Veja como um casal pode cuidar das finanças e melhorar a relação
Gerenciar rendas e despesas a quatro mãos pode trazer muitas vantagens para as contas e a rotina, mas não serve para todo mundo; entenda

O Dia dos Namorados costuma ser uma das melhores datas para o comércio. Os casais se entusiasmam com a oportunidade de celebrar e trocar presentes. Mas a amabilidade em tempos de gastos não costuma ser uma constante na vida do casal.
DINHEIRO É RAZÃO PARA ATRITOS ENTRE CASAL
Pesquisa da Serasa revela que mais da metade dos brasileiros considerou o dinheiro o principal motivo de brigas entre casais. Ao todo, 53% dos entrevistados disseram concordar com essa é uma questão nas relações.
A cada 10 brasileiros, 4 já ficaram com o nome sujo por conta de um relacionamento. E a dor de cabeça financeira pode durar mais do que um namoro ou casamento. Ao todo 45% ficaram com dívidas do parceiro/a mesmo depois do ponto final.
DE OLHO NO CPF
Apesar de tantos atritos causados por questões ligadas ao dinheiro, 24% mostraram preocupação com o dinheiro do outro/a mesmo antes da relação começar. Eles disseram estar dispostos a investigar a vida financeira de alguém antes de se envolver romanticamente.
A pesquisa sobre a vida financeira do potencial namorado/a é feita, por exemplo, via CPF. Pelo menos 1 em cada 10 pessoas já investigou o score e o CPF do outro/a antes de assumir um compromisso sério.
Mesmo com 65% dos casais falando abertamente sobre dinheiro, quase metade já escondeu dívidas e problemas financeiros.
O levantamento da Serasa mostra ainda que 35% dos atritos são causados pela tomada de decisões financeiras por impulso. Com produção do Instituto Opinion Box, foram entrevistadas 1.120 pessoas, de todas as regiões do país.
CONTAS PARA O CASAL
Uma das formas de minimizar os pontos de atrito financeiro é a organização financeira em conjunto. Segundo a pesquisa da Serasa, 58% disseram ter este tipo de iniciativa. Octavio Turra, sócio e CTO da Noh, fintech de conta conjunta digital para casais, aponta alguns cuidados que podem ser tomadas pelos casais para melhorar a forma como o tema das finanças deve ser tratado.
Uma das sugestões é adotar o uso de planilhas para lançar despesas e receitas. “Pode ser a planilha ou alguma outra ferramenta de controle financeiro, como aplicativos”, diz Turra.
A conta conjunta, destaca o sócio da Noh, também pode ser uma ferramenta facilitadora da comunicação do casal, “não de controle”. Turra cita uma peça publicitária dos anos de 1960.
Dizia o anúncio da União de Bancos Brasileiros, de 1969, para estimular a abertura de conta conjunta: ”Esta é a melhor maneira de você provar que confia em sua mulher”. Hoje, o papel da mulher nas finanças e na sociedade é bem diferente. Ainda há desigualdade salarial em relação aos homens, mas há décadas o contingente feminino avança no mercado de trabalho, aumentando sua independência financeira.
Hoje, segundo o sócio da Noh, o casal pode optar por ter contas individuais para despesas pessoais e ainda ter uma conta conjunta para as contas que são divididas entre os dois. Isso, analisa Turra, ao mesmo tempo que garante a individualidade, evita discussões por causa da forma como o dinheiro é gasto e ajuda na organização financeira de ambos.
No entanto, no caso de rendas muito diferentes, a conta conjunta pode não funcionar por causa da sensação de que um colabora mais do que o outro. Em casos assim, a melhor alternativa é manter as finanças separadas.
CARTAS NA MESA DESDE O INÍCIO
O diálogo é uma das chaves para as finanças não atrapalharem a relação. “Falar sobre dinheiro no começo da relação é essencial para quem quer construir uma vida a dois de forma segura e equilibrada”, afirma Adriana Ricci, fundadora da SHS Investimentos, especializada em investimentos e planejamento financeiro.
O namoro, analisa a especialista, é o momento ideal para conversar sobre como cada um lida com gastos, dívidas e planejamento. “Perdi a conta de quantos casais já atendi e que chegaram a perder tudo por falta de conversa, por ignorar a própria situação financeira conjunta”, diz Adriana.
A partir da experiência profissional, a fundadora da SHS Investimentos diz que “fechar os olhos para esse assunto, abre espaço para conflitos e dificuldades, às vezes, irreversíveis”.
Turra avalia que as conversas devem servir para “entender os gatilhos de despesas e atritos. É preciso, a partir, daí buscar o autoconhecimento e desenvolver novos hábitos que preservem as finanças e a relação.”