A importância do ensino de idiomas por uma ótica afrocentrada

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Quando pensamos no acesso à língua estrangeira, o imaginário social cria cenas nada próximas da realidade dos brasileiros: uma sala de aula com alunos e professores brancos de classe média. Pobres  e negros, indígenas, pessoas gordas, mulheres e homens trans, deficientes, neuro atípicos ou autistas jamais estão neste imaginário.Duro de ler, duro de pensar, mas é uma das tantas mazelas sociais contra as quais segmentos da sociedade brasileira vêm lutando: a exclusão educacional ou exclusão escolar, que ao contrário do que se pensa, não acontece principalmente na educação de base, mas durante todo o processo de educação formal ao qual o aluno está exposto ao longo da jornada escolar.No que tange ao ensino de idiomas, temos um problema complexo, porque, além de o Brasil ser um país de língua portuguesa – que só é falada em mais nove países –, também não tem uma segunda língua. É um país, mais recentemente, envolto na nuvem da xenofobia. Assim, as pessoas não estão habituadas a lidar com outros idiomas na vida prática. Quando lidam, têm medo, vergonha, insegurança e acham que ou é algo para ricos ou que determinados sotaques, especialmente os africanos e caribenhos, são feios e coisa do gueto. 

A exclusão acontece durante todo o processo de educação formal ao qual o aluno está exposto ao longo da jornada escolar.
Nesse contexto, a população de estudantes brasileiros perde muitas oportunidades de trabalho ou bolsas de estudos no exterior pelo simples fato de que não se arriscam a participar de processos seletivos, por entenderem que não dominam o idioma. Para completar, dentro da gama de bullying que compõe as práticas sociais tão peculiares do Brasil, uma pessoa que se arrisca com o inglês que sabe tende a ser ridicularizada por outras que não sabem, não querem saber e não valorizam os que estão se esforçando para fazer mais e melhor.O DESAFIO DA PERMANÊNCIAContudo, aqui vamos nos ater à questão racial, visto que a população brasileira tem mais de 50% de afrodescendentes e seguimos com uma educação que apaga as pessoas e a história negra. A lei 10.639 tem 19 anos e ainda não é possível praticar com consistência o ensino de história e cultura negra nas escolas. Nos cursos de idiomas – todos (ou quase todos) com um contexto cultural totalmente desalinhado à realidade brasileira –, alunos negros são minoria, tendo pouco ou nenhum acesso. Os que adentram têm como desafio a permanência, já que as aulas nunca remetem à cultura negra ou ainda têm como referências uma África num cenário de escassez, nunca em sua totalidade e grandeza. Estamos falando aqui de um continente com mais de 50 países, que produz petróleo, diamante, coltan (mistura de dois minerais: columbita e tantalita), lidera segmentos de tecnologia como o blockchain e, mesmo assim, segue estigmatizado.
Nos cursos de idiomas, alunos negros são minoria, tendo pouco ou nenhum acesso. 
Ao fazer um movimento arbitrário a essas instituições tradicionais, iniciativas como a da Ebony English School e tantas outras que visam o acesso e democratização da língua inglesa, impulsionam um trabalho de base catalisador, por meio de uma metodologia disruptiva, que centraliza a cultura negra afro e diaspórica, bem como particularidades. O resultado evidencia uma transformação social ao conciliar reconhecimento e pertencimento no processo de aprendizagem.A partir dessa premissa, há cinco pontos que demonstram a importância do processo de aprendizagem por uma ótica afrocentrada, no sentido de possibilitar um cenário positivo para a população preta, e assim, desmistificar toda uma narrativa pautada na subalternidade e escassez. São eles: história da África; representatividade; antirracismo; fortalecimento da autoestima; e desenvolvimento pessoal, alocado também com  o upgrade no currículo.Portanto, o inglês, pela ótica afrocentrada possibilita aos envolvidos um avanço sócio-cultural e intelectual, ampliando suas percepções, por não trazer resquícios de um ensino colonizado e eurocêntrico. No mais, diz muito sobre uma vivência cultural, ancestral e histórica. 

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