Request for proposals (RFP)

Um briefing do que seria uma campanha de reposicionamento para a marca que conhecemos hoje como Estados Unidos da América

Créditos: Rawpixel/ Getty Images/ Joshua Hoehne/ Unsplash

Fred Gelli 3 minutos de leitura

Projeto: Rebranding da Marca USA™  

Cliente: Governo dos Estados Unidos da América  

Departamento de Estratégia Global e Identidade Nacional (DESGINA)  

1. Introdução

Durante mais de um século, os Estados Unidos projetaram uma das marcas mais potentes já criadas na história. Um sistema simbólico que combinava promessa, performance e propaganda com precisão quase coreográfica.  

Acontece que o tempo mudou. E rápido.  

O que antes era “liderança global” agora soa como nostalgia. O que foi “liberdade” virou ruído. “Esperança”, um termo em desuso. E o tal “sonho americano” hoje está em litígio.  

Estamos diante de um redesenho histórico, talvez irreversível, da identidade de uma nação. Não se trata de um novo logo. Estamos falando de revisar os valores fundadores, os pilares morais, a estética da verdade e o tom emocional de um país inteiro.  

Uma cirurgia na espinha dorsal simbólica da América.

2. Objetivo do Projeto

Construir uma nova marca USA™ que dê conta do presente sem precisar prestar contas ao passado. Uma identidade mais alinhada ao que o país realmente está se tornando e não ao que gostaria de continuar parecendo ser.  

Uma marca que abandone o mito da neutralidade e assuma de vez a estética do poder como linguagem universal.  

Menos diplomacia, mais decibéis.  

Menos consenso, mais clamor.  

Menos bandeiras tremulando ao vento — mais CAIXA ALTA, SEM VÍRGULAS, COM EXCLAMAÇÕES!!!  

3. Diretrizes Estratégicas

A nova identidade deve:

- Romper, sem cerimônia, com o imaginário construído nas últimas 10 décadas  

- Eliminar conceitos como “liderança moral”, “verdade factual” e “soft power”  

- Ser capaz de operar como símbolo de autoridade em contextos de crise, ruído ou desinformação  

vista do Congresso do EUA (Capitólio) / rebranding da marca América
Crédito: Caleb Perez/ Unsplash

- Assumir que a comunicação já não é sobre clareza – é sobre volume  

- E, sobretudo, saber que SER PERCEBIDO É MAIS IMPORTANTE DO QUE SER ENTENDIDO

A marca ideal deve causar mais do que comunicar.

4. O que está ficando para trás

Abandonaremos:  

- O verniz da moderação  

- A retórica da liberdade como direito universal  

- A ideia de que o mundo espera uma referência moral americana  

- A ilusão de que símbolos devem unir  

Este projeto é, no fundo, sobre reconhecer o fim de um ciclo simbólico – e começar outro. Um ciclo que já está em curso, mas ainda sem forma. Sem cor. Sem logo. E ironicamente, mais claro e efetivo do que nunca na desintegração de tudo que poderia se esperar da marca que queremos substituir com esse rebranding. 

5. Público-Alvo

- Eleitores fiéis, nostálgicos e armados  

- Cidadãos que performam indignação em tempo integral  

- Líderes globais que ainda fingem esperar bom senso dos EUA  

- Plataformas que transformam discurso em produto e polêmica em capital social  

- Bots, deepfakes e influencers patrióticos com engajamento acima da média

6. Entregáveis

- Logotipo e símbolo (preferencialmente com aplicação em patches, bandeiras adaptadas e hologramas)  

- Paleta emocional de impacto 

- Tipografia oficial em caixa alta, para uso em tuítes, ordens executivas e posts com bandeiras distorcidas ao fundo  

bandeiras e botons da eleição dos EUA/ rebranding da marca América
Crédito: Estúdio Algodãobro/ Pexels

- Slogan-mantra que funcione como grito de guerra e bio de Instagram  

- Kit de replicação simbólica para ambientes institucionais, religiosos, comerciais e de vigilância  

7. Critérios de seleção

 

Valorizaremos agências e profissionais com:

- Coragem narrativa e baixa sensibilidade ao constrangimento simbólico  

- Experiência em projetos de branding para entidades em processo de desconstrução 

- Capacidade de sintetizar ideologia em três palavras ou menos  

- Familiaridade com a estética do colapso e a semiótica do “não pedido de desculpas”

8. Observações Finais

Este rebranding não será fácil.  

E nem precisa ser.  

A nova marca USA™ não nasce para agradar. Ela nasce para afirmar. Para ocupar. Para deixar claro que, mesmo em turbulência absoluta, precisamos parecer estar no controle.  

O mundo está mudando. E a América mais ainda. Chegou a hora de queimar nossos símbolos antigos, negar nossa história e mostrar para o mundo a grandiosidade do país que estamos construindo. 

Doa a quem doer

USA™


SOBRE O AUTOR

Fred Gelli é co-fundador e CEO da Tátil Design, consultoria de branding, design e inovação que desenha estratégias e experiências de m... saiba mais