Presencial/remoto já era: trabalho híbrido agora quer dizer humanos + IA

Com o avanço da inteligência artificial, o desafio das empresas é usar a tecnologia para potencializar (e não substituir) as pessoas

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Ryan Peterson 4 minutos de leitura

Nos últimos anos, “trabalho híbrido” virou sinônimo de alternar entre o home office e o escritório. E, no geral, esse modelo agradou bastante: as pessoas ganharam mais flexibilidade, passam menos tempo no trânsito e conseguem ter uma rotina mais equilibrada. Mas agora o trabalho híbrido está ganhando um outro significado – que não tem nada a ver com lugar.

Com a inteligência artificial cada vez mais integrada ao dia a dia das empresas, o futuro do trabalho híbrido não será apenas sobre onde a gente trabalha, mas como trabalhamos com esses novos “colegas” digitais. Entramos na era do trabalho híbrido com IA.

Com a chegada dos chamados agentes de IA, as empresas estão começando a fazer perguntas mais profundas: como a inteligência artificial pode complementar o que os humanos têm de melhor? Como será, na prática, essa colaboração entre pessoas e máquinas? Como fazer com que a tecnologia gere valor para os negócios? (spoiler: ela não vai fazer isso sozinha.)

O futuro do trabalho não é sobre tirar os humanos da equação, mesmo que algumas funções deixem de existir. A ideia é usar a tecnologia para expandir as capacidades humanas, tornando as pessoas mais ágeis, criativas e produtivas do que seriam por conta própria.

Em breve, o conceito de trabalho híbrido vai mudar: não será mais uma questão de local, mas de integração entre humanos e IA – com a tecnologia ampliando a capacidade de raciocínio, a criatividade e a eficiência das pessoas.

ALÉM DOS PEQUENOS GANHOS EM PRODUTIVIDADE

Por enquanto, a IA está apenas começando a mostrar seu valor ajudando em tarefas repetitivas ou demoradas, como redigir e-mails, resumir reuniões ou produzir relatórios.

Mas essa fase inicial está com os dias contados. Muitas empresas já estão indo além da busca por pequenos ganhos em produtividade e mirando objetivos mais ambiciosos, como inovação e crescimento de receita.

A ideia é usar a tecnologia para expandir as capacidades humanas.

Algumas estão, inclusive, reformulando seus processos internos com foco em inteligência artificial e trocando a engenharia de prompts por engenharia de agentes (integração de prompts e dados). É o trabalho híbrido com IA ganhando espaço.

Por outro lado, muitas ainda têm dificuldade de adotar a IA porque começam do jeito errado. Em vez de pensar em como melhorar fluxos e experiências, procuram tarefas para automatizar e pessoas para substituir. E isso costuma dar errado.

A IA NÃO VAI TE SUBSTITUIR, MAS ALGUÉM QUE SAIBA USÁ-LA, VAI

O maior erro ao implementar IA é usá-la para cortar pessoas, quando o mais inteligente seria fortalecê-las. O foco não deve ser substituir funcionários por máquinas, mas sim usar a tecnologia para ampliar o trabalho humano.

A IA precisa das pessoas para funcionar bem. E as pessoas, com o apoio da inteligência artificial, podem alcançar muito mais. Quando a tecnologia assume as tarefas repetitivas, os humanos ficam livres para pensar de forma mais estratégica, empática e contextualizada. Isso agrega um valor que a IA, sozinha, jamais conseguiria.

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Compreender emoções, interpretar contextos e captar nuances como o humor são habilidades essencialmente humanas. E é justamente essa inteligência emocional que pode equilibrar a agilidade e eficiência da inteligência artificial. Estamos apenas começando a explorar o potencial dessa nova parceria entre pessoas e máquinas no trabalho híbrido com IA.

Embora alguns empregos que não dependem tanto da inteligência emocional possam ser automatizados, a tecnologia já está criando novas oportunidades para pessoas que conseguem interpretar, gerenciar e integrar tecnologias baseadas em IA.

A NOVA CARA DO TRABALHO HÍBRIDO COM IA

Os empregos híbridos do futuro estão começando a ser encontrados em diversos setores. Na área da saúde, o profissional assistido por IA vai ajudar médicos e enfermeiros a usar a tecnologia para aprimorar diagnósticos, personalizar planos de tratamento e gerenciar dados de forma eficaz, levando a melhores resultados para os pacientes.

Designers que incorporaram tecnologias de IA às interfaces criaram melhores experiências para o usuário. Profissionais criativos que usaram IA para criar músicas, conteúdo de marketing e produção de filmes estão em alta. Estamos apenas vendo o início dos empregos híbridos – a imaginação humana definirá os que virão a seguir.

Compreender emoções, interpretar contextos e captar nuances são habilidades humanas.

Mas, para que essa colaboração funcione, é preciso que as pessoas confiem na IA. Metade dos participantes de uma pesquisa recente disse que o ideal é manter sempre a possibilidade de intervenção humana. Outros 42% querem ver evidências claras da precisão e confiabilidade da IA com o tempo. E 41% defendem uma regulamentação mais firme.

Esses números mostram que as pessoas estão dispostas a colaborar com a inteligência artificial – desde que tenham garantias de que ainda existe um ser humano no comando. Elas não querem que a IA assuma o controle, mas que seja parte de um time híbrido.

Está na hora de dar boas-vindas ao seu novo colega digital.


SOBRE O AUTOR

Ryan Peterson é chief product officer da Concentrix, especializada no designe e implementação de soluções de negócios para marcas. saiba mais