Matando um leão por dia
Além de dois Leões na categoria Health & Wellnes, o filme "Corpo Preto", dirigido por Nany Oliveira, ganhou o Grad Prix de Industry Craft

Quem diria que aquela menina preta, lá do Campo Limpo, periferia de São Paulo, estaria hoje comemorando a conquista de dois Leões no Festival de Cannes?
Receber esses prêmios de Ouro e Bronze, na categoria Health & Wellness – com a campanha composta pela direção do meu primeiro filme solo, "Corpo Preto” e minha entrevista sobre a negligência médica sofrida por minha avó – é algo que transcende o reconhecimento individual. É uma vitória coletiva, uma reafirmação de que nossas histórias, nossas vozes e nossas realidades precisam ser ouvidas e vistas.
Para mim, essas premiações simbolizam muito mais do que uma conquista na carreira. Elas representam a possibilidade de transformar uma narrativa invisibilizada, como a do "Corpo Preto", em uma força de mudança.
O filme fala sobre racismo, negligência, representatividade e inclusão – temas que ainda enfrentam resistência e tabu na publicidade, na mídia e na sociedade. Precisamos ampliar essa discussão com informações e imagens impactantes, irrefutáveis, que provoquem reflexão e emocionem.
O reconhecimento em Cannes é uma demonstração de que a criatividade pode ser uma poderosa ferramenta de conscientização – e que, ao falar sobre temas urgentes como racismo, podemos gerar impacto real e duradouro.
Essas conquistas reforçam minha esperança de que nossas narrativas podem e devem abrir caminhos para mais vozes periféricas, negras, marginalizadas. É uma oportunidade de mostrar que a diversidade e a representatividade não são apenas tendências, mas elementos essenciais para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
O filme fala sobre racismo, negligência, representatividade e inclusão.
Por isso, celebro não só essas vitórias, mas a possibilidade de continuar levantando esses debates, de continuar matando um leão por dia na luta contra as injustiças, com criatividade, coragem e verdade.
Agradeço à equipe da Untitled por acreditar nesta história. Agradeço também por poder usar esse reflexo de Cannes como um portal para inspirar mudanças reais. Este prêmio não é o fim, é apenas o começo de uma jornada mais intensa e consciente de que nossa arte tem o poder de transformar e de ampliar horizontes.
Vamos seguir em frente, por mais histórias que precisam ser contadas. Porque, no final, só conseguimos construir um mundo onde a igualdade e o respeito sejam leis universais.
Para assistir ao filme vencedor, clique aqui