Atenção: os agentes criativos já estão entre nós
Se a automação realmente vai liberar tempo para pensamento crítico e visão estratégica, todo ambiente de trabalho logo será um espaço de criação

Chegamos em uma nova etapa. Não estamos mais falando apenas de automação e produtividade, mas da popularização de inteligências projetadas para sugerir, criar e decidir. Os agentes de IA representam um novo estágio na integração entre pensamento humano e sistemas inteligentes. E seu impacto promete ser profundo.
É um conceito de simples entendimento se pensarmos em agentes de viagem automatizados – o caso mais popular de uso –, que, uma vez instruídos, podem pesquisar e escolher destinos, locais de hospedagem, cuidar das compras de passagens e reservas em restaurantes.
Também dá para imaginar um agente de compras domésticas para refeições, que escolhe ingredientes disponíveis e de melhor preço enquanto monta cardápios de acordo com dietas personalizadas. Casos de autonomia na execução de roteiros práticos, com regras claras e objetivos definidos.
Mas o cenário muda quando entramos no campo da criação. Processos criativos exigem decisões não lineares, especulações, desvios e experimentações – justamente as zonas cinzentas que desafiam os modelos atuais.
Ainda assim, é ali que residem as maiores promessas: se aprendermos a usar os sistemas de IA em contextos criativos abertos, como a arte, podemos avançar muito na busca de melhores soluções para os problemas complexos que enfrentamos.
No mundo da propaganda, por exemplo, onde a criatividade profissional pede estrutura, organização e métodos, a experimentação com agentes está crescendo. Recentemente, a Puma publicou um experimento fascinante, criado e executado pela agência Monks com apoio da Nvidia – um comercial totalmente realizado por agentes de IA.
Não apenas um agente de IA, mas centenas deles cooperando a partir de roteiros pré-definidos, desde a geração de conceitos, ideação, curadoria, até a execução em um período de cinco semanas. Um teste radical que antecipa a chegada de modelos voltados à criatividade aplicada, muito além da solução imediata de problemas.
Em meus workshops e palestras, tenho explorado futuros especulativos com participantes, gerando coletivamente cenários de espaços criativos aumentados por IA. A lógica é clara: se a automação realmente vai liberar tempo para pensamento crítico e visão estratégica, todo ambiente de trabalho logo será um espaço de criação.
Nesse horizonte, surgem ideias provocadoras: espaços físicos que atuam como agentes criativos, moldados por uma coletividade de visões humanas e capazes de devolver propostas originais elaboradas através de seu próprio uso.
Trata-se de uma hipótese instigante, mas bastante desafiadora: criar agentes pode ser o melhor caminho para testá-la.
Os agentes de IA representam um novo estágio na integração entre pensamento humano e sistemas inteligentes.
Recentemente, acompanhei um designer enquanto ele estruturava um agente para verificar seu próprio processo. Suas ideias, normalmente complexas, compostas por ecossistemas inteiros, foram convertidas em minutos em uma estrutura lógica com ações detalhadas e sugestões de execução passo a passo.
Testemunhei um diálogo intenso entre ele mesmo e o sistema que reproduzia e desenvolvia sua linha de pensamento. O momento mais surpreendente foi quando o sistema propôs uma rota mais clara e objetiva para uma determinada etapa do projeto, sem perder a coerência com o pensamento original. É um processo realmente fascinante.
A tecnologia ainda está em construção, mas já permite modelar, estruturar e prototipar ideias com agilidade. O resto? Vai acontecer à medida que ousarmos inventar novos fluxos, novos espaços, novos papéis para nós mesmos nesse futuro híbrido.
