“A IA faz coisas incríveis, mas ainda é fraca”, diz vencedor de Prêmio Nobel de Economia
O economista Paul Romer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia e ex-presidente do Banco Mundial, chamou a atenção para os perigos do uso apressado da tecnologia

O uso da Inteligência Artificial já faz parte da rotina de milhões de pessoas no mundo. De sistemas que indicam rotas no trânsito a plataformas que sugerem filmes, músicas ou produtos, a tecnologia vem ganhando espaço e influenciando decisões em diversas áreas, como saúde, educação, finanças e comunicação.
No entanto, ao mesmo tempo que avança, a IA também levanta dúvidas sobre seus limites, impactos sociais e riscos associados ao uso indevido.
Em palestra na Febraban Tech 2025, o economista Paul Romer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia e ex-presidente do Banco Mundial, chamou a atenção para os perigos do uso apressado da tecnologia. Segundo ele, apesar de impressionante, a IA ainda é frágil e pode comprometer o processo científico se não for desenvolvida de forma responsável e colaborativa.
De acordo com Romer, o progresso humano está diretamente ligado ao compartilhamento de ideias e à busca pela verdade científica. Ele considera que a forma como a IA vem sendo desenvolvida e utilizada pode comprometer esse processo. Segundo ele, as LLMs (Large Language Models) apresentam precisão de aproximadamente 60%, o que aumenta os riscos de disseminação de informações incorretas.
O economista criticou a produção de ferramentas impulsionadas exclusivamente por interesses financeiros. Para ele, a criação de sistemas que não estão prontos para o uso público pode prejudicar a tomada de decisões baseadas em fatos. Romer afirmou que o desenvolvimento da IA precisa priorizar a confiabilidade e a validação dos dados.
Apesar das críticas, Romer ressaltou que tanto os medos quanto as esperanças em torno da IA são, em grande parte, exagerados. Ele destacou que ainda não existem dados suficientes que mensurem com exatidão os impactos futuros da tecnologia. Mesmo assim, considera essencial que governos e especialistas conduzam o progresso da IA de forma responsável e com foco no bem coletivo.
Para Romer, o desenvolvimento da IA deve ocorrer de maneira global e colaborativa. Ele defendeu o compartilhamento de informações em redes abertas, com apoio estatal e transparência. Segundo o economista, o modelo ideal seria semelhante ao da ciência pura, orientado pelo conhecimento, e não pelo lucro.
O maior risco atual é o colapso do sistema científico, que deixaria de ser guiado pela verdade para se tornar refém da lógica de mercado”, afirmou.
Romer concluiu destacando que o avanço sustentável da Inteligência Artificial exige engajamento público, abertura de dados e compromisso com a verdade.