Além do código: IA pode administrar até a estrutura de suporte aos softwares
CEO da Antimetal diz que manter sistemas em nuvem se tornou um desafio ainda maior do que programar

Ferramentas de programação com inteligência artificial têm facilitado como nunca a vida dos desenvolvedores na hora de escrever códigos. Mas manter a infraestrutura por trás desses sistemas continua sendo um grande desafio – e exige um alto nível de conhecimento técnico sobre sistemas de nuvem e sobre a forma como cada empresa os utiliza.
Mas uma startup chamada Antimetal quer mudar isso, usando IA para ajudar engenheiros a resolver problemas de infraestrutura da mesma forma que as ferramentas atuais ajudam na programação.
“Nosso sistema reúne os dados disponíveis, cria uma narrativa completa do que aconteceu e por quê – e, com base nisso, sugere ações práticas a serem tomadas”, explica Shreyas Iyer, cofundador e CTO da Antimetal.
Fundada há cerca de dois anos e meio, a empresa começou com a proposta de ajudar outras companhias a otimizar os gastos com a Amazon Web Services (AWS) – uma plataforma amplamente usada por startups e grandes empresas para rodar softwares na nuvem, mas também famosa pela dificuldade na hora de reduzir custos.
Eventos inesperados – como um pico de acessos a um app ou um simples erro de configuração – podem fazer os gastos dispararem rapidamente. O software da Antimetal consegue identificar automaticamente formas de reduzir os custos mensais e também alerta os engenheiros sempre que detecta um aumento fora do padrão, antes que o problema se torne um rombo financeiro.
Mas, segundo Matthew Parkhurst, cofundador e CEO da startup, o foco em economia foi apenas o ponto de partida. A ideia é criar uma plataforma mais ampla, voltada para a gestão inteligente da infraestrutura. “O custo ainda é uma preocupação importante para nós”, diz Parkhurst. “Mas agora estamos ampliando nossa atuação para uma abordagem mais completa de gestão.”
Após levantar US$ 20 milhões em uma rodada Série A, a Antimetal começou a testar uma nova tecnologia (ainda em fase beta) que ajuda engenheiros a resolver problemas de infraestrutura em tempo real. A IA não só sugere soluções como também automatiza algumas tarefas – como reverter uma alteração de código ou reiniciar um sistema.
hoje, manter um sistema no ar se tornou um desafio maior do que programá-lo.
O sistema também se conecta a diversas ferramentas e plataformas, incluindo repositórios como GitHub, ferramentas de monitoramento e serviços de nuvem como AWS, Google Cloud, Microsoft Azure e Oracle Cloud. Isso permite reunir os dados necessários para sugerir correções com precisão.
Além disso, a IA consulta o histórico de chamados da empresa para entender como falhas semelhantes foram resolvidas no passado. “Estamos nos conectando praticamente a todos os pontos da infraestrutura – do sistema de observabilidade à nuvem, passando pelo suporte técnico e pelo código-fonte”, explica Iyer.
PREVENÇÃO AUTOMÁTICA DE ERROS DE PROGRAMAÇÃO
A nova plataforma, prevista para ser lançada ainda este ano, foi projetada para aprender como cada empresa lida com seus próprios desafios e quais soluções funcionam melhor em cada contexto.
Na maioria dos casos, os clientes começam oferecendo apenas acesso de leitura – ou seja, a IA faz análises e recomenda ações, mas não executa mudanças. Com o tempo, é possível liberar permissões específicas, como permitir que o sistema reverta automaticamente uma configuração com erro.
“Não queremos começar automatizando tudo de uma vez”, diz Iyer. “A ideia é construir um processo gradual, no qual a IA começa ajudando nos momentos críticos e, aos poucos, automatiza tarefas.”

O próximo passo da Antimetal é ajudar no lançamento de novos softwares. A meta é permitir que o sistema antecipe possíveis problemas e prepare a infraestrutura necessária para garantir que tudo funcione bem desde o primeiro dia, afirma Iyer.
No início, o modelo de cobrança da plataforma era baseado em uma porcentagem dos gastos com AWS. Agora, com a chegada de novos recursos baseados em IA, a cobrança deve passar a ser feita com base no uso, mas os detalhes ainda estão sendo ajustados durante a fase beta.
Parkhurst acredita que a demanda por esse tipo de solução só tende a crescer – até porque, hoje, manter um sistema no ar se tornou um desafio maior do que programá-lo.
“Escrever códigos já não é o principal problema”, afirma. “O grande desafio agora é manter tudo funcionando – é isso que realmente impede muitas organizações de lançar um produto ou escalar uma empresa.”