Currículo feito por IA? Entenda por que você não deve descartá-lo logo de cara
Descartá-lo de imediato pode gerar prejuízos maiores do que você imagina

Quando um currículo feito com ajuda de Inteligência Artificial (IA) chega à mesa de um recrutador, a reação instintiva de muita gente é jogá-lo direto na pilha de rejeitados. Apesar de cada vez mais empresas utilizarem essas ferramentas em suas operações diárias, seu uso em currículos e cartas de apresentação ainda é visto como tabu.
A importância de talentos com domínio em IA
Essa rejeição automática à inteligência artificial está fazendo com que empresas percam profissionais valiosos e com habilidades em inteligência artificial. E, num cenário onde a demanda por esse tipo de talento é altíssima, muitos empregadores estão deixando grandes oportunidades escaparem — direto para os braços da concorrência.
Já passou da hora de modernizar os processos de recrutamento. Precisamos reestruturar e fortalecer o ambiente de trabalho impulsionado por IA, que já está se consolidando. Para isso, as empresas devem eliminar a rejeição contra a IA, incluir tarefas relacionadas à tecnologia nas avaliações de habilidades e, de fato, priorizar a contratação de talentos com conhecimento em inteligência artificial.
A hipocrisia de rejeitar currículos feitos com Inteligência Artificial
Um estudo recente da Capterra mostrou que mais da metade dos candidatos já utilizou IA em algum momento na busca por emprego — uma forma de tentar amenizar os efeitos de um mercado de trabalho duro e impiedoso. Mas não são só os candidatos que estão usando IA: sete em cada dez empresas admitem utilizar ferramentas de IA para rejeitar candidatos automaticamente, sem nenhuma revisão humana.
No entanto, apesar dessa disposição para deixar que a IA tome decisões difíceis, a maioria esmagadora dos recrutadores ainda enxerga com maus olhos o uso de IA em candidaturas. Alguns até admitem que teriam menos probabilidade de contratar alguém que recorreu à tecnologia.
Ou seja, você pode ser rejeitado por uma IA por ter usado... uma IA. A ironia é evidente.
Mas, deixando a hipocrisia de lado, essa aversão dos recrutadores à inteligência artificial pode ser desastrosa. Atualmente, as empresas não se cansam de repetir o quanto precisam de talentos em IA. Estão tão desesperadas que chegam a abrir mão da experiência se o candidato souber usar um chatbot. Então, por que ainda recusam quem já demonstra domínio da tecnologia logo na candidatura?
Como eliminar a rejeição contra essas ferramentas nas contratações
O primeiro passo para mudar esse cenário é eliminar o viés anti-IA nos processos seletivos. Para isso, os executivos precisam assumir a responsabilidade de garantir que os recrutadores estejam cientes das necessidades atuais e futuras da empresa em relação às competências em IA.
Além disso, é fundamental garantir que sinais dessas habilidades não sejam ignorados ou punidos na fase de triagem de currículos.
Ao promover uma melhor compreensão, por parte dos recrutadores, sobre como a empresa utiliza IA, é possível reduzir a rejeição e permitir que eles reconheçam talentos com essas competências em meio a uma enxurrada de candidatos.
Tarefas com IA nas avaliações de habilidades
O próximo passo é incluir tarefas relacionadas à IA nas avaliações de candidatos — e não apenas para cargos técnicos. Assim como já se pedem tarefas como escrever um briefing ou apresentar uma ideia, os empregadores devem avaliar a capacidade dos candidatos de utilizar ferramentas de inteligência artificial com eficiência.
Essas tarefas podem incluir, por exemplo, a criação de um prompt para um chatbot com o objetivo de gerar conteúdos de alta qualidade — e então avaliar o resultado gerado. Se a empresa utiliza ferramentas específicas, pode também testar o nível de familiaridade dos candidatos com essas tecnologias ou sua capacidade de aprender a usá-las rapidamente.
Priorizando candidatos com fluência em IA
Por fim, as empresas deveriam dar um passo a mais e priorizar estrategicamente os candidatos com fluência em IA, em detrimento daqueles que não demonstram domínio (ou sequer interesse em aprender). Uma alternativa seria criar um índice de competência em IA para usar como critério adicional na seleção.
Recrutadores precisam tratar as habilidades em inteligência artificial com o mesmo peso que já dão a outras competências técnicas relevantes para a função.
O futuro exige profissionais com IA
A inteligência artificial vai impactar todos os cargos em todas as empresas nos próximos anos. E em um cenário onde o sucesso dos negócios depende, cada vez mais, do uso de IA, ter um nível básico de conhecimento sobre essas ferramentas será um fator decisivo.
As empresas que continuarem penalizando o uso de IA e ignorando seu papel estratégico correm o risco de se tornarem irrelevantes. Provavelmente serão deixadas para trás por concorrentes mais abertos, ágeis e com visão de futuro.
Se você é recrutador, por que não dar uma segunda chance àquele currículo feito com ajuda da IA? Afinal, o futuro da sua força de trabalho pode estar ali, esperando para ser descoberto.
Com informações de Dan Thomson via FastCompany,