Startup propõe uma bebida do futuro para ser dissolvida no copo
Imagine entrar em um bar e pedir um copo de imunidade? Ou de ômega 3? Se depender do fundador da foodtech brasileira Vittaball, Peter Gaul, até o final deste ano o inusitado pedido poderá ser feito. Lançada em 2021, a startup atua em um segmento que não seria ligado a drinques coloridos em um balcão à primeira vista, mas que está essencialmente associado à água. Ela produz suplementos efervescentes.
Se a cena que surgiu na mente foi a de um tablete laranja dissolvido na água em dias de gripe, a ideia está perto do conceito da Vittaball. A foodtech tem dez produtos no mercado que se dissolvem na água, mas que vão muito além da conhecida vitamina C. A proposta é oferecer suplementação vitamínica, como diversas marcas fazem, porém em um formato que permite a absorção dos nutrientes pelo organismo de modo mais rápido e eficaz, como afirma o fabricante.
A Vittaball nasceu a partir de uma experiência pessoal de Gaul, sócio de um estúdio de design no Rio. Cansado, estressado e sem energia, ele buscou a ajuda de um nutrólogo em 2019. O especialista resolveu tratá-lo com suplementos de vitaminas e minerais. Gaul viu resultados na abordagem, mas percebeu que tinha dificuldade de ingerir cápsulas “que pareciam uma maçã inteira”.
Para resolver seu problema, passou a abrir as cápsulas e diluir o conteúdo na água. Não entendia como não poderia existir no Brasil algo assim já pronto e com bom sabor. Gaul chegou a tentar fazer seus suplementos via manipulação, porém ficou caro para a quantidade de que necessitava. Pensou depois em importar e foi quando pesquisou para saber o que havia no mercado internacional.
Duas marcas chamaram sua atenção: a australiana Voost e a norte-americana Nuun. A primeira foi lançada em 2013, em Melbourne, mas tinha seus produtos fabricados na Alemanha. Em abril do ano passado, foi adquirida pela P&G. A segunda companhia abriu suas portas em 2004, em Seattle, e cresceu com o apelo esportivo, já que criou tabletes eletrolíticos com baixo teor de açúcar.
Apontada como líder em hidratação funcional, a Nuun tem um portfólio de produtos efervescentes e em pó com minerais e vitaminas indicados para dar energia, ajudar a relaxar e promove bem-estar. O sucesso da marca atraiu a Nestlé, que comprou a empresa por meio de sua divisão Health Science, em maio de 2021.
Antes dessas aquisições acontecerem, Gaul estudou o mercado, decidiu apostar na área e lançou a Vittaball, da qual é CEO e também responsável pelo marketing. “Tenho experiência em desenvolver produto e construir marca”, explica, crente que muito do crescimento do segmento por aqui iria se basear em educar a população a respeito dos benefícios desse tipo de suplementação.
Claro, também era essencial acertar na formulação para entregar algo com qualidade e gosto agradável. Para isso, tinha de encontrar parcerias para colocar o projeto em pé. “Visitei fábricas, entrevistei nutrólogos”, lembra.
Para produzir os tabletes segundo seu conceito – todos contam com ingredientes naturais, inclusive corantes, e são adoçados com Stevia, o que diferencia a marca da Nuun e da Voost –, Gaul fechou acordo com um laboratório de Votorantim, no interior paulista.
Foram quase dois anos trabalhando no desenvolvimento das vittaballs. Para criar os produtos, foram montados times com cinco pessoas, juntando nutricionistas e farmacêuticos. É desse modo que saem produtos como o Isotonic Vittaball, uma das duas novidades deste mês, ao lado do Ômega 3. Depois de as fórmulas passarem por todos os testes, é a hora de a fábrica entrar em ação. São cerca de 300 pessoas no laboratório, atuando de forma terceirizada.
DESIDRATAÇÃO NÃO PERCEBIDA
Os investimentos feitos pela Nestlé e pela P&G nessa área serviram para dar mais confiança a Gaul no potencial do negócio. Além de oferecer suplementação de vitaminas e minerais em versões mais fáceis de ingerir, ele acredita que os tabletes agem sobre outro problema. Com base nas pesquisas que fez, o CEO da Vittaball afirma que as pessoas não têm tomado água como deveriam. “A desidratação é um problema grande, que não é percebido”.
“Desenvolvi uma solução que atende duas demandas. Criei um pó voador que se dissolve na água e gera outro produto.”
Com um flavorizador, isso poderia ser melhorado. Daí porque buscou meios de acrescentar sabores como cranberry, tangerina e limonada suíça. “Desenvolvi uma solução que atende essas duas demandas. Criei um pó voador que se dissolve na água e gera outro produto”, afirma.
Diante dessas características, ele assegura ter um alimento inovador. Os dez produtos da Vittaball são coloridos e têm apelo visual – afinal, Gaul é designer. A marca vende os seguintes tabletes: Colágeno, Complex-B, Energy, Imune Kids, Immunity Normal, Immunity 2.0, Detox, Relax, Isotonic e Omega 3. Eles são vendidos via e-commerce próprio e em lojas online de parceiros.
VITAMIN BAR
Se o consumidor comprar a ideia do benefício para a saúde, o que vai convencê-lo a tomar efervescentes em sua rotina? O perfil da Vittaball no Instagram traz um apelo que responde essa pergunta. Na rede, os produtos são apresentados como “future drinks”, em inglês mesmo. “As pessoas vão buscar mais soluções de hidratação. Com o que oferecemos, elas poderão ter até um blend de vitamina C com outro nutriente”, acrescenta.
O caminho para isso já está sendo elaborado. Gaul tem um protótipo de uma loja-conceito onde pretende promover experimentações com as fórmulas e variando sabores. “Qual o sabor da vitamina C ideal para você? O sabor perfeito? Isso pode virar o drinque diário da pessoa.” Ele chama o projeto de Vitamin Bar. O local para instalar a concept store ainda está em estudos, mas será em São Paulo.