Empresas subestimaram o impacto negativo de abandonar as políticas de DEI
CEOs que cortaram políticas de DEI erraram ao não pensar nas consequências quando pessoas esperam que as empresas estejam alinhadas com valores atuais

Nos últimos tempos, várias empresas grandes, como Target, Amazon e Google, decidiram cortar ou reduzir suas políticas de DEI. E isso teve consequências financeiras sérias. A rede de lojas Target (dos EUA), por exemplo, viu o valor de suas ações cair 17% depois de ter recuado nas políticas de diversidade, além estar enfrentando boicotes por parte dos consumidores.
Amazon e Google também sofreram reações negativas por mudarem sua postura em relação às políticas de DEI. Enquanto isso, empresas como Costco, Apple e Pinterest mantiveram seu compromisso com a diversidade e continuam colhendo bons frutos nos negócios.
Isso tudo levanta uma pergunta importante: por que tantas empresas erraram no cálculo do impacto financeiro de abandonar as ações e programas de diversidade, equidade e inclusão e o que podem fazer para ajustar suas estratégias antes que o estrago seja ainda maior?
O CUSTO DE SUBESTIMAR O IMPACTO DA DEI NOS NEGÓCIOS
CEOs que cortaram políticas de DEI erraram feio ao não considerar as consequências em um mercado onde talentos, consumidores e investidores esperam que as empresas estejam alinhadas com valores atuais.
Até 2030, a maior parte da força de trabalho e dos consumidores será formada pela geração Z e pelos millennials, que esperam ambientes de trabalho mais justos, com menos barreiras e com oportunidades mais igualitárias.
Quando empresas como as citadas acima recuaram nas suas políticas de DEI, isso não representou apenas uma mudança interna – foi um sinal claro de desalinhamento com funcionários e consumidores. O resultado? Perda de dinheiro e reputação, algo que só tende a piorar com o tempo.
Entenda, a seguir, alguns dos riscos financeiros mais comuns ao abandonar as políticas de DEI sem pensar nas consequências:
1. Perda de vantagem competitiva na disputa por talentos
O mercado de trabalho hoje é mais diverso do que nunca – e os melhores profissionais esperam que as empresas espelhem essa diversidade. Quem não apostar em uma estratégia de inclusão corre o risco de perder talentos de alto desempenho para concorrentes mais alinhados com essa realidade.

Uma equipe diversa estimula a inovação e a capacidade de adaptação, dois pontos cruciais para manter vantagem competitiva no cenário atual. Um estudo da McKinsey mostrou que empresas no topo do ranking em diversidade étnica e de gênero têm 35% mais chances de superar a concorrência em lucratividade.
2. Rejeição dos consumidores e queda na participação de mercado
Consumidores – especialmente os millennials e a geração Z – estão cada vez mais atentos aos valores das marcas na hora de decidir o que comprar. Pesquisas indicam que mais de 60% da geração Z prefere marcas que se comprometam com diversidade e inclusão.

Empresas que deixam de investir em políticas de DEI correm o risco de perder a lealdade do cliente, ver sua participação no mercado cair e enfrentar desconfiança. A queda nas ações da Target e a diminuição no fluxo de clientes nas lojas após o recuo nessas ações mostram que o impacto é real – e caro.
3. Pressão de investidores e preocupação dos acionistas
Investidores empresariais hoje levam em conta as políticas de DEI ao avaliar riscos e sustentabilidade das empresas. Quando uma empresa abandona essas iniciativas de repente, passa a impressão de que não sabe lidar com as mudanças no mercado nem com os desafios de gestão de pessoas a longo prazo.
Com os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) ganhando força, empresas que parecem estar “voltando atrás” em DEI correm o risco de sofrer pressão de acionistas, perder investimentos ou até ficar de fora de carteiras voltadas para a sustentabilidade.

O fundo de investimentos BlackRock, por exemplo, já afirmou que leva diversidade em consideração nas suas decisões de investimento, o que pode afetar diretamente o fluxo de capital para empresas vistas como retrógradas nesse aspecto.
4. Prejuízos operacionais e aumento de custos
Da porta para dentro, abandonar políticas de DEI pode causar desengajamento, queda na produtividade e aumento na rotatividade. Funcionários insatisfeitos com lideranças desconectadas da cultura da empresa tendem a pedir demissão, o que aumenta os custos com recrutamento e treinamento.
Além disso, a falta de esforços estruturados para inclusão pode gerar conflitos internos, prejudicar o trabalho em equipe e, no fim, afetar negativamente a eficiência e a inovação da empresa.

Os melhores líderes entendem que suas experiências pessoais moldam sua visão de mundo, mas também sabem que essa visão não representa toda a realidade do mercado nem das outras pessoas que lideram. Para continuar competitivo no século 21, é preciso desafiar velhas crenças, parar de confiar só em pesquisas enviesadas ou no que o seu grupo de amigos executivos pensa.
A dica é buscar pontos de vista além da sua bolha de sempre e tomar decisões estratégicas com base numa visão mais ampla e realista do mundo dos negócios atual.
Resumindo: você até pode continuar no conforto da sua torre de marfim – mas, se quiser ser um líder de verdade neste século, vai ter que descer dela de vez em quando.