Isto é o que o desenho no túmulo de Stephen Hawking realmente significa

O cientista ficou famoso pelas teorias que relacionam conceitos que antes eram vistos como desconectados

ilustração de stephen hawking
O cientista foi revolucionário no estudo dos Buracos Negros. Créditos: imagem gerada com auxílio de IA Chat GPT.

Louize Lazzarim 3 minutos de leitura

Desde 2018, com a morte de Stephen Hawking, astrofísico e grande pesquisador reconhecido por sua contribuição à ciência, surgiu um questionamento entre seus admiradores: qual é o significado da equação descrita na lápide do cientista?

Para entender isso, é preciso saber que, aos 21 anos, Stephen foi diagnosticado como portador da ELA, a Esclerose Lateral Amiotrófica, doença que o tornou dependente de uma cadeira de rodas e de um sistema computadorizado para continuar se comunicando. No entanto, a condição não foi capaz de deixar de lado a sua persistência em contribuir com o mundo e, em especial, com as descobertas na física.

Seu último pedido, antes da sua passagem por complicações da ELA, foi a de que em sua lápide estivesse registrada a equação nomeada como "Radiação Hawking".

O túmulo, que fica em Abadia de Westminster, em Londres, a poucos passos dos túmulos de Isaac Newton e Charles Darwin, mesmo após 7 anos do falecimento de Hawking, ainda gera estudos por instituições como Nasa, a agência espacial americana, e a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês). 

Além da equação, a lápide em tons de cinza escuro contém a gravação de um desenho que simula uma espiral, a qual circunda uma elipse e os 10 caracteres da equação. A cor não foi escolhida ao acaso, já que traz a ideia também descrita na equação, de que os buracos negros não são completamente negros, pois também emitem uma espécie de radiação. Veja abaixo:

Essa ideia que trouxe o grande reconhecimento a Hawking nem sempre foi aceita pelo cientista, pois, de início, ele tinha certa resistência a acreditar que isso pudesse ser possível. Quando iniciou seus estudos dos buracos negros, em 1974, descobriu que o corpo celeste parecia emitir partículas a uma taxa constante, mas queria se livrar desse efeito constrangedor.

A equação

O conceito criado por Hawking relaciona outras duas teorias. A primeira diz respeito ao fóton, uma partícula de luz, que se separa em um par: a partícula e a antipartícula. Esse par, assim que se separa, volta a se unir, em um efeito que se chama flutuação.

O outro conceito necessário para entender a equação da lápide do cientista é a ideia do horizonte dos eventos, que faz uma espécie de limite do universo. Ao ultrapassar esse limite, um objeto não conseguiria mais retornar ao universo.

Diante disso, Hawking pensou “e se um fóton se separar antes do limite e um de seus pares ultrapassar esse horizonte dos eventos? Como ele voltaria para se aniquilar?".

De acordo com o estudioso, a partícula ou antipartícula abandonada pode seguir duas trajetórias: ou ela cai no buraco negro depois da sua parceira, ou ela  escapa para o infinito, em que parece ser radiação emitida pelo buraco negro. Essa segunda hipótese motivou a equação de Hawking.

Ao mesmo tempo em que fez essa descoberta, Hawking também concluiu que um buraco negro pode desaparecer. Isso acontece porque, quando um fóton passa pelo processo de flutuação próximo a um buraco negro, o fóton retira energia do horizonte de eventos para completar a ação. No entanto, com o acontecimento constante da flutuação próxima ao horizonte de eventos, ele passa a retirar energia do buraco negro.

Com um período de tempo de dezenas de vezes a idade atual do Universo, um buraco negro pode evaporar. Para provar essa teoria de Stephen Hawking, a Nasa enviou um telescópio para detectar um buraco negro primordial, mas ainda não conseguiram provar a equação do cientista.


SOBRE A AUTORA

Jornalista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e escritora do livro "Sem Intervalo para Sorrir: Memórias do 29 de abril de 2015... saiba mais