OpenAI mira o Chrome em meio a pressão sobre o Google; veja o que está em jogo

Executivo da empresa de IA depõe em julgamento e revela intenção diante de possível desmembramento da gigante das buscas

Imagem de humanoide com logo da OpenAI na cabeça.
OpenAI demonstra interesse em adquirir o Chrome caso Google seja obrigado a vendê-lo. Créditos: Julia Zhurina/ iStock/, ilgmyzin/ Steve Johnson/ Unsplash

Flávio Oliveira 2 minutos de leitura

A OpenAI, criadora do ChatGPT, manifestou interesse em comprar o navegador Chrome, o mais utilizado globalmente, se o Google for forçado a se desfazer dele.

A revelação, repercutida pela BBC, foi feita por Nick Turley, executivo da empresa de inteligência artificial, durante depoimento no julgamento antitruste que o governo dos Estados Unidos move contra o Google, em Washington, D.C.

O processo tem como objetivo impor uma cisão à empresa, sob o argumento de que ela detém controle excessivo sobre o setor de buscas na internet.

O Google, por sua vez, nega qualquer intenção de vender o Chrome e defende que o processo judicial seja arquivado. Dados da consultoria Similarweb apontam que aproximadamente 64% dos usuários da internet utilizam o Chrome. Em segundo lugar está o Safari, navegador da Apple, com 21% da preferência.

Disputa judicial com implicações para o setor de tecnologia

O depoimento de Turley integra uma série de ações movidas pelo Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) para conter o poder das gigantes da tecnologia nos mercados de redes sociais, buscas e inteligência artificial.

Em decisões anteriores, a Justiça norte-americana reconheceu que o Google possui um monopólio ilegal tanto nas buscas online quanto no mercado de publicidade digital. A empresa já anunciou que vai recorrer dos dois veredictos.

Em publicação no blog oficial do Google, a chefe de assuntos regulatórios, Lee-Anne Mulholland, afirmou que as propostas do governo “prejudicariam os consumidores americanos, a economia e a liderança tecnológica dos EUA”.

Inteligência Artificial acelera debate sobre monopólio

O julgamento atual se concentra em possíveis medidas para conter o domínio do Google nas buscas, especialmente após a ascensão de plataformas baseadas em IA generativa, como o ChatGPT.

Modelos de IA mais recentes estão utilizando a web para melhorar a precisão de respostas e evitar erros — as chamadas “alucinações” — que se tornaram um desafio recorrente para os desenvolvedores.

Segundo Turley, a OpenAI chegou a propor uma parceria com o Google em 2024 para integrar os resultados de busca ao ChatGPT. A ideia, no entanto, foi recusada.

“Atualmente, não temos nenhuma parceria com o Google”, afirmou Turley, conforme reportado pela agência Reuters.

Atualmente, a OpenAI tem colaboração com a Microsoft, criadora do buscador Bing e do navegador Edge. Enquanto isso, o Google aposta em seus próprios produtos de IA, como o Gemini — rival direto do ChatGPT.

O julgamento deve durar cerca de três semanas e é acompanhado de perto por outras grandes empresas de tecnologia, como Meta, Amazon e Apple, que também enfrentam investigações antitruste conduzidas pelo DOJ.

Rede social da OpenAI pode estar a caminho?

Paralelamente, surgiram rumores na última semana sobre os planos da OpenAI de lançar uma rede social própria.

Segundo o site The Verge, o projeto ainda está em estágio inicial, mas tanto a empresa quanto seu CEO, Sam Altman, têm solicitado feedback confidencialmente sobre a criação de um potencial concorrente ao X (antigo Twitter).

Altman e Elon Musk, dono do X, já foram parceiros na fundação da OpenAI, mas romperam relações após divergências sobre o futuro da companhia. O X, por sua vez, vem investindo em IA com a ferramenta Grok, já incorporada à sua plataforma.


SOBRE O AUTOR

Jornalista pela Universidade Federal de Pernambuco e mestrando em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto. Com passagem pel... saiba mais