Startup ajuda consumidores a encontrar lojas onde o preço dos alimentos é mais barato

Crédito: Fast Company Brasil

Talib Visram 4 minutos de leitura

Nascido e criado na cidade de Selma, no Alabama, Mark Peterson via a dificuldade que a mãe tinha em fazer as compras da semana. “Ela sofria muito para colocar comida na mesa”, lembra. Ao mesmo tempo em que trabalhava para alimentar sua família, a mãe de Peterson passava horas nos fins de semana vasculhando panfletos em busca de cupons de desconto, comprando itens como ovos e picles de comerciantes pequenos e, muitas vezes, indo a quatro ou mais supermercados para encontrar a melhor oferta.

Movido por essa experiência de infância, ele lançou sua startup, a Ziscuit, uma ferramenta de busca de preços de produtos alimentícios. A plataforma permite que clientes que sofrem com insegurança alimentar, ou que estão em regiões com escassez de alimentos, procurem opções com o melhor preço, ao mesmo tempo em que economizam tempo por não precisarem ir a vários mercados ou buscar incessantemente por cupons de desconto. A Ziscuit estima que sua ferramenta é capaz de ajudar famílias a economizar até US$ 520 por ano.

Os usuários podem fazer upload de suas listas de compras e encontrar instantaneamente as lojas que oferecem produtos mais baratos. Ao definir diferentes parâmetros de busca, eles podem encontrar ofertas melhores ampliando o raio de distância e o número de estabelecimentos que estão dispostos a visitar. Assim como a empresa de busca Kayak faz com voos e hotéis, a Ziscuit usa rastreadores da web para extrair dados e preços de sites de supermercados. As informações são atualizadas com frequência e os usuários podem acessá-las gratuitamente. A receita da empresa vem da publicidade e de pesquisa de mercado.

A ZISCUIT USA RASTREADORES DA WEB PARA EXTRAIR DADOS E PREÇOS DE SITES DE SUPERMERCADOS.

O site foi criado para pessoas que desejam economizar dinheiro e chega em um momento mais do que oportuno, já que os preços dos alimentos atingiram seu maior patamar em 40 anos devido à inflação, tendo aumentado, em média, 49% entre maio de 2020 e janeiro de 2022. Mas, sobretudo, a Ziscuit pretende ajudar famílias que sofrem com insegurança alimentar (cerca de 38 milhões nos EUA), bem como a população que vive em áreas de escassez de alimentos ou com falta de acesso a uma alimentação saudável.

Peterson é rápido em apontar que, quando se trata de alimentação, a escassez não é o problema. “A fome é um problema de logística”, diz ele. “Apesar de haver comida, não conseguimos atender a demanda e levá-la para as pessoas que mais precisam.”

Com a ajuda de incentivos a startups, como o programa Techstars Farm to Fork, que investiu US$ 140 mil, e a Google for Startups Founders Academy, que oferece suporte e assistência a empresas de tecnologia criadas por pessoas negras, latinas, ou veteranos do exército, a Ziscuit foi lançada em quatro regiões da área metropolitana de Atlanta. A região abriga uma grande parcela de mulheres da geração Y com dois ou mais filhos, grupo demográfico que a empresa identificou como fundamental para seu modelo de negócios. São famílias habituadas à tecnologia e que precisam economizar. Para tanto, é comum que passem horas online procurando as melhores ofertas, listando ingredientes e tentando comprá-los.

Atualmente, a empresa conta com cerca de 100 usuários em cada região, e Peterson diz que recebeu feedback encorajador. Dependendo dos parâmetros de busca definidos, os usuários conseguiram economizar até US$ 10 por semana, com uma média de pouco menos de US$ 5.

Além da economia de tempo e dinheiro, Peterson ouviu de seus usuários que a plataforma os apresentou a pequenos comerciantes nas proximidades que não conheciam antes, alguns inclusive a uma curta distância. “As pessoas encontraram oportunidades de economizar significativamente em lugares que não esperavam.”

A startup agora está de olho em outras 23 cidades norte-americanas, todas com um grande número de consumidores que se encaixam no perfil do seu público-alvo. No futuro, pretende expandir ainda mais e lançar a plataforma em duas regiões da cidade de Birmingham, no Alabama, com a ajuda de um investimento de US$ 50 mil de outro programa de incentivo à tecnologia, a Innovation Depot’s Velocity.

Lá, Peterson espera ajudar não apenas os consumidores, mas também pequenos varejistas, como os de quem sua mãe costumava comprar. Esses pequenos estabelecimentos são obrigados a competir com gigantes como a Amazon e acabam sempre perdendo, já que elas são capazes de suprir a demanda ao mesmo tempo em que mantém os preços baixos. “Isso também precisa ser replicado por varejistas menores, se quiserem sobreviver nos próximos dez anos”, aponta Peterson.


SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais