Hollywood X IA: Disney e Universal processam Midjourney
Estúdios entram na justiça americana contra a ferramenta de IA generativa. “Piratear é piratear, independente da tecnologia usada”, diz documento

As gigantes do entretenimento Disney e Universal deram início a uma nova etapa na batalha judicial contra ferramentas de inteligência artificial.
As empresas entraram com um processo conjunto contra o Midjourney, uma das plataformas de geração de imagens por IA mais populares do mundo, acusando a startup de violar direitos autorais ao usar obras protegidas sem autorização para treinar seus modelos.
A ação, movida nesta quarta-feira (dia 11) em um tribunal federal em Los Angeles, marca a primeira vez que grandes estúdios de Hollywood se posicionam formalmente contra um gerador de imagens por IA.
Segundo o processo, o Midjourney teria pirateado bibliotecas de personagens icônicos – como Darth Vader, da franquia Star Wars, e os Minions, de "Meu Malvado Favorito" – para criar e distribuir "cópias não autorizadas sem fim".
“Piratear é piratear, independentemente da tecnologia usada”, diz a petição. “Midjourney é o exemplo clássico de um parasita do direito autoral e um poço sem fundo de plágio.”
PROTEÇÃO À CRIATIVIDADE
De acordo com reportagem do"The New York Times", a Disney afirma ter enviado um pedido formal para que a empresa interrompesse o uso de suas obras no ano passado, sem sucesso. A Universal enviou um aviso semelhante em maio e também não obteve resposta.
Agora, os estúdios exigem a interrupção do serviço e o pagamento de indenizações, ainda sem valor definido. Pedem também que o lançamento do serviço de geração de vídeos da empresa seja barrado até que medidas adequadas de proteção autoral sejam implementadas.

Ainda segundo o jornal, Horacio Gutierrez, diretor jurídico da Disney, afirmou que o objetivo não é impedir o avanço da IA, mas garantir que ela seja usada de forma responsável. “Somos otimistas sobre o potencial da tecnologia, mas o fato de a infração ser cometida por uma empresa de IA não a torna menos ilegal.”
Kimberley Harris, vice-presidente executiva e diretora jurídica da NBCUniversal, reforçou: “a criatividade é a base do nosso negócio. Estamos movendo esta ação para proteger o trabalho árduo de todos os artistas cujas criações nos entretêm e inspiram, e também o investimento significativo que fazemos em nosso conteúdo.”
MIDJOURNEY E A IA GENERATIVA
Fundada por David Holz, ex-pesquisador da NASA, a Midjourney descreve sua ferramenta como uma espécie de “motor de busca visual” que aprende a partir de imagens disponíveis na internet. Em uma entrevista de 2022, Holz comparou o aprendizado das máquinas ao dos artistas humanos. “Se uma pessoa pode olhar uma imagem, aprender com ela e criar algo parecido, por que não uma IA?”.
A empresa, que vende planos de assinatura entre US$ 10 e US$ 120 por mês, teve uma receita estimada em US$ 300 milhões em 2023. Até o momento, não respondeu publicamente às acusações.
O caso se soma a uma série de ações movidas contra desenvolvedores de IA nos Estados Unidos e na Europa. Em Londres, o primeiro grande julgamento sobre direitos autorais na era da IA já está em andamento, com a Getty Images processando a Stability AI.