosse um bar típico. “Um espaço mais movimentado nos dá uma sensação diferente e nos estimula a sermos menos formais, a relaxar, falar alto, rir e brincar um com o outro”, diz ele. “Isso é uma parte fundamental da integração das equipes e da construção de relações.”

Uma aposta ainda mais ousada é o Dock 72, um prédio de 16 andares no Brooklyn. Concluído em 2019, o edifício conta com um grande espaço no térreo, com um bar, que dá acesso a um pátio com vista para a orla. O último andar é dedicado a salas de conferências ou para eventos e foi projetado para ter uma aparência de lounge, não de um escritório de verdade. Ele possui grandes janelas com vista para Manhattan e um bar em estilo clássico. É um espaço que serve tanto para reuniões quanto para happy hour. “Os proprietários decidiram aproveitar a área mais agradável do prédio, o último andar, para dedicá-la a esse tipo de atividade”, explica Finger.

Mas construir um bar em um prédio comercial pode gerar algumas críticas. Para alguns, pode ser visto como uma estratégia capitalista para fazer com que os funcionários passem mais tempo no trabalho, permitindo que façam uma pausa de uma hora para recarregar as energias e depois retornar ao seu posto. Já para funcionários menos propensos a frequentar esses ambientes – por não beberem ou, no caso de pais e mães que precisam ir para casa cuidar dos filhos –, um bar pode parecer algo desnecessário.

Mas, para Finger, associar um bar no escritório a ter que trabalhar mais é um pouco cínico, já que os proprietários estão mais interessados em atrair e reter inquilinos do que em encontrar maneiras de manter os funcionários das empresas trabalhando por mais tempo.

Incorporar ambientes não tradicionais, onde os funcionários podem trabalhar, socializar ou ambos, será ainda mais importante, pois a pandemia mudou a forma como enxergamos o trabalho. Finger explica que oferecer espaços como estes é fundamental para dar às pessoas uma boa razão para voltar ao escritório, mesmo quando não necessariamente precisam.

E não se trata apenas de um lugar para tomar a tão esperada bebida após um dia cheio.


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