Benjamin Yung: “Criamos com muita paixão, por isso nossa criatividade é tão reconhecida”

Benjamin Yung, CEO da agência DPZ
Crédito: Divulgação/ Fast Company Brasil

Redação Fast Company Brasil 2 minutos de leitura

Reconhecido como o principal evento da publicidade mundial, o Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions acontece de 16 a 20 de junho, reunindo as mentes mais brilhantes e influentes desse mercado.

Este ano em sua 72ª edição, o festival vai homenagear o Brasil, primeiro país a receber o título de País Criativo do Ano. A premiação, inédita, reconhece o impacto de um país no universo da criatividade, valorizando seus talentos e sua cultura local.

Como parte da homenagem, o festival terá uma programação especial dedicada ao Brasil, incluindo ativações pela cidade, eventos e exibições. 

A Fast Company Brasil convidou alguns dos principais nomes do mercado publicitário nacional para falar sobre o papel da força criativa do Brasil no mundo. 

Nesta entrevista, conversamos com o CEO da DPZ, Benjamin Yung, jurado da categoria Creative B2B Lions.

Fast Company Brasil – A que você atribui a vocação brasileira para a criatividade?

Benjamin Yung – O Brasil é um país historicamente cheio de desafios sociais e econômicos. Resolver problemas com poucos recursos está no nosso DNA. Temos influências indígenas, africanas, europeias, latinas, orientais… Toda essa diversidade de culturas e pensamentos gera um ponto de vista único, que alimenta ideias mais inesperadas e ousadas.

Nós valorizamos a emoção intensa. Seja no almoço em família, na mesa do bar ou nos memes que circulam no WhatsApp, gostamos de rir, de chorar, mas nunca de ser indiferentes. Isso vale para tudo: na música, no futebol, na arte e também na publicidade.

Enquanto outros povos são mais rígidos e seguem o manual, o brasileiro cria com malemolência, com jogo de cintura. Samba na adversidade. Dá um drible da vaca nos problemas do briefing. E carrega no sangue a herança do repente para lidar com a falta de prazo.

A gente cria com muita paixão, por isso a criatividade brasileira é tão reconhecida em Cannes e exportamos talentos criativos para o mundo todo.

Fast Company – Brasil Na sua opinião, quais campanhas ou ações ajudam a ilustrar essa vocação?

Benjamin Yung – Fugindo um pouco da publicidade, um exemplo muito simbólico disso, para mim, foi o recente episódio com a rede social X. Quando o acesso dos brasileiros foi bloqueado, não houve apenas uma perda de usuários, houve uma perda de criatividade em tempo real.

Estudos mostraram que a ausência do Brasil impactou o engajamento global na rede, inclusive em comunidades de fãs internacionais. Isso mostra o peso da nossa criatividade. Uma rede sem o Brasil é uma rede mais chata e silenciosa. 

Falando de uma campanha, como este ano Washington Olivetto será homenageado em Cannes, não posso deixar de citar o primeiro Leão de Ouro do Brasil, criado por ele ainda na DPZ.

O filme “Homem de 40 anos”, feito para o Conselho Nacional de Propaganda, já combatia o etarismo há 50 anos ao criticar o uso da frase “idade máxima: 40 anos” nos anúncios de classificados de emprego.

O filme pedia mais oportunidades para “uma cabeça cheia de cabelos brancos” mostrar seu valor e acabou se tornando um projeto de lei que proibiu esse tipo de discriminação.

É um trabalho que, se fosse feito hoje, poderia estar inscrito na categoria B2B Lions, da qual sou jurado, e um grande exemplo de algo em que acredito muito: o poder da criatividade para transformar negócios e a sociedade.


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