O novo SEO pode salvar você
Em apresentação no Web Summit Rio 2025, o CEO da NP Digital Brasil, Rafael Mayrink, falou sobre o novo momento das técnicas de otimização da busca

O SEO mudou: menos volume, mais estratégia. É um novo SEO. Houve um tempo em que bastava escolher uma boa palavra-chave, escrever um artigo razoável e ver o tráfego orgânico decolar.
Eu mesmo vi sites crescerem mais de 70% só com essa receita. Mas esses tempos acabaram. E o mais curioso? Mesmo com o tráfego despencando, algumas poucas marcas conseguiram aumentar seus leads qualificados e até o faturamento.
A maioria, no entanto, nem percebeu o que aconteceu. Se há empresas que mal sabem o que é SEO, imagine entender que o SEO de hoje não tem nada a ver com o que funcionava anos atrás.
Lembro da época em que “ranqueávamos” muito bem para o termo “psicologia das cores”. O tráfego era alto. Mas, no fim das contas, isso não mudava nosso P&L (profit & loss, ou lucros e perdas), ou seja, não gerava lucro real.
O Google tratou de acabar com essa farra: atualizou o algoritmo para priorizar conteúdos diretamente relacionados ao que a empresa realmente faz. Essa foi só a primeira de muitas mudanças.
Por que o tráfego orgânico caiu tanto? Existem pelo menos três grandes motivos:
1. O fenômeno zero clique
Hoje, quase 65% das buscas no Google não geram clique para nenhum site, segundo pesquisa da SparkToro. O próprio Google responde direto na busca, sem que o usuário precise visitar a página.
2. A inteligência artificial chegou ao topo da busca
Faça uma pesquisa agora. A primeira resposta será provavelmente um resumo gerado por IA. Essa resposta concorre com o seu site – e, muitas vezes, vence.
3. A nova era da busca multiplataforma
Google, YouTube, TikTok, ChatGPT, Perplexity, Reddit… O cliente não busca mais respostas apenas em um lugar. E boa parte desse tráfego simplesmente não chega ao seu site. Segundo o relatório Internet Trends 2024 da Kleiner Perkins, mais de 50% dos usuários entre 18 e 34 anos já preferem iniciar buscas no YouTube ou no TikTok em vez do Google.
ENTÃO, O SEO MORREU?
Não. Mas ele renasceu de uma forma muito diferente. As poucas marcas que estão prosperando entenderam algo fundamental: não adianta fazer apenas SEO. Aliás, se a sua agência só oferece SEO isoladamente, ligue o sinal de alerta. O marketing digital hoje exige integração.
Essas marcas estão voltando para o “básico” do marketing: entender profundamente seus clientes – o que querem, quando querem, como querem e onde querem.

Se você acha que isso exige grandes investimentos em pesquisa, vale o conselho do meu amigo Antônio Augusto, professor da Fundação Dom Cabral: gaste a sola do sapato. Vá até o cliente, faça pesquisas qualitativas, escute de verdade. Antes de pensar em grandes amostragens, entenda o comportamento real.
Além disso, as marcas perceberam que não basta estar em várias plataformas. É preciso ser omnicanal de verdade. Imagine um consumidor: Ele vê o anúncio de um tênis no Instagram, experimenta na loja física, pesquisa resenhas no YouTube, compra pelo e-commerce e retira em um locker perto do trabalho.
Sua marca precisa tornar toda essa jornada simples e integrada. Essa é a diferença entre “estar em vários lugares” e “estar conectado em todos os lugares”.
IA E O NOVO SEO
E a inteligência artificial nisso tudo? As melhores marcas não veem a IA como substituta. Elas a usam para acelerar análises, identificar padrões, otimizar conteúdos e tomar decisões com base em dados reais, não em achismos.
Um relatório da Semrush revelou que empresas que usam IA para auxiliar suas estratégias de SEO conseguem melhorar sua taxa de conversão em até 30%. Portanto, a IA não vai acabar com o SEO. Mas vai acabar com o SEO preguiçoso, feito sem estratégia, sem entender o cliente. Teremos um novo SEO.
O SEO tradicional, focado apenas em volume de tráfego, realmente morreu. Mas o marketing mais humano, mais inteligente e mais conectado ao consumidor está mais vivo do que nunca